Autor: THALYSSON DE MOURA
“mesmo que Ele seja presciente, algo depende de nossa vontade” (Agostinho de Hipona)
“mesmo que Ele seja presciente, algo depende de nossa vontade” (Agostinho de Hipona)
“Ninguém que queira ser tido por homem
de bem e temente a Deus se atreverá a negar simplesmente a
predestinação, pela qual
Deus adota a
uns para a esperança da vida,
a outros destina
à morte eterna” (CALVINO, p.387).
“Aos Eleitos, Deus predestina em função
da Sua misericórdia; aos réprobos, em função da Sua justiça” (CALVINO, p.418).
1.
A
PRIMEIRA VACINA CONTRA A PREDESTINAÇÃO CALVINISTA
Como primeira vacina contra a doutrina
da Predestinação, recomendo o estudo Eleição e Predestinação (Ef.1) da Bíblia de Estudo Pentecostal, estudo
este, de uma página e meia, que desmantela o alicerce da famosa doutrina
calvinista. Demonstra que a eleição é dada ao corpo de Cristo, ao Seu povo e
quem for membro de Seu Corpo místico será salvo e que não for será condenado.
Nós podemos estar fora ou dentro desse Corpo em momentos diferentes da vida,
mas nunca simultaneamente. Vejamos a maravilhosa
ilustração do Navio que viaja rumo ao Céu:
No tocante à eleição e predestinação, podemos aplicar a analogia de um grande navio viajando para o céu. Deus escolhe o navio (a igreja) para ser sua própria nau. Cristo é o Capitão e Piloto desse navio. Todos os que desejam estar nesse navio eleito, podem fazê-lo mediante a fé viva em Cristo. Enquanto permanecem no navio, acompanhando seu Capitão, estarão entre os eleitos. Caso alguém abandone o navio e o seu Capitão, deixará de ser um dos eleitos. A predestinação concerne ao destino do navio e ao que Deus preparou para quem nele permanece. Deus convida todos a entrar a bordo do navio eleito mediante Jesus Cristo [4, p. 1809].
Ao entrar em contato com a doutrina da
Predestinação, já sentia um tremendo desconforto, um terrível cheiro de
mentira, o meu polígrafo interior acusou, de imediato, que aquilo não estava
certo, e ao tentar aplicar a teoria calvinista na realidade ela não se
encaixava. Depois que li o estudo supracitado, da Bíblia Pentecostal, todos os
estudos sobre Predestinação pareceram a mim bastante pueris. Percebi que todos
os textos citados pelos calvinistas sobre predestinação para salvação ou
condenação eram sempre atribuídos a um conjunto (ou grupo) de pessoas, nunca
individualmente. E as predestinações individuais eram sempre de cunho
ministerial. Os calvinistas não atentaram para esse ponto. Sempre pegam os
textos bíblicos fora desse contexto, fogem do contexto geral da Bíblia, pois
Deus deseja que todos se salvem (1Tm.2:3,4), e se exercitam num infernal
joguete de palavras ou de frases bíblicas descontextualizadas para tentar
encaixar tais versículos na sua paupérrima doutrina.
A doutrina Calvinista só pode subsistir quando
tratada apenas no nível da linguagem e dos jogos de palavras, quando
confrontada com o mundo real, ela rui como um castelo de cartas soprado pelo
vento. Deixemos, então, que o vento da realidade a leve e espalhe como o
restolho espalhado pelo vento do deserto (Jr.13:24).
2.
PREDESTINAÇÃO
Chamamos predestinação o
eterno decreto de Deus pelo
qual houve por
bem determinar o que
acerca de cada
homem quis que
acontecesse. Pois ele não
quis criar a todos
em igual condição;
ao contrário, preordenou
a uns a
vida eterna; a outros,
a condenação eterna.
Portanto, como cada
um foi criado
para um ou
outro desses dois destinos, assim
dizemos que um foi predestinado
ou para a
vida, ou para a
morte. [2, p. 387, grifo meu].
De acordo com Calvino, pela Sua soberana
vontade, “Deus adota a
uns para a
esperança da vida, a
outros destina à
morte eterna” (CALVINO, p.387). E
mais: “Aos Eleitos, Deus predestina em função da Sua misericórdia; aos
réprobos, em função da Sua justiça” (CALVINO, p.418).
“Portanto, estamos
afirmando o que a Escritura
mostra claramente: que
designou de uma vez
para sempre, em
seu eterno e
imutável desígnio, àqueles que
ele quer que se salvem, e também
àqueles que quer que se percam.” (p. 392, grifo meu).
Atentemos à afirmação de Calvino:
o homem cai porque assim o ordenou a providência de Deus; no entanto, cai por falha sua.
[...]
Daí devermos
contemplar a causa
evidente de nossa
condenação na natureza corrupta do
gênero humano, que
nos é mais
próxima, antes que
a busquemos, oculta e totalmente incompreensível, na
predestinação de Deus. Nem nos envergonhemos em
até este ponto
submeter o entendimento
à imensa sabedoria
de Deus, que
sucumba em seus muitos
arcanos. Pois dessas
coisas que nem
é dado, nem
é lícito saber , douta é a
ignorância, uma espécie de loucura, a avidez de conhecimento. [2, p.416, 417].
Afirma Calvino que o homem cai por que ordenou que caísse a providência de Deus, mas
cai por sua falha. Então a falha do homem tem como causa anterior a ordenança
divina.
Ele decreta tal postulado infundado e
impede qualquer forma de perscrutação, afirmando serem tais arguições
inconsistentes com a capacidade de entendimento humano. Primeiro, Calvino nunca
provou, e nem apontou nas Escrituras, sua assertiva de que Deus escolhe uns e
condena a outros pela Sua Vontade Soberana antes de os criar. E quando tal
postulado é colocado à prova, tenta se esconder no famoso “Argumento de Autoridade”. Ele apela a uma suposta autoridade divina
para defender seu profano postulado. Defendendo uma tese que limita claramente a
Onisciência Divina (ver artigo: POR QUE NÃO ACREDITO NEM NA PREDESTINAÇÃO NEM NO LIVRE-ARBÍTRIO) e coloca os seres humanos como se estivessem em filmes que
podem ser rebobinados e vistos várias vezes em replays sem nunca mudar. Para Calvino, Deus conhece apenas uma
possibilidade austera de destino. Tal limitação não existe nem na cabeça de uma
gato, quanto mais de seres inteligentes como seres humanos e anjos. É irrisório
o argumento de que Deus seja um ser mais burro do que um gato.
Se até a Mecânica Quântica prevê a possibilidade de
“infinitos universos”, quanto mais Deus não conheceria tais “infinitos
universos” e muitos outros. Mas a Doutrina da Predestinação limita a
onisciência divina a uma consciência subumana, e não apenas subumana, mas
também subanimal, pois até os animais têm essa capacidade de consciência de
várias possibilidades, como por exemplo, um gato que almeja dar um salto
difícil e hesita em executá-lo. O que ele fez foi tomar consciência de algumas
possibilidades no salto, uma é a queda ou falha, outra o êxito, entre outras
consciências de fatos acidentais contingentes. Crer na predestinação é crer que
Deus tem uma consciência inferior a de um gato. (MOURA, 2018).
Aristóteles,
nos livros Categorias e Tópicos, já dizia para tomarmos cuidado
com nossas afirmações, pois elas carregam consigo uma multiplicidade de
consequências, e uma das consequências da Predestinação é que o tal “deus” de Calvino é um deus mais burro do
que um animal irracional.
3.
PRESCIÊNCIA
DIVINA
Se Calvino atentasse ao seguinte texto,
que ele mesmo escreveu, entenderia que sua doutrina é uma bobagem:
Quando atribuímos presciência a Deus, queremos dizer que ele tem sempre e perpetuamente permanente sob as vistas, de sorte que, ao seu conhecimento, nada é futuro ou pretérito; ao contrário, todas as coisas estão presentes, e de fato tão presentes que não as imagina como meras idéias – da maneira como imaginamos aquelas coisas das quais nossa mente retém a lembrança –, mas as visualiza e discerne como se estivessem verdadeiramente diante dele. E esta presciência se estende a todo o âmbito do mundo e a todas as criaturas. [2, p. 387, grifo meu].
Calvino não atenta ao fato de que Deus
tem a plena e simultânea posse do conhecimento de todas as infinitas
possibilidades e impossibilidades dos eventos do Cosmos. Primeiro Calvino tem uma abertura para a grandeza
onisciente de Deus, depois ele se fecha para tal grandeza e concebe apenas um “deus”
de conhecimento limitado e linear, embora com plena posse de tal conhecimento
limitado. Mas, se até nós, de inteligência limitada, temos o conhecimento de
ilimitadas possibilidades de eventos possíveis e impossíveis, prováveis e
improváveis, e isso é o que permite a vasta riqueza da Literatua Mundial. A
presença maciça e factual da inteligência e da imaginação dos grandes
Escritores da humanidade que conhecem e concebem imaginativamente muitas
possibilidades vidas é uma evidência de que se inteligências menores podem
fugir de tal “conhecimento linear, austero” dos fatos ocorridos apenas e ter
uma abertura para o mundo das várias e contingentes possibilidades, quanto mais
Deus... Se fosse impossível termos conhecimento das contingências,
possibilidades e probabilidades de eventos futuros, seria impossível o esporte
competitivo, o comércio, a economia e qualquer planejamento estratégico de
qualquer gênero. Seria possível aprendermos apenas com o passado e o presente,
nunca poderíamos supor ou imaginar eventos futuros possíveis ou prováveis. Portanto,
se há esse conhecimento em nós, evidentemente, há também em Deus, de forma
infinitamente mais sublime e perfeita.
3.1.
A Vontade Divina é mais Importante Para Calvino
do que Sua Presciência
Como a Predestinação de Calvino estava
difícil de ser engolida, por seus contemporâneos, e Calvino já não tinha
argumentos convincentes, ele apelava para a Presciência, como “muleta” em seus
argumentos.
Portanto, é necessário volver àquele reduzido número o qual Paulo em outro lugar escreve ter sido por Deus conhecido de antemão [Rm 11.2], tal conhecimento não é como esses imaginam, que ele prevê todas as coisas permanecendo ocioso e sem preocupar-se com nada, mas no sentido em que esta expressão é muitas tomada na Escritura. Ora, na verdade, quando em Lucas Pedro diz que Cristo fora entregue à morte pelo determinado conselho e presciência de Deus [At 2.23], não está insinuando um Deus meramente espectador , ao contrário, o Autor de nossa salvação.
Assim também
o mesmo Pedro,
dizendo que os
fiéis, a quem
escreve, foram eleitos segundo a
presciência de Deus,
exprime precisamente essa
predestinação secreta pela qual
Deus selou para si como filhos aqueles aos quais assim quis. E a palavra propósito, a
qual associa à
guisa de sinônimo,
uma vez que,
exprimindo por toda parte, em linguagem comum, como
determinação fixa, não ensina que Deus
sai de si mesmo
em busca incerta
de nossa salvação.
Neste sentido ele
diz, no mesmo capítulo, que Cristo foi o
Cordeiro conhecido antes da
criação do mundo [1Pe 1.19, 20]. [2,
p. 399, 400].
Para Calvino a Presciência Divina não é tão importante quanto a Vontade Divina. As coisas acontecem
determinadas não porque Ele as sabe de antemão, mas por que Ele as quer de
antemão. As coisas acontecem exclusivamente pela Sua vontade soberana e não
apenas pela Sua presciência:
De minha parte concedo de bom grado que a mera presciência não impõe às criaturas nenhuma necessidade, ainda que nem todas concordem, pois há os que também querem que ela seja a própria causa das coisas. Com efeito, a mim parece haver Lourenço Valla enxergado mais aguda e mais sabiamente, homem este de outra sorte não grandemente versado nas coisas sagradas, o qual mostrou ser supérflua tal contenda, uma vez que tanto a vida, como também a morte, são atos mais da vontade divina do que da presciência divina. Se Deus apenas antevisse os eventos dos homens, contudo de seu Arbítrio também não os dispusesse e ordenasse, então, não sem causa, se agitaria a questão de se por acaso sua presciência tenha influência sobre sua necessidade. Quando, porém, não por outra razão haja de antemão visto as coisas que hão de acorrer, senão porque assim decretou que acontecessem, em vão se move litígio acerca da presciência, uma vez ser evidente que todas as coisas sucedem antes por sua ordenação e arbítrio. [2, p.414, 415].
Calvino argumenta que mesmo que objetem contra um “deus” que
determinou, pela sua vontade, quem seria salvo e quem seria condenado, não
podem objetar contra a presciência de Deus. De fato a presciência divina é
um problema, uma “pedra no sapato”,
para aqueles que argumentam contra a doutrina da Predestinação. O próprio
Calvino, quando lhe faltam argumentos acerca da predeterminação volitiva divina da salvação de uns e condenação de
outros, ele se agarra fortemente na ideia da presciência, mesmo que a use apenas como “muleta”, como suporte
para sua afirmação de que “deus” salvou uns e condenou a outros simplesmente
pela sua vontade soberana:
Entretanto,
ninguém poderá negar que Deus já sabia qual fim o homem haveria de ter, antes
que o criasse, e que
ele sabia de
antemão porque assim
ordenara por seu
decreto. Se alguém
aqui investe contra
a presciência de
Deus, tropeça temerária
e irrefletidamente. Ora,
pergunto, por que
se haja de ter o
Juiz celestial culpado
pelo fato de não
ignorar o que
haveria de acontecer?
Por isso mesmo,
se existe razão
para queixa, ou justa
ou ilusória, compete
à predestinação. Nem
deve parecer absurdo o
que digo: Deus não só
viu de antemão
a queda do
primeiro homem e nela
a ruína
de sua posteridade, mas
também as administrou
por seu arbítrio.
Pois, como pertence
à Sua sabedoria ser presciente de todas as coisas que haverão
de acontecer , assim
cabe ao seu poder
com sua mão
a tudo reger
e regular. [2, p.415, grifo meu].
4.
ELEIÇÃO
Eleição, do grego “(eklegoe) refere-se à escolha feita por Deus, em Cristo, de um povo
para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (cf. 2Ts
2.13)” [4, p. 1808].
Algumas citações de Calvino sobre
eleição são:
O versículo-chave, “fomos eleitos em
Cristo antes da criação do mundo [Ef 1.4]” [2, p. 394].
“segundo
o arbítrio de
seu beneplácito, Deus
elege por filhos,
sem nenhum mérito, aqueles a quem bem lhe apraz, rejeitando e reprovando
os demais.” [2, p. 418].
como também nos
elegeu” diz Paulo, “antes da fundação do
mundo, segundo o
beneplácito de sua
vontade, para que fôssemos santos e imaculados e
irrepreensíveis diante dele”
[Ef 1.4, 5;
Cl 1.22], onde
contrapõe aos nossos méritos,
quaisquer que sejam, o beneplácito de Deus. [2, p. 394].
“Ao dizer que
os fiéis foram
eleitos antes da criação
do mundo [Ef
1.4], Paulo remove
toda e qualquer
consideração de dignidade
pessoal.” [2, p. 395].
Ao que
se acrescenta que
foram eleitos para
que fossem santos
[Ef 1.4], refutando abertamente o erro que deduz a
eleição da presciência, uma vez que Paulo protesta que tudo quanto de virtude
aparece nos homens é efeito da eleição. Ora, caso se busque causa superior,
Paulo responde que Deus havia assim predestinado, e de fato “segundo
o beneplácito de sua vontade”
[Ef 1.5], palavras com
as quais lança por
terra a todos
os meios que os
homens inventaram para
sua eleição, pois
Paulo não só ensina que todos e quaisquer benefícios que Deus confere para a vida espiritual
emanam desta única
fonte, da qual Deus
elegeu àqueles aos quais
quis, mas também, antes que nascessem,
lhes teve reservada, individualmente, a graça de que lhes queria comunicar
. [2, p. 395, grifo meu].
Vemos aqui, novamente, mais uma ênfase
de Calvino sobre a Eleição é predestinada pela vontade soberana de Deus e não
apenas pela Sua presciência. A presciência é apenas um artifício para que seu “edifício”
teológico não rua. Mas já vimos que a presciência divina calvinista é uma ideia
pueril e limitada. Ou seja, sua “muleta” quebrou e Calvino caiu.
4.1.
Discípulos de Jesus (Eleitos)
Sobre a Eleição dos Discípulos, Calvino
alega que foram eleitos para salvação quando lhe convém e quando não convém,
quando tal eleição se mostra um problema insolúvel, como no caso de Judas
Iscariotes, ele alega que a eleição é ministerial. Ou seja, quer que os fatos
se adequem a sua doutrina, mas esta não pode se adequar aos fatos. Ah, se ele
soubesse do famigerado conselho de Sherlock Holmes... Não cometeria tal erro
pueril.
Conseqüentemente,
verifica-se valer, generalizadamente, entre todos os fiéis o que Cristo dizia a
seus discípulos: “Não fostes vós que me escolhestes; pelo contrário, eu escolhi a
vós” [Jo 15.16], onde não apenas exclui os méritos passados, mas também deixa
claro que não possuíam em si mesmos nada por que fossem eleitos, não fora
que em sua
misericórdia os havia
antecipado. [2, p. 396].
Calvino confunde a Escolha (ou Eleição)
Ministerial com Eleição para Salvação. Os discípulos foram escolhidos para um
ministério, assim como Paulo foi escolhido par Apóstolo dos Gentios. Deus
deseja que todos se salvem, através da Sua Atração Amorosa, atrai todos a Si.
Não escolhemos ser atraídos, mas Ele escolheu nos atrair a Ele.
Calvino [2, p. 397] fala da Eleição de
Esaú, mas não atenta que foi uma eleição política, “o maior servirá ao menor”,
Esaú (Edom) servirá a Jacó (Israel), de acordo com a benção imprecada por
Isaque, e também pelo fato da venda da primogenitura por um prato de lentilhas.
Sobre a Eleição de Jacó em relação a
Esaú, Cavino fala:
“Vemos, pois, pelas palavras do Apóstolo,
que a salvação dos fiéis se funda tão somente
sobre o arbítrio
da eleição divina,
e que esse
favor não se
granjeia em virtude das
obras humanas; ao
contrário, ela provém
da vocação graciosa.” [2, p. 398].
E se alguém me importunar alegando que destes benefícios inferiores e diminutos não há como concluir-se acerca da suma da vida futura, já que aquele que foi elevado à honra da primogenitura, por isso se deva reputar adotado à herança do céu (ora, são muitos os que de fato não poupam a Paulo, como se, ao citar estes testemunhos, de modo estranho torceu a Escritura), respondo, como já fiz antes, que o Apóstolo não errou por irreflexão, e tampouco abusou deliberadamente dos testemunhos da Escritura. Via ele, porém, o que esses não conseguem visualizar , a saber, que Deus quis declarar a Jacó com um símbolo terreno a eleição espiritual, a qual, de outra maneira, jazia oculta junto a seu tribunal inacessível. Ora, a não ser que atribuamos sua primogenitura a ele concedida ao século futuro, fútil haverá de ter sido a ridícula aparência de bênção, da qual nada haverá de ter-lhe advindo senão infindas provações, incômodos, triste exílio e muitas tristezas e as agruras das preocupações. Portanto, como visse Paulo, além de dúvida, que, mediante a bênção externa Deus atestava aquela espiritual e que de modo nenhum caduca, bênção que a seu servo havia preparado em seu reino, não hesitou em buscar daquela argumento para comprovar a esta. Isso também deve ter-se na lembrança: que o penhor de um domicílio celestial foi confrontado com a terra de Canaã, de sorte que não se deva, de modo algum, duvidar que Jacó foi com os anjos enxertado no corpo de Cristo, para que fosse participante da mesma vida. Logo, Jacó é eleito e Esaú é repudiado; e são diferenciados pela predestinação divina aqueles entre os quais não existia diferença alguma quanto aos méritos. [2, p. 339].
Calvino, quando confrontado, quando
mostravam-lhe a inconsistência de sua doutrina, sempre alegava que estavam se
levantando contra Deus, contra a Bíblia, ou contra os escritores da Bíblia. Mas
nossa arguição é contra a teologia de Calvino, contra sua má interpretação das
Escrituras. Ele confunde sempre Eleição Ministerial com Eleição para a
salvação. É certo que ele reconhece tal escolha política predeterminada de Esaú
e Jacó como símbolos da salvação e condenação, mas logo depois de afirmar isso,
esquece-se e começa a raciocinar como se aquilo que é apenas símbolo da
salvação e condenação seja realmente de fato a própria eleição predestinada.
Isso se caracteriza em um tremendo non sequitur (do latim- “não se segue”:
falácia lógica na qual a conclusão não decorre das premissas). Não podemos
dizer que um símbolo é o seu simbolizado de fato, se não teríamos que afirmar
que o Templo de Jerusalém, a serpente de bronze, o maná, etc, (símbolos do
Cristo), são o próprio Jesus de fato. Percebem o tamanho dos absurdos da
doutrina Calvinista?
Ouçamos agora o
que pronuncia o Supremo Juiz e Mestre a respeito de toda a matéria. Percebendo
tão profunda dureza em seus ouvintes, de tal sorte que diante da multidão
derramava as palavras
quase que sem
nenhum resultado, para
que remediasse esse escândalo que
os débeis poderiam enfrentar, exclama: “Todo aquele que o
Pai me dá,
esse virá a
mim. Pois esta
é a vontade
do Pai: que
nenhum de todos os que me deu se perca” [Jo 6.37, 39].
Observa bem que o princípio para que
sejamos admitidos sob
a proteção e
amparo de nosso
Senhor Jesus Cristo
provém da benevolência do Pai. [2,
p. 400].
As palavras
de Cristo são demasiadamente claras
para que, buscando
rodeios, possam ser
cobertas alguma névoa. “Ninguém”, diz
ele, “pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer ... Portanto,
todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim” [Jo 6.44, 45]. Se todos,
indiscriminadamente, dobrassem o joelho diante de Cristo, a eleição seria
geral; mas, ao contrário, no pequeno número
dos que crêem se manifesta esta imensa
distinção. Assim também, depois que
Cristo declarou que os discípulos que lhe
foram dados eram
propriedade especial de Deus,
o Pai [Jo
17.6], acrescenta pouco depois:
“Não rogo pelo
mundo, mas por
estes que me
deste, porque são
teus” [Jo 17.9]. Donde
ocorre que todo
o mundo não
pertence a seu
Criador , a não
ser aqueles poucos que a graça arrebata da maldição, da ira de Deus e da
morte eterna, os quais, de outra sorte, haveriam de perecer; o mundo, porém,
ele o abandona em sua ruína à qual o destinou. [2, p. 401].
Calvino não atenta ao que disse
Agostinho sobre a atração amorosa, Deus atrai todos a si, mas muitos resistem a
tal atração, mas todos são atraídos e, portanto são conduzidos amorosamente a
Cristo pelo Pai. Os que foram dados ao Senhor Jesus pelo Pai foram os membros
efetivos da Igreja (corpo místico de Cristo), todos serão salvos enquanto
membros deste Corpo, como no caso do navio [4, p. 1809] que viaja rumo ao Céu: Nenhum dos tripulantes se
perderá, enquanto forem tripulantes, mas se saírem do barco não se salvarão. Os
que foram dados pelo Pai foram os membros. E podemos ser membros tripulantes do
navio em determinado momento, ou sairmos do navio n’outro.
4.2.
Caso de Judas
Um caso que corrobora o argumento do navio
[4, p.1809] é o de Judas Iscariotes. Que foi escolhido por Jesus como Apóstolo, ou seja, foi “Eleito”,
mas não se salvou. Calvino então tenta contornar a situação voltando-se ao
argumento que já proferíramos antes, da Eleição
Ministerial Predeterminada: Deus predestina apenas para ministério e não
para a salvação ou condenação. Isso é um fato, mas Calvino só aceita para o
caso de Judas, para que sua doutrina não rua em patente contradição.
Entretanto, o fato de Cristo, em outro lugar, incluir Judas entre os eleitos, quando era um diabo [Jo 6.70], isto se refere apenas ao ofício apostólico, o qual, ainda que seja um nítido espelho do favor de Deus, como em sua pessoa tantas vezes Paulo reconhece, contudo não contém em si a esperança da salvacão eterna. Portanto, como exercesse ele perfidamente o apostolado, Judas veio a ser pior que um diabo; aqueles, contudo, a quem Cristo uma vez enxertou em seu corpo, não deixará perecer a nenhum deles [Jo 10.28], porque, ao preservar-lhes a salvação, cumprirá o que foi prometido, isto é, manifestará o poder de Deus que “é maior do que tudo [Jo 10.29]. Ora, o que diz em outro lugar: “Pai, nenhum dos que me deste pereceu, exceto o filho da perdição” [Jo 17.12], ainda que seja uma maneira difícil de falar , contudo não contém nenhuma ambigüidade. [2, p.401].
Existe sim a predestinação ministerial,
porém não para a salvação, como atestado pelo próprio Calvino no caso de Judas.
5.
RÉPLICAS
DE CALVINO A OBJEÇÕES
No cap. XXIII, tópico 2, (Primeira
objeção refutada: Seria injusto e tirânico se Deus votasse à condenação criatura que
ainda não o haviam ofendido), Calvino argumenta contra os que dizem: “os
homens têm justo motivo para queixar-se de Deus, se por sua mera vontade, e sem que eles o mereçam,
os predestina à morte eterna.” [2, p.410].
Acerca do argumento da injustiça de um Deus que escolhe
previamente, por sua vontade, os que serão salvos e os que serão condenados,
ele responde:
a vontade de Deus é a tal ponto a suprema regra de justiça, que tudo quanto queira, uma vez que o queira, tem de ser justo. Quando, pois, se pergunta por que o Senhor agiu assim, há de responder-se: Porque o quis. Porque, se prossigas além, indagando por que ele o quis, buscas algo maior e mais elevado que a vontade de Deus, o que não se pode achar . Portanto, contenha-se a temeridade humana e não busque o que não existe, para que não venha, quem sabe, a acontecer que aquilo que existe não ache. Afirmo que, com este freio, bem se conterá quem quer que queira com reverência filosofar acerca dos mistérios de seu Deus. [2, p. 410, grifo meu].
No tópico 3 do Cap.XXIII, Calvino
argumenta que não concordar com sua teoria de que Deus escolheu por Sua própria
vontade aqueles que se salvarão e os que serão condenados é contender com Deus.
[2, p.411]. Como se sua teoria
limitada desse conta das Perfeitas Onisciência, Presciência e Vontade Divinas.
Mal percebe ele que sua teoria alija, limita, e mutila a Onisciência e Vontade
Divinas.
Calvino, coitado, acredita que ao nos
levantarmos contra a sua burrice, estamos nos levantando contra Deus, nosso
Criador: “Venham todos os
filhos de Adão; contendam e
alterquem com seu
Criador por que antes
mesmo de serem
gerados foram predestinados
à perpétua miséria
por sua eterna providência.” [2, p.411]. O coitado do João Calvino é
megalomaníaco, acha que é um Moisés
ou um Samuel: (Ex.16:8, ), (1Sm.8:7;
10:19). Ele acha que se rejeitarmos sua burrice teológica, estamos rejeitando o
próprio Deus, tadinho do Calvino.
Calvino acusa os seus corretores, seus
refutadores, de estarem se levantando contra o Criador, acha que pode arrogar a
si a autoridade que estava sobre Moisés
e Samuel, mas ele se esquece de que a
autoridade que estava sobre tais grandes profetas era a Autoridade Divina, não
era a autoridade de si mesmo, a autoridade de Calvino não vem de Deus, é uma
autoridade asinina:
não acusem falsamente a Deus de iniqüidade, se de seu eterno juízo foram destinados à morte, à qual são por sua própria natureza conduzidos por vontade própria, queiram ou não queiram, eles mesmos sentem. Do quê se faz evidente quão perversa é a afetação de vociferar contra Deus, porque suprimem, deliberadamente, a causa da condenação que em si são compelidos a reconhecer , para que o pretexto de Deus os livre. Com efeito, ainda que eu confesse cem vezes confesse ser Deus o autor de sua condenação – o que é mui verdadeiro –, entretanto, não se purificarão do pecado que está esculpido em suas consciências, e que a cada passo se apresenta ante seus olhos. [2, p. 411, grifo meu].
Calvino chama de sandeu (idiota/ tolo)
aquele que tenta compreender os desígnios divinos, que foram por ele
distorcidos e obscurecidos por sua falaciosa doutrina:
E portentosa é a sandice dos homens, enquanto desejam sujeitar assim à acanhada medida de sua razão aquilo que é imensurável. Os anjos que se mantiveram firmes em sua integridade, Paulo os denomina de eleitos [1Tm 5.21]; se sua constância foi fundada no beneplácito de Deus, a apostasia dos outros é uma confissão de que foram desamparados por ele, cuja causa outra coisa não pode ser senão a reprovação, a qual está oculta no conselho secreto de Deus. [2, p.412, grifo meu].
6.
A
IDOLATRIA DE CALVINO
Veremos neste tópico que o Deus da
doutrina da Predestinação Calvinista não é o nosso Deus realmente, é uma
construção abstrata da mente dele e de seus seguidores. É uma espécie de "imagem
de escultura" mental para a qual os calvinistas se prostram e adoram-na, violando
assim os dois primeiros mandamentos.
Calvino limita a onisciência de Deus, em
sua teoria da Predestinação, que mais é uma “gaiola de Deus” que enjaula a vontade e o conhecimento divinos num
conhecimento linear e pueril. E como seu conhecimento é limitado, quer nos
prender e nos paralisar para que não entendamos tudo que Deus tem a nos
oferecer:
Com Paulo afirmo que não devemos buscar razão para ela porque, em sua magnitude, nos supera em muito a inteligência. Por que maravilhar-se? Ou, que absurdo existe? Porventura queira que o poder de Deus seja tão limitado que não possa engendrar algo mais da que sua mente apreenda? Com Agostinho afirmo que foram criados pelo Senhor aqueles a quem sabia, sem dúvida, de antemão que haveriam de ir para perdição, e que fez isto porque assim o quis. Mas, por que Deus assim o quis não é de nossa alçada indagar a razão, a qual não podemos compreender. Tampouco devemos discutir se a vontade de Deus é ou não justa; visto que, sempre dela se faz menção, sob seu nome se enuncia a suprema e infalível regra de justiça. [2, p. 412, 413].
Calvino acusa seus refutadores de
estarem acusando a Deus de injustiça, mas ele não entende que quem é injusto é o “deus” que se encontra na sua cabeça. Um
deus que escolheu e predestinou os que serão salvos e os que serão condenados
só existe na cabeça pueril de João Calvino e de seus adeptos. Nós afirmamos e
reafirmamos que um “deus” assim, se
ele existisse, seria injusto, mas ele não existe. Esse “deus” criado por João Calvino é uma abstração, não existe na
realidade. E contra um ídolo limitado como esse eu me levanto contra e sou mais inteligente que ele. Calvino
apregoa um deus mais ignorante do que
eu, do que ele, do que qualquer um de nós, e do que um animal, como já mostrei
no artigo POR QUE NÃO ACREDITO NEM NA PREDESTINAÇÃO NEM NO LIVRE-ARBÍTRIO, e
ainda afirma que não podemos entender seus desígnios pois são maiores do que os
nossos.
Ó, Pai. Perdoa esse pobre ignorante, que
criou um “deus” abstrato e burro, em
sua cabeça, e o idolatra. Pois ele não sabe o que diz.
Eu tenho plena convicção de que Calvino é um idólatra. Pois assim como
um artífice cria uma imagem de escultura com as próprias mãos e em seguida se
ajoelha perante ela, Calvino criou uma Imagem,
não de escultura, mas uma Imagem Mental
de um “deus” abstrato, limitado e burro, mais burro que um gato ou um cachorro.
Tal deus concebido por Calvino não existe na
realidade, só existe como ente imaginário.
O interessante é que, em sua Idolatria, ele defende seu deus quimérico com "unhas e dentes". E
quando seus refutadores mostram o quanto seu ídolo é tosco e pueril ele os acusa de estarem querendo entender a
suprema inteligência e seus desígnios inescrutáveis. Seus refutadores não estão
acusando o Deus Supremo de Suma Sabedoria, mas o ídolo criado e defendido por João Calvino à imagem e semelhança da
sua nescidade.
Tal
“deus” não existe! É uma pueril criação e nenhum Cristão
deveria se ajoelhar perante ele jamais. Quem se prosterna perante o deus criado por Calvino comete com ele idolatria das mais pueris e abjetas.
Qual é a diferença entre se prosternar
ante uma imagem de escultura e uma imagem mental? Não me ajoelharei num genuflexório
nem no mundo real, quanto mais no mundo imaginário. Percebem o quanto é
irrisória tal doutrina Calvinista?
Calvino não estava interessado em buscar
o conhecimento de Deus, estava preocupado em fazer apologia à sua idolatria. E
também não queria que ninguém buscasse o conhecimento do Senhor, mas ficasse
com ele preso na gaiola da idolatria. Os “idólatras não herdarão o Reino de
Deus” (1Co.6:10; Ap.22:15). Percebem o mal que Calvino fez à humanidade e à
Igreja de Cristo? É o tolo que se acorrenta e acorrenta outros tolos para que
não aprendam, como no Mito da Caverna de
Platão [5, livro VII].
Logo, por que
lançar dúvida se
haverá iniqüidade onde
claramente se vê que
a justiça se
faz presente? Aliás,
tampouco nos envergonhemos, a
exemplo de Paulo, de
assim fechar a
boca dos ímprobos;
e sempre que
ousarem ladrar, que
se repita: “Ora, quem
sois vós, míseros
homens, que formulais
acusação contra Deus
[Rm 9.20], e acusá-lo não por outra razão, senão porque não se presta a
rebaixar a grandeza de suas obras, não as acomodando a vossa ignorância?” Como se essas obras fossem iníquas,
só porque são
ocultas à carne!
A imensidade dos
juízos de Deus
vos é notaria por
experiências claras. Sabeis
que eles são chamados
“abismo profundo” [Sl 36.6].
Considerai, pois, a
estreiteza de vosso
entendimento, se porventura ele apreenda
o que Deus
em si decretou.
Portanto, que proveito
há, em mergulhardes, em
louca indagação, em um
abismo que a própria razão
dita vos haver
de ser fatal? [2, p. 213, grifo meu].
De forma nenhuma formulamos acusações
contra Deus, o Soberano do Universo, mas contra o ídolo imaginário e abstrato de Calvino e confrontamos a sua
idolatria pueril.
A esse Erro de Calvino chamamos, em
Lógica, de Falácia da Reificação, que
ocorre quando um conceito abstrato é tomado como concreto e real.
Calvino defende-se contra a argumentação
de que sua doutrina contém um deus parcial,
que tem favoritismo de sua parte e que faz
acepção de pessoas. Defende-se dizendo que a Escritura não pode se contradizer.
Não entende ele, ou finge não entender, que não argumentam contra as
Escrituras, mas contra sua doutrina e interpretação pobres e pueris.
7.
O
dEUS DE CALVINO
Imaginemos o Sol e todas as ondas
eletromagnéticas dele provenientes. A luz com todos os seus comprimentos de
onda (na luz branca) e as radiações infravermelha e ultravioleta. Existe ali
uma grande variedade de comprimentos de onda da radiação, uma riqueza de uma
poderosa fonte que é o Sol. Imaginemos, agora, todo o espectro eletromagnético com
seus infinitos comprimentos de onda da radiação com suas ilimitadas
características, desde as ondas de rádio, de TV, micro-ondas, raios X, gama,
cósmicos, etc.
Agora comparemos tal riqueza a um laser, com sua luz monocromática, num movimento retilíneo,
iluminando apenas um ponto de uma parede. Podemos fazer uma analogia, O deus de Calvino é como um pontinho
luminoso monocromático de um laser
comparado com a riqueza ilimitada e infinita do Deus Verdadeiro. O ídolo
de Calvino, assim como um laser, é uma limitação pobre, linear e monocromática
do Verdadeiro, infinito e complexo Deus.
8.
CALVINO
NÃO ACEITA AS CONSEQUÊNCIAS DE SUA DOUTRINA
Quando chamaram a atenção de Calvino às
consequências de sua doutrina, ele logo se zangou e os chamou de suínos que conspurcam (sujam/ maculam) sua doutrina: “há muitos
suínos que conspurcam
a doutrina da
predestinação com essas impuras blasfêmias” [2, p. 419].
Eis o argumento proposto contra a
Predestinação, que Calvino chamou de “repelente
grunhido de suínos” [2, p. 420,
grifo meu]: “Deus sabe muito
bem o que
uma vez determinou
fazer conosco; se determinou
salvar-nos, quando chegar
a hora nos
salvará; e se
decidiu condenar-nos, é inútil nos atormentarmos em vão para salvar-nos.”
[2, p. 419, 420, grifo meu].
E isso é uma consequência nítida da
Predestinação. Aristóteles já nos
alertava para termos cuidado com o que afirmamos, pois toda afirmação carrega
consigo uma gama de consequências.
Mas Calvino driblou tal objeção, dizendo
que os Predestinados à Eleição seriam impelidos a ser fiéis, pois os eleitos
foram eleitos com o fim de terem uma vida irrepreensível [2, p. 420]. Porém ele não atentou ao exemplo do ladrão da cruz, que não
teve uma vida irrepreensível, mas converteu-se no último dia de vida, o ladrão
teve uma vida de um predestinado à condenação, então o drible da réplica de
Calvino é falho e a objeção “suína”, como afirmava ele, se mostra consistente e
a sua réplica mostra-se falha. Levou ele um contragolpe. Como já vimos, Suína,
na verdade, é a própria Doutrina da Predestinação Calvinista.
Para ele os eleitos serão naturalmente
fiéis, e os condenados serão naturalmente profanos. Então, para mim, vejo que seria
vão um trabalho de pregação do Evangelho se a Predestinação fosse verdadeira,
pois se os eleitos, naturalmente, são irrepreensíveis e os condenados são réprobos, portanto é vã a pregação, pois não teria efeito benéfico nenhum aos Condenados.
9.
SOBRE
A COMPLEXIDADE DO ASSUNTO E PROBLEMAS EM SUA TEORIA
Sempre, quando acuado, num canto, e
encontrando-se sem saída, ele utiliza o velho argumento do Chicó: Não sei, só sei que foi assim. Apela
para o argumento de que é insondável o pensamento de Deus, por isso é que
existem as lacunas irrespondíveis de sua doutrina.
Pois em Paulo encontramos isto: “Quem és tu, ó homem, que discuta com Deus? Porventura o objeto moldado dirá àquele que o moldou: Por que me moldaste assim? Por acaso não tem o oleiro poder para fazer de uma só massa um vaso para honra, e outro para desonra?” [Rm 9. 20, 21].
[...] o Apóstolo
não volveu os
olhos com evasivas,
como se estivesse embaraçado; simplesmente mostrou que a justiça de Deus
é demasiado profunda e sublime
para poder ser
determinada com medidas
humanas e ser
compreendida por algo tão tacanho como é o entendimento humano. De fato,
o Apóstolo confessa
que os juízos
divinos são tão
secretos [Rm 11.33],
por cuja profundeza seriam tragadas todas as mentes
humanas, se aí tentassem penetrar .
Mas, também
ensina quão indigno
é a essa
lei reduzir as
obras de Deus
a tal condição que no momento em
que não entendamos a razão e causa das
mesmas nos atrevamos a condená-las. [2,
p. 412].
10.
CONCLUSÃO
A conclusão que tiramos deste breve
estudo e dos anteriores é que a doutrina da Predestinação calvinista é fruto de
um joguinho de linguagem com os versículos da Bíblia que não teve a
confrontação com a realidade dos fatos. Isso é um fato muito comum na teologia
moderna.
Essa prisão nos jogos de linguagem
levaram Calvino a elaborar uma teoria que limita a onisciência divina e a
confecção de um deus limitado cuja
veracidade tem que ser defendida a todo instante, pois não resiste a um
confronto real com os fatos.
O que realmente acontece é que Deus elegeu os membros da Igreja (Corpo de Cristo), a Noiva do Cordeiro, e a predestinou para o Céu e seus membros para a Vida Eterna. A predestinação individual para a salvação não existe, é produto de uma péssima exegese.
O que realmente acontece é que Deus elegeu os membros da Igreja (Corpo de Cristo), a Noiva do Cordeiro, e a predestinou para o Céu e seus membros para a Vida Eterna. A predestinação individual para a salvação não existe, é produto de uma péssima exegese.
BIBLIOGRAFIA
[1] BÍBLIA SAGRADA
[2] CALVINO, João (1509-1564). AS INSTITUTAS ou Tratado da Religião Cristã. Vo. 3.
[3] MOURA, Thalysson de. Por que não acredito nem na Predestinação nem no
Livre-Arbítrio. Disponível em: https://biblialivrosecafe1.blogspot.com/2018/04/por-que-nao-acredito-nem-na.html.
[4]
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL
[5] PLATÃO.
A República.
[4] St. AGOSTINHO. A cidade de Deus: (contra os pagãos) parte I.
Tradução de: Oscar Paes Leme. Bragança Paulistana, SP: Editora Universitária
São Francisco, 2012.
Comentários
Enviar um comentário