Autor: JOSÉ PEREIRA
FILHO (25/10/2013)
Os capítulos 24 e
25 do Evangelho de Mateus tratam de o discurso profético de Jesus, de caráter
escatológico. Ao descrevê-lo, Mateus combina o tema da destruição de Jerusalém
com o fim do mundo.
No capítulo 24,
segundo o vaticínio de Jesus, Mateus descreve o seguinte: que o Templo será
destruído (Mt 24.1,2); o começo dos sofrimentos (Mt 24.3-14); a destruição de
Jerusalém (Mt 24.15-22); a vinda do Filho do homem (Mt 24.23-31); a lição da
figueira (Mt 24.32-36); e a necessidade de vigiar (Mt 24.37-51).
Diz o texto que
Jesus deixava o Templo para ir embora, quando os discípulos se aproximaram dele
a fim de chamar-lhe a atenção para a beleza da construção do Templo restaurado
por Herodes o Grande, a partir do ano 20 a.C. Jesus, porém, lhes disse: “Estais
vendo tudo isso? Eu vos garanto que não ficará pedra sobre pedra; tudo será
destruído” (Mt 24.1,2). Jesus estava profetizando que o Templo
(inclusive, Jerusalém) seria destruído ainda no decorrer daquela geração. De
fato, o Templo (e Jerusalém) foi destruído pelos romanos no ano 70 d.C. (08 de
setembro). Entre os anos 66 e 70 d.C. os romanos perseguiram e guerrearam
atrozmente contra Israel, destruindo-o completamente.
Prossegue o texto
dizendo que quando Jesus já estava sentado no monte das Oliveiras, os
discípulos chegaram perto dele e perguntaram-lhe em particular: “Dize-nos:
quando acontecerá tudo isso? e qual é o sinal de tua vinda e do fim do mundo?”
(Mt 24.3). São três indagações importantes que denotam a preocupação (ou mesmo
a avidez) dos discípulos de Jesus, ainda perplexos com o que acabaram de ouvir
dele.
Jesus, então, em
resposta às três perguntas dos discípulos (Mt 24.3) ─ a respeito do tempo em
que Jerusalém será destruída (1ª); do sinal da vinda do Filho do homem (2ª); e
a respeito do fim do mundo (3ª) ─, esclarece:
1ª resposta: Haverá
tempos de angústia (grande tribulação ou grande aflição), mas não será ainda o
sinal do fim (Mt 24.4-14). Antes deverá cumprir-se a profecia de Daniel a
respeito da profanação de Templo (Mt 24.15-22);
2ª resposta: Quanto
à vinda do Filho do homem, esta será repentina (Mt 24.23-28) e acompanhada das
forças cósmicas (Mt 24.29-31).
3ª resposta: É
necessário estar atento aos sinais (Mt 24.32-36), e vigiar na expectativa da
vinda do Filho do homem (Mt 24.36-51; 25.1-30).
Continua Jesus: por
fim o juízo final porá uma separação definitiva entre bons e maus, premiando a
cada um pelas obras de caridade praticadas em benefício do próximo (Mt
25.31-46).
Conforme Mt 24.27,
a segunda vinda de Cristo (1 Ts 2.19; 3.13; 4.15) será visível como um
relâmpago, repentino e ofuscante. O relâmpago é um dos elementos clássicos das
descrições do juízo divino (cf. Is 29.6; 30.30; Zc 9.14; Sl 97.4).
Portanto, Jesus retornará na consumação dos séculos de forma visível
(todo olho o verá). Nada de duas fases. Em um mesmo dia acontecerá a
ressurreição dos mortos (bons e maus), e o juízo final com a premiação dos
justos (vida eterna) e o castigo dos maus (morte eterna), e, concomitantemente,
os salvos (a Igreja) serão arrebatados e apresentados por Jesus ao Pai e com o
Pai reinarão para todo o sempre (Mt 25.34).
Convém lembrar que
os homens são perspicazes em criar doutrinas (heresias) contrárias à Palavra de
Deus. Inventam cada coisa! São os falsos profetas citados por Jesus (Mt
24.11,24).
Tenhamos por certo
que tudo o que Jesus falou acerca da destruição de Jerusalém e do Templo já se
cumpriu e foi presenciado por muitos daquela geração (Mt
24.34,35); e tudo o que a Bíblia diz à respeito da segunda vinda de Jesus assim
se cumprirá (Mt 24.30-33,35). O evangelho de Jesus é claro, não suscita dúvida.
E mais: o juízo divino alcançará a todos indistintamente (Mt 24.28). Só nos
resta vigiar.
Vigiemos, pois, porque não sabemos o
Dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir (Mt 25.13). ALELUIA!
N O T A:
1. TEMPLO. O
primeiro templo, construído por Salomão entre 967 e 964 (1Rs 6−8), foi
destruído por Nabucodonosor em 587 a.C. O segundo templo, construído por
Zorobabel em 515 a.C., foi profanado por Antíoco Epífanes em 167 a.C. (cf. 1Mc
4.59; 2Mc 1.9). Herodes o Grande o restaurou a partir do ano 20 a.C.,
tornando-o uma das construções mais grandiosas do Médio Oriente. Mas foi
destruído pelos romanos no ano 70 d.C.
2. JERUSALÉM. ● A
teologia bíblica vê em Jerusalém uma cidade eleita por Deus (2Sm 5−7); torna-se
um novo Sinai (monte Sião) com uma nova Lei (2Rs 22; Sl 15.1-4; 48.2-6;
68.16-18; Is 2.3); torna-se o centro cultual de todas as tribos (Dt 12.1-14;
14.22-26).
● Mas Jerusalém
está longe de ser o ideal duma cidade celeste (Is 1.21-23; Jl 11.1-3; Ez 16;
23; Mt 23.37-39; Lc 19.41-47; 21.5-36); Deus pensa na construção de uma nova
Jerusalém (Is 2.2-5; 60; Ez 40−48; Zc 14.1,2; At 2.1-11) que é Cristo e o seu
Corpo que é a Igreja (Jo 2.18-22; 1Co 3.16-17; Gl 4.22-31; Ef 5.22-30; Ap
21−22).
● Os cristãos viram
na queda de Jerusalém (Mc 13; Mt 24) a realização das convulsões cósmicas
anunciadas para os tempos messiânicos. Destruída Jerusalém no ano 70, os
cristãos veem na Igreja a nova cidade de Deus (Gl 4.26; Hb 12.22; Ap 14.1 e
21.9-27).
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