A INCONSISTÊNCIA DA PREDESTINAÇÃO CALVINISTA



Autor: THALYSSON DE MOURA

“mesmo que Ele seja presciente, algo depende de nossa vontade” (Agostinho de Hipona)

“Ninguém que queira ser tido por homem de bem e temente a Deus se atreverá a negar simplesmente  a  predestinação,  pela  qual  Deus  adota  a  uns  para  a  esperança  da vida,  a  outros  destina  à  morte  eterna” (CALVINO, p.387).
“Aos Eleitos, Deus predestina em função da Sua misericórdia; aos réprobos, em função da Sua justiça” (CALVINO, p.418).

1.     A PRIMEIRA VACINA CONTRA A PREDESTINAÇÃO CALVINISTA

Como primeira vacina contra a doutrina da Predestinação, recomendo o estudo Eleição e Predestinação (Ef.1) da Bíblia de Estudo Pentecostal, estudo este, de uma página e meia, que desmantela o alicerce da famosa doutrina calvinista. Demonstra que a eleição é dada ao corpo de Cristo, ao Seu povo e quem for membro de Seu Corpo místico será salvo e que não for será condenado. Nós podemos estar fora ou dentro desse Corpo em momentos diferentes da vida, mas nunca simultaneamente. Vejamos a maravilhosa ilustração do Navio que viaja rumo ao Céu:

No tocante à eleição e predestinação, podemos aplicar a analogia de um grande navio viajando para o céu. Deus escolhe o navio (a igreja) para ser sua própria nau. Cristo é o Capitão e Piloto desse navio. Todos os que desejam estar nesse navio eleito, podem fazê-lo mediante a fé viva em Cristo. Enquanto permanecem no navio, acompanhando seu Capitão, estarão entre os eleitos. Caso alguém abandone o navio e o seu Capitão, deixará de ser um dos eleitos. A predestinação concerne ao destino do navio e ao que Deus preparou para quem nele permanece. Deus convida todos a entrar a bordo do navio eleito mediante Jesus Cristo [4, p. 1809].

Ao entrar em contato com a doutrina da Predestinação, já sentia um tremendo desconforto, um terrível cheiro de mentira, o meu polígrafo interior acusou, de imediato, que aquilo não estava certo, e ao tentar aplicar a teoria calvinista na realidade ela não se encaixava. Depois que li o estudo supracitado, da Bíblia Pentecostal, todos os estudos sobre Predestinação pareceram a mim bastante pueris. Percebi que todos os textos citados pelos calvinistas sobre predestinação para salvação ou condenação eram sempre atribuídos a um conjunto (ou grupo) de pessoas, nunca individualmente. E as predestinações individuais eram sempre de cunho ministerial. Os calvinistas não atentaram para esse ponto. Sempre pegam os textos bíblicos fora desse contexto, fogem do contexto geral da Bíblia, pois Deus deseja que todos se salvem (1Tm.2:3,4), e se exercitam num infernal joguete de palavras ou de frases bíblicas descontextualizadas para tentar encaixar tais versículos na sua paupérrima doutrina.
A doutrina Calvinista só pode subsistir quando tratada apenas no nível da linguagem e dos jogos de palavras, quando confrontada com o mundo real, ela rui como um castelo de cartas soprado pelo vento. Deixemos, então, que o vento da realidade a leve e espalhe como o restolho espalhado pelo vento do deserto (Jr.13:24).

2.     PREDESTINAÇÃO

Chamamos predestinação  o  eterno  decreto  de  Deus  pelo  qual  houve  por  bem determinar  o  que  acerca  de  cada  homem  quis  que  acontecesse.  Pois  ele  não  quis criar  a  todos  em  igual  condição;  ao  contrário,  preordenou  a  uns  a  vida  eterna;  a outros,  a  condenação  eterna.  Portanto,  como  cada  um  foi  criado  para  um  ou  outro desses  dois destinos,  assim  dizemos  que  um  foi  predestinado  ou  para  a  vida,  ou  para a  morte. [2, p. 387, grifo meu].

De acordo com Calvino, pela Sua soberana vontade, “Deus  adota  a  uns  para  a  esperança  da vida,  a  outros  destina  à  morte  eterna” (CALVINO, p.387). E mais: “Aos Eleitos, Deus predestina em função da Sua misericórdia; aos réprobos, em função da Sua justiça” (CALVINO, p.418).
“Portanto,  estamos  afirmando  o  que  a  Escritura  mostra  claramente:  que  designou de  uma  vez  para  sempre,  em  seu  eterno  e  imutável  desígnio,  àqueles  que  ele  quer que se salvem, e também àqueles que quer que se percam.” (p. 392, grifo meu).
Atentemos à afirmação de Calvino:

o  homem  cai  porque  assim  o  ordenou a  providência  de  Deus;  no  entanto,  cai  por  falha  sua.
[...]
Daí  devermos  contemplar  a  causa  evidente  de  nossa  condenação  na  natureza corrupta  do  gênero  humano,  que  nos  é  mais  próxima,  antes  que  a  busquemos,  oculta e totalmente incompreensível, na predestinação de Deus. Nem nos envergonhemos em  até  este  ponto  submeter  o  entendimento  à  imensa  sabedoria  de  Deus,  que  sucumba  em  seus  muitos  arcanos.  Pois  dessas  coisas  que  nem  é  dado,  nem  é  lícito saber , douta é a ignorância, uma espécie de loucura, a avidez de conhecimento. [2, p.416, 417].

Afirma Calvino que o homem cai por que ordenou que caísse a providência de Deus, mas cai por sua falha. Então a falha do homem tem como causa anterior a ordenança divina.
Ele decreta tal postulado infundado e impede qualquer forma de perscrutação, afirmando serem tais arguições inconsistentes com a capacidade de entendimento humano. Primeiro, Calvino nunca provou, e nem apontou nas Escrituras, sua assertiva de que Deus escolhe uns e condena a outros pela Sua Vontade Soberana antes de os criar. E quando tal postulado é colocado à prova, tenta se esconder no famoso “Argumento de Autoridade”. Ele apela a uma suposta autoridade divina para defender seu profano postulado. Defendendo uma tese que limita claramente a Onisciência Divina (ver artigo: POR QUE NÃO ACREDITO NEM NA PREDESTINAÇÃO NEM NO LIVRE-ARBÍTRIO) e coloca os seres humanos como se estivessem em filmes que podem ser rebobinados e vistos várias vezes em replays sem nunca mudar. Para Calvino, Deus conhece apenas uma possibilidade austera de destino. Tal limitação não existe nem na cabeça de uma gato, quanto mais de seres inteligentes como seres humanos e anjos. É irrisório o argumento de que Deus seja um ser mais burro do que um gato.

Se até a Mecânica Quântica prevê a possibilidade de “infinitos universos”, quanto mais Deus não conheceria tais “infinitos universos” e muitos outros. Mas a Doutrina da Predestinação limita a onisciência divina a uma consciência subumana, e não apenas subumana, mas também subanimal, pois até os animais têm essa capacidade de consciência de várias possibilidades, como por exemplo, um gato que almeja dar um salto difícil e hesita em executá-lo. O que ele fez foi tomar consciência de algumas possibilidades no salto, uma é a queda ou falha, outra o êxito, entre outras consciências de fatos acidentais contingentes. Crer na predestinação é crer que Deus tem uma consciência inferior a de um gato. (MOURA, 2018).

Aristóteles, nos livros Categorias e Tópicos, já dizia para tomarmos cuidado com nossas afirmações, pois elas carregam consigo uma multiplicidade de consequências, e uma das consequências da Predestinação é que o tal “deus” de Calvino é um deus mais burro do que um animal irracional.

3.     PRESCIÊNCIA DIVINA

Se Calvino atentasse ao seguinte texto, que ele mesmo escreveu, entenderia que sua doutrina é uma bobagem:

Quando  atribuímos   presciência   a   Deus,   queremos dizer  que  ele  tem  sempre  e  perpetuamente  permanente  sob  as  vistas,  de  sorte  que,  ao seu  conhecimento,  nada  é  futuro  ou  pretérito;  ao  contrário,  todas  as  coisas  estão presentes,  e  de  fato  tão  presentes  que  não  as  imagina  como  meras  idéias    da  maneira  como  imaginamos  aquelas  coisas  das  quais  nossa  mente  retém  a  lembrança  –, mas as visualiza e discerne  como se estivessem verdadeiramente diante dele. E esta presciência se estende a todo o âmbito do mundo e a todas as criaturas. [2, p. 387, grifo meu].

Calvino não atenta ao fato de que Deus tem a plena e simultânea posse do conhecimento de todas as infinitas possibilidades e impossibilidades dos eventos do Cosmos. Primeiro Calvino tem uma abertura para a grandeza onisciente de Deus, depois ele se fecha para tal grandeza e concebe apenas um “deus” de conhecimento limitado e linear, embora com plena posse de tal conhecimento limitado. Mas, se até nós, de inteligência limitada, temos o conhecimento de ilimitadas possibilidades de eventos possíveis e impossíveis, prováveis e improváveis, e isso é o que permite a vasta riqueza da Literatua Mundial. A presença maciça e factual da inteligência e da imaginação dos grandes Escritores da humanidade que conhecem e concebem imaginativamente muitas possibilidades vidas é uma evidência de que se inteligências menores podem fugir de tal “conhecimento linear, austero” dos fatos ocorridos apenas e ter uma abertura para o mundo das várias e contingentes possibilidades, quanto mais Deus... Se fosse impossível termos conhecimento das contingências, possibilidades e probabilidades de eventos futuros, seria impossível o esporte competitivo, o comércio, a economia e qualquer planejamento estratégico de qualquer gênero. Seria possível aprendermos apenas com o passado e o presente, nunca poderíamos supor ou imaginar eventos futuros possíveis ou prováveis. Portanto, se há esse conhecimento em nós, evidentemente, há também em Deus, de forma infinitamente mais sublime e perfeita.

3.1.          A Vontade Divina é mais Importante Para Calvino do que Sua Presciência
Como a Predestinação de Calvino estava difícil de ser engolida, por seus contemporâneos, e Calvino já não tinha argumentos convincentes, ele apelava para a Presciência, como “muleta” em seus argumentos.

Portanto,  é  necessário  volver  àquele  reduzido  número  o  qual  Paulo  em  outro lugar  escreve  ter  sido  por  Deus  conhecido  de  antemão  [Rm  11.2],  tal  conhecimento não  é  como  esses  imaginam,  que  ele  prevê  todas  as coisas  permanecendo  ocioso  e sem  preocupar-se  com  nada,  mas  no  sentido  em  que  esta  expressão  é  muitas  tomada na Escritura. Ora, na verdade, quando em Lucas Pedro diz que Cristo fora entregue à  morte  pelo  determinado  conselho  e  presciência  de  Deus  [At  2.23],  não  está  insinuando um Deus meramente espectador , ao contrário, o  Autor de nossa salvação.
Assim  também  o  mesmo  Pedro,  dizendo  que  os  fiéis,  a  quem  escreve,  foram  eleitos segundo  a  presciência  de  Deus,  exprime  precisamente  essa  predestinação  secreta pela qual Deus selou para si como filhos aqueles aos quais assim quis. E a palavra propósito,  a  qual  associa  à  guisa  de  sinônimo,  uma  vez  que,  exprimindo  por  toda parte, em linguagem comum, como determinação  fixa, não ensina que Deus sai  de si  mesmo  em  busca  incerta  de  nossa  salvação.  Neste  sentido  ele  diz,  no  mesmo capítulo, que Cristo foi o Cordeiro  conhecido antes  da  criação do mundo [1Pe 1.19, 20]. [2, p. 399, 400].

Para Calvino a Presciência Divina não é tão importante quanto a Vontade Divina. As coisas acontecem determinadas não porque Ele as sabe de antemão, mas por que Ele as quer de antemão. As coisas acontecem exclusivamente pela Sua vontade soberana e não apenas pela Sua presciência:

De  minha  parte  concedo  de  bom  grado  que  a  mera  presciência  não  impõe  às criaturas  nenhuma  necessidade,  ainda  que  nem  todas  concordem,  pois  há os  que também querem que ela seja a própria causa das coisas. Com efeito, a mim parece haver  Lourenço  Valla  enxergado  mais  aguda  e  mais  sabiamente,  homem  este  de outra sorte não grandemente versado nas coisas  sagradas, o qual mostrou  ser supérflua  tal  contenda,  uma  vez  que  tanto  a  vida,  como  também  a morte,  são  atos  mais  da vontade divina do que da presciência divina. Se Deus apenas antevisse os eventos dos homens, contudo de seu  Arbítrio também não os dispusesse e ordenasse, então, não  sem  causa,  se  agitaria  a  questão  de  se  por  acaso  sua  presciência  tenha  influência sobre  sua  necessidade.  Quando,  porém,  não  por  outra  razão  haja  de  antemão  visto  as coisas que hão de acorrer, senão porque assim decretou que acontecessem, em vão se  move  litígio  acerca  da  presciência,  uma  vez  ser  evidente  que  todas  as   coisas sucedem antes por sua ordenação e arbítrio. [2, p.414, 415].

Calvino argumenta que mesmo que objetem contra um “deus” que determinou, pela sua vontade, quem seria salvo e quem seria condenado, não podem objetar contra a presciência de Deus. De fato a presciência divina é um problema, uma “pedra no sapato”, para aqueles que argumentam contra a doutrina da Predestinação. O próprio Calvino, quando lhe faltam argumentos acerca da predeterminação volitiva divina da salvação de uns e condenação de outros, ele se agarra fortemente na ideia da presciência, mesmo que a use apenas como “muleta”, como suporte para sua afirmação de que “deus” salvou uns e condenou a outros simplesmente pela sua vontade soberana:
Entretanto, ninguém poderá negar que Deus já sabia qual fim o homem haveria de ter, antes que o criasse,  e  que  ele  sabia  de  antemão  porque  assim  ordenara  por  seu  decreto.  Se  alguém  aqui  investe  contra  a  presciência  de  Deus,  tropeça  temerária  e  irrefletidamente.  Ora,  pergunto,  por  que  se  haja  de  ter  o  Juiz  celestial  culpado  pelo  fato  de  não ignorar  o  que  haveria  de  acontecer?  Por  isso  mesmo,  se  existe  razão  para  queixa,  ou justa  ou  ilusória,  compete  à  predestinação.  Nem  deve  parecer absurdo  o  que  digo: Deus  não    viu  de  antemão  a  queda  do  primeiro  homem  e  nela a  ruína  de   sua posteridade,  mas  também  as  administrou  por  seu  arbítrio.  Pois,  como  pertence  à  Sua sabedoria ser presciente de  todas as coisas que  haverão  de  acontecer ,  assim  cabe  ao seu  poder  com  sua  mão  a  tudo  reger  e  regular. [2, p.415, grifo meu].

4.     ELEIÇÃO

Eleição, do grego “(eklegoe) refere-se à escolha feita por Deus, em Cristo, de um povo para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (cf. 2Ts 2.13)” [4, p. 1808].
Algumas citações de Calvino sobre eleição são:
O versículo-chave, “fomos eleitos em Cristo antes da criação do mundo [Ef 1.4]” [2, p. 394].

“segundo  o  arbítrio  de  seu  beneplácito,  Deus  elege  por  filhos,  sem nenhum mérito, aqueles a quem bem lhe apraz, rejeitando e reprovando os demais.” [2, p. 418].

como também nos elegeu” diz Paulo, “antes da fundação do  mundo,  segundo  o  beneplácito  de  sua  vontade,  para que fôssemos  santos e imaculados  e  irrepreensíveis  diante  dele”  [Ef  1.4,  5;  Cl  1.22],  onde  contrapõe  aos nossos méritos, quaisquer que sejam, o beneplácito de Deus. [2, p. 394].

“Ao dizer  que  os  fiéis  foram  eleitos  antes  da criação  do  mundo  [Ef  1.4],  Paulo  remove  toda  e  qualquer  consideração  de  dignidade  pessoal.” [2, p. 395].

Ao  que  se  acrescenta  que  foram  eleitos  para  que  fossem  santos  [Ef  1.4],  refutando abertamente o erro que deduz a eleição da presciência, uma vez que Paulo protesta que tudo quanto de virtude aparece nos homens é efeito da eleição. Ora, caso se busque causa superior, Paulo responde que Deus havia assim predestinado, e de fato  “segundo  o beneplácito  de sua  vontade”  [Ef  1.5],  palavras com  as  quais  lança por  terra  a  todos  os  meios que  os  homens  inventaram  para  sua  eleição,  pois  Paulo não só ensina que todos e quaisquer  benefícios que Deus confere para a vida  espiritual  emanam  desta  única  fonte,  da  qual  Deus  elegeu àqueles  aos  quais  quis,  mas também, antes que nascessem, lhes teve reservada, individualmente, a graça de que lhes queria comunicar . [2, p. 395, grifo meu].

Vemos aqui, novamente, mais uma ênfase de Calvino sobre a Eleição é predestinada pela vontade soberana de Deus e não apenas pela Sua presciência. A presciência é apenas um artifício para que seu “edifício” teológico não rua. Mas já vimos que a presciência divina calvinista é uma ideia pueril e limitada. Ou seja, sua “muleta” quebrou e Calvino caiu.

4.1.          Discípulos de Jesus (Eleitos)
Sobre a Eleição dos Discípulos, Calvino alega que foram eleitos para salvação quando lhe convém e quando não convém, quando tal eleição se mostra um problema insolúvel, como no caso de Judas Iscariotes, ele alega que a eleição é ministerial. Ou seja, quer que os fatos se adequem a sua doutrina, mas esta não pode se adequar aos fatos. Ah, se ele soubesse do famigerado conselho de Sherlock Holmes... Não cometeria tal erro pueril.

Conseqüentemente, verifica-se valer, generalizadamente, entre todos os fiéis o que Cristo dizia a seus discípulos:  “Não  fostes vós que  me escolhestes; pelo contrário, eu escolhi a vós” [Jo 15.16], onde não apenas exclui os méritos passados, mas também deixa claro que não possuíam em si mesmos nada por que fossem eleitos, não  fora  que  em  sua  misericórdia  os  havia  antecipado. [2, p. 396].

Calvino confunde a Escolha (ou Eleição) Ministerial com Eleição para Salvação. Os discípulos foram escolhidos para um ministério, assim como Paulo foi escolhido par Apóstolo dos Gentios. Deus deseja que todos se salvem, através da Sua Atração Amorosa, atrai todos a Si. Não escolhemos ser atraídos, mas Ele escolheu nos atrair a Ele.
Calvino [2, p. 397] fala da  Eleição de Esaú, mas não atenta que foi uma eleição política, “o maior servirá ao menor”, Esaú (Edom) servirá a Jacó (Israel), de acordo com a benção imprecada por Isaque, e também pelo fato da venda da primogenitura por um prato de lentilhas.
Sobre a Eleição de Jacó em relação a Esaú, Cavino fala:
“Vemos, pois, pelas palavras do Apóstolo, que a salvação dos fiéis se funda tão somente  sobre  o  arbítrio  da  eleição  divina,  e  que  esse  favor  não  se  granjeia  em virtude  das  obras  humanas;  ao  contrário,  ela  provém  da  vocação  graciosa.” [2, p. 398].

E se alguém me importunar  alegando  que destes benefícios  inferiores  e diminutos  não    como  concluir-se  acerca  da  suma  da  vida  futura,    que  aquele  que  foi elevado  à  honra  da  primogenitura,  por  isso  se  deva  reputar  adotado  à  herança  do  céu (ora,  são  muitos  os  que  de  fato  não  poupam  a  Paulo,  como  se,  ao  citar  estes  testemunhos,  de  modo  estranho  torceu  a  Escritura),  respondo,  como    fiz  antes,  que  o  Apóstolo  não  errou  por  irreflexão,  e  tampouco  abusou  deliberadamente  dos  testemunhos da  Escritura.  Via  ele,  porém,  o  que  esses  não  conseguem  visualizar ,  a  saber,  que Deus  quis  declarar  a  Jacó  com  um  símbolo  terreno  a  eleição  espiritual,  a  qual,  de outra maneira, jazia oculta junto a seu tribunal inacessível. Ora, a não ser que atribuamos sua primogenitura  a ele concedida ao século futuro,  fútil haverá de ter sido a ridícula aparência de bênção, da qual nada haverá de ter-lhe advindo senão infindas  provações,  incômodos,  triste  exílio  e  muitas  tristezas  e  as  agruras  das  preocupações. Portanto, como visse Paulo, além de dúvida, que, mediante a bênção externa  Deus  atestava  aquela  espiritual  e  que  de  modo  nenhum  caduca,  bênção  que  a  seu  servo  havia  preparado  em  seu  reino,  não  hesitou  em  buscar  daquela  argumento  para comprovar  a  esta.  Isso  também  deve  ter-se  na  lembrança:  que  o  penhor  de  um  domicílio  celestial  foi  confrontado  com  a  terra  de  Canaã,  de  sorte  que  não  se  deva,  de modo algum, duvidar que Jacó foi com os anjos enxertado no corpo de Cristo, para que fosse participante da mesma vida. Logo, Jacó é eleito  e Esaú  é repudiado; e são diferenciados  pela predestinação  divina aqueles entre  os quais  não  existia diferença alguma quanto aos méritos. [2, p. 339].

Calvino, quando confrontado, quando mostravam-lhe a inconsistência de sua doutrina, sempre alegava que estavam se levantando contra Deus, contra a Bíblia, ou contra os escritores da Bíblia. Mas nossa arguição é contra a teologia de Calvino, contra sua má interpretação das Escrituras. Ele confunde sempre Eleição Ministerial com Eleição para a salvação. É certo que ele reconhece tal escolha política predeterminada de Esaú e Jacó como símbolos da salvação e condenação, mas logo depois de afirmar isso, esquece-se e começa a raciocinar como se aquilo que é apenas símbolo da salvação e condenação seja realmente de fato a própria eleição predestinada. Isso se caracteriza em um tremendo non sequitur (do latim- “não se segue”: falácia lógica na qual a conclusão não decorre das premissas). Não podemos dizer que um símbolo é o seu simbolizado de fato, se não teríamos que afirmar que o Templo de Jerusalém, a serpente de bronze, o maná, etc, (símbolos do Cristo), são o próprio Jesus de fato. Percebem o tamanho dos absurdos da doutrina Calvinista?

Ouçamos agora o que pronuncia o Supremo Juiz e Mestre a respeito de toda a matéria. Percebendo tão profunda dureza em seus ouvintes, de tal sorte que diante da  multidão  derramava  as  palavras  quase  que  sem  nenhum  resultado,  para  que  remediasse esse escândalo que os débeis poderiam enfrentar, exclama: “Todo aquele que  o  Pai  me  dá,  esse  virá  a  mim.  Pois  esta  é  a  vontade  do  Pai:  que  nenhum  de  todos os que me deu se perca” [Jo 6.37, 39]. Observa bem  que o princípio para que sejamos  admitidos  sob  a  proteção  e  amparo  de  nosso  Senhor  Jesus  Cristo  provém  da benevolência  do Pai. [2, p. 400].

As  palavras  de Cristo  são  demasiadamente  claras  para  que,  buscando  rodeios,  possam  ser  cobertas alguma névoa. “Ninguém”, diz  ele, “pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer ... Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim” [Jo 6.44, 45]. Se todos, indiscriminadamente, dobrassem o joelho diante de Cristo, a eleição seria geral; mas, ao contrário, no pequeno número  dos que crêem se  manifesta esta imensa distinção.  Assim também, depois que Cristo declarou que os discípulos que lhe  foram  dados  eram  propriedade  especial de  Deus,  o  Pai  [Jo  17.6],  acrescenta pouco  depois:  “Não  rogo  pelo  mundo,  mas  por  estes  que  me  deste,  porque  são  teus” [Jo  17.9].  Donde  ocorre  que  todo  o  mundo  não  pertence  a  seu  Criador ,  a  não  ser aqueles poucos que a graça arrebata da maldição, da ira de Deus e da morte eterna, os quais, de outra sorte, haveriam de perecer; o mundo, porém, ele o abandona em sua ruína à qual o destinou. [2, p. 401].

Calvino não atenta ao que disse Agostinho sobre a atração amorosa, Deus atrai todos a si, mas muitos resistem a tal atração, mas todos são atraídos e, portanto são conduzidos amorosamente a Cristo pelo Pai. Os que foram dados ao Senhor Jesus pelo Pai foram os membros efetivos da Igreja (corpo místico de Cristo), todos serão salvos enquanto membros deste Corpo, como no caso do navio [4, p. 1809] que viaja rumo ao Céu: Nenhum dos tripulantes se perderá, enquanto forem tripulantes, mas se saírem do barco não se salvarão. Os que foram dados pelo Pai foram os membros. E podemos ser membros tripulantes do navio em determinado momento, ou sairmos do navio n’outro.

4.2.          Caso de Judas
Um caso que corrobora o argumento do navio [4, p.1809] é o de Judas Iscariotes. Que foi escolhido por Jesus como Apóstolo, ou seja, foi “Eleito”, mas não se salvou. Calvino então tenta contornar a situação voltando-se ao argumento que já proferíramos antes, da Eleição Ministerial Predeterminada: Deus predestina apenas para ministério e não para a salvação ou condenação. Isso é um fato, mas Calvino só aceita para o caso de Judas, para que sua doutrina não rua em patente contradição.

Entretanto,  o  fato  de  Cristo,  em  outro  lugar,  incluir  Judas  entre  os  eleitos,  quando  era  um  diabo  [Jo  6.70], isto  se  refere apenas ao  ofício apostólico,  o  qual,  ainda que  seja  um  nítido  espelho  do  favor  de  Deus,  como  em  sua  pessoa  tantas  vezes Paulo  reconhece,  contudo  não  contém  em  si  a  esperança  da  salvacão  eterna.  Portanto,  como  exercesse  ele  perfidamente  o  apostolado,  Judas  veio  a  ser  pior  que  um diabo;  aqueles,  contudo,  a  quem  Cristo  uma  vez  enxertou  em  seu  corpo,  não  deixará perecer  a  nenhum  deles  [Jo  10.28],  porque,  ao  preservar-lhes  a  salvação,  cumprirá  o que  foi  prometido,  isto  é,  manifestará  o  poder  de  Deus  que  “é  maior  do  que  tudo  [Jo 10.29].  Ora,  o  que  diz  em  outro  lugar:  “Pai,  nenhum  dos  que  me  deste  pereceu, exceto o filho da perdição” [Jo 17.12], ainda que seja uma maneira difícil de falar , contudo não contém nenhuma ambigüidade. [2, p.401].

Existe sim a predestinação ministerial, porém não para a salvação, como atestado pelo próprio Calvino no caso de Judas.

5.     RÉPLICAS DE CALVINO A OBJEÇÕES

No cap. XXIII, tópico 2, (Primeira objeção refutada: Seria injusto e tirânico se Deus votasse à condenação criatura que ainda não o haviam ofendido), Calvino argumenta contra os que dizem: “os homens têm justo motivo para queixar-se de Deus, se por  sua mera vontade, e sem que eles o mereçam, os predestina à morte eterna.” [2, p.410].
Acerca do argumento da injustiça de um Deus que escolhe previamente, por sua vontade, os que serão salvos e os que serão condenados, ele responde:

a vontade de Deus é a tal ponto a suprema regra de justiça, que tudo quanto queira,  uma  vez  que  o  queira,  tem  de  ser  justo.  Quando,  pois,  se  pergunta  por que  o  Senhor  agiu  assim,    de  responder-se:  Porque  o  quis.  Porque,  se  prossigas além,  indagando  por  que  ele  o  quis,  buscas  algo  maior  e  mais  elevado  que  a  vontade de  Deus,  o  que  não  se  pode  achar .  Portanto,  contenha-se  a  temeridade  humana  e  não busque  o  que  não  existe,  para  que  não  venha,  quem  sabe,  a  acontecer  que  aquilo  que existe  não ache. Afirmo que, com este freio, bem se conterá quem quer que queira com reverência filosofar acerca dos mistérios de seu Deus. [2, p. 410, grifo meu].

No tópico 3 do Cap.XXIII, Calvino argumenta que não concordar com sua teoria de que Deus escolheu por Sua própria vontade aqueles que se salvarão e os que serão condenados é contender com Deus. [2, p.411]. Como se sua teoria limitada desse conta das Perfeitas Onisciência, Presciência e Vontade Divinas. Mal percebe ele que sua teoria alija, limita, e mutila a Onisciência e Vontade Divinas.
Calvino, coitado, acredita que ao nos levantarmos contra a sua burrice, estamos nos levantando contra Deus, nosso Criador: “Venham  todos  os  filhos  de  Adão;  contendam  e  alterquem  com  seu  Criador  por  que antes  mesmo  de  serem  gerados  foram  predestinados  à  perpétua  miséria  por  sua  eterna providência.” [2, p.411]. O coitado do João Calvino é megalomaníaco, acha que é um Moisés ou um Samuel: (Ex.16:8, ), (1Sm.8:7; 10:19). Ele acha que se rejeitarmos sua burrice teológica, estamos rejeitando o próprio Deus, tadinho do Calvino.
Calvino acusa os seus corretores, seus refutadores, de estarem se levantando contra o Criador, acha que pode arrogar a si a autoridade que estava sobre Moisés e Samuel, mas ele se esquece de que a autoridade que estava sobre tais grandes profetas era a Autoridade Divina, não era a autoridade de si mesmo, a autoridade de Calvino não vem de Deus, é uma autoridade asinina:

não  acusem  falsamente a Deus de iniqüidade, se de seu eterno juízo foram destinados à morte, à qual são por sua própria natureza  conduzidos por vontade própria, queiram ou não queiram, eles  mesmos sentem.  Do  quê  se  faz  evidente  quão  perversa  é  a  afetação  de  vociferar  contra  Deus,  porque  suprimem,  deliberadamente,  a  causa  da  condenação  que  em si  são  compelidos  a  reconhecer ,  para  que  o  pretexto  de  Deus  os  livre.  Com  efeito, ainda  que  eu  confesse  cem  vezes  confesse  ser  Deus  o  autor  de  sua  condenação    o  que é  mui  verdadeiro  –,  entretanto,  não  se  purificarão  do  pecado  que  está esculpido  em suas consciências, e que a cada passo se apresenta ante  seus olhos. [2, p. 411, grifo meu].

Calvino chama de sandeu (idiota/ tolo) aquele que tenta compreender os desígnios divinos, que foram por ele distorcidos e obscurecidos por sua falaciosa doutrina:

E  portentosa  é  a  sandice  dos  homens, enquanto  desejam  sujeitar  assim  à  acanhada  medida  de  sua  razão  aquilo  que  é  imensurável. Os anjos que se mantiveram firmes em sua integridade, Paulo os denomina de eleitos  [1Tm  5.21];  se  sua  constância  foi  fundada  no  beneplácito  de  Deus,  a  apostasia dos  outros  é  uma  confissão  de  que  foram  desamparados  por  ele,  cuja  causa  outra  coisa não pode ser senão a reprovação, a qual está oculta no conselho secreto  de Deus. [2, p.412, grifo meu].

6.     A IDOLATRIA DE CALVINO

Veremos neste tópico que o Deus da doutrina da Predestinação Calvinista não é o nosso Deus realmente, é uma construção abstrata da mente dele e de seus seguidores. É uma espécie de "imagem de escultura" mental para a qual os calvinistas se prostram e adoram-na, violando assim os dois primeiros mandamentos.
Calvino limita a onisciência de Deus, em sua teoria da Predestinação, que mais é uma “gaiola de Deus” que enjaula a vontade e o conhecimento divinos num conhecimento linear e pueril. E como seu conhecimento é limitado, quer nos prender e nos paralisar para que não entendamos tudo que Deus tem a nos oferecer:

Com Paulo afirmo que não devemos buscar razão para ela porque, em sua magnitude,  nos  supera  em muito  a  inteligência.  Por  que  maravilhar-se?  Ou,  que absurdo  existe?  Porventura  queira  que  o  poder  de  Deus  seja  tão  limitado  que  não possa  engendrar  algo  mais  da  que  sua  mente  apreenda?  Com Agostinho afirmo que foram criados pelo Senhor aqueles a quem sabia, sem dúvida, de antemão que haveriam  de  ir  para  perdição,  e  que  fez  isto  porque  assim  o  quis.  Mas,  por  que Deus assim o quis não é de nossa alçada  indagar a razão, a qual não podemos compreender.  Tampouco  devemos  discutir  se  a  vontade  de  Deus  é  ou  não  justa;  visto  que, sempre dela se faz menção, sob seu nome se enuncia a suprema e infalível regra de justiça. [2, p. 412, 413].

Calvino acusa seus refutadores de estarem acusando a Deus de injustiça, mas ele não entende que quem é injusto é o “deus” que se encontra na sua cabeça. Um deus que escolheu e predestinou os que serão salvos e os que serão condenados só existe na cabeça pueril de João Calvino e de seus adeptos. Nós afirmamos e reafirmamos que um “deus” assim, se ele existisse, seria injusto, mas ele não existe. Esse “deus” criado por João Calvino é uma abstração, não existe na realidade. E contra um ídolo limitado como esse eu me levanto contra e sou mais inteligente que ele. Calvino apregoa um deus mais ignorante do que eu, do que ele, do que qualquer um de nós, e do que um animal, como já mostrei no artigo POR QUE NÃO ACREDITO NEM NA PREDESTINAÇÃO NEM NO LIVRE-ARBÍTRIO, e ainda afirma que não podemos entender seus desígnios pois são maiores do que os nossos.
Ó, Pai. Perdoa esse pobre ignorante, que criou um “deus” abstrato e burro, em sua cabeça, e o idolatra. Pois ele não sabe o que diz.
Eu tenho plena convicção de que Calvino é um idólatra. Pois assim como um artífice cria uma imagem de escultura com as próprias mãos e em seguida se ajoelha perante ela, Calvino criou uma Imagem, não de escultura, mas uma Imagem Mental de um “deus” abstrato, limitado e burro, mais burro que um gato ou um cachorro. Tal deus concebido por Calvino não existe na realidade, só existe como ente imaginário.
O interessante é que, em sua Idolatria, ele defende seu deus quimérico com "unhas e dentes". E quando seus refutadores mostram o quanto seu ídolo é tosco e pueril ele os acusa de estarem querendo entender a suprema inteligência e seus desígnios inescrutáveis. Seus refutadores não estão acusando o Deus Supremo de Suma Sabedoria, mas o ídolo criado e defendido por João Calvino à imagem e semelhança da sua nescidade.
Tal “deus” não existe! É uma pueril criação e nenhum Cristão deveria se ajoelhar perante ele jamais. Quem se prosterna perante o deus criado por Calvino comete com ele idolatria das mais pueris e abjetas.
Qual é a diferença entre se prosternar ante uma imagem de escultura e uma imagem mental? Não me ajoelharei num genuflexório nem no mundo real, quanto mais no mundo imaginário. Percebem o quanto é irrisória tal doutrina Calvinista?
Calvino não estava interessado em buscar o conhecimento de Deus, estava preocupado em fazer apologia à sua idolatria. E também não queria que ninguém buscasse o conhecimento do Senhor, mas ficasse com ele preso na gaiola da idolatria. Os “idólatras não herdarão o Reino de Deus” (1Co.6:10; Ap.22:15). Percebem o mal que Calvino fez à humanidade e à Igreja de Cristo? É o tolo que se acorrenta e acorrenta outros tolos para que não aprendam, como no Mito da Caverna de Platão [5, livro VII].

Logo, por  que  lançar  dúvida  se  haverá  iniqüidade  onde  claramente  se    que a  justiça  se  faz  presente?  Aliás,  tampouco  nos  envergonhemos,  a  exemplo  de  Paulo, de  assim  fechar  a  boca  dos  ímprobos;  e  sempre  que  ousarem  ladrar,  que  se  repita: “Ora,  quem  sois  vós,  míseros  homens,  que  formulais  acusação  contra  Deus  [Rm 9.20], e acusá-lo não por outra razão, senão porque não se presta a rebaixar a grandeza de suas obras, não as acomodando a vossa ignorância?”  Como se essas obras fossem  iníquas,    porque  são  ocultas  à  carne!  A  imensidade  dos  juízos  de  Deus  vos  é notaria  por  experiências  claras.  Sabeis  que eles  são  chamados  “abismo  profundo”  [Sl 36.6].  Considerai,  pois,  a  estreiteza  de  vosso  entendimento,  se  porventura ele  apreenda  o  que  Deus  em  si  decretou.  Portanto, que  proveito  há,  em mergulhardes,  em  louca indagação,  em  um  abismo  que  a  própria  razão  dita  vos  haver  de  ser  fatal? [2, p. 213, grifo meu].

De forma nenhuma formulamos acusações contra Deus, o Soberano do Universo, mas contra o ídolo imaginário e abstrato de Calvino e confrontamos a sua idolatria pueril.
A esse Erro de Calvino chamamos, em Lógica, de Falácia da Reificação, que ocorre quando um conceito abstrato é tomado como concreto e real.
Calvino defende-se contra a argumentação de que sua doutrina contém um deus parcial, que tem favoritismo de sua parte e que faz acepção de pessoas. Defende-se dizendo que a Escritura não pode se contradizer. Não entende ele, ou finge não entender, que não argumentam contra as Escrituras, mas contra sua doutrina e interpretação pobres e pueris.

7.     O dEUS DE CALVINO

Imaginemos o Sol e todas as ondas eletromagnéticas dele provenientes. A luz com todos os seus comprimentos de onda (na luz branca) e as radiações infravermelha e ultravioleta. Existe ali uma grande variedade de comprimentos de onda da radiação, uma riqueza de uma poderosa fonte que é o Sol. Imaginemos, agora, todo o espectro eletromagnético com seus infinitos comprimentos de onda da radiação com suas ilimitadas características, desde as ondas de rádio, de TV, micro-ondas, raios X, gama, cósmicos, etc.
Agora comparemos tal riqueza a um laser, com sua luz monocromática, num movimento retilíneo, iluminando apenas um ponto de uma parede. Podemos fazer uma analogia, O deus de Calvino é como um pontinho luminoso monocromático de um laser comparado com a riqueza ilimitada e infinita do Deus Verdadeiro. O ídolo de Calvino, assim como um laser, é uma limitação pobre, linear e monocromática do Verdadeiro, infinito e complexo Deus.
 
8.     CALVINO NÃO ACEITA AS CONSEQUÊNCIAS DE SUA DOUTRINA

Quando chamaram a atenção de Calvino às consequências de sua doutrina, ele logo se zangou e os chamou de suínos que conspurcam (sujam/ maculam) sua doutrina: “há  muitos  suínos  que  conspurcam  a  doutrina  da  predestinação  com  essas impuras blasfêmias” [2, p. 419].
Eis o argumento proposto contra a Predestinação, que Calvino chamou de “repelente grunhido de suínos” [2, p. 420, grifo meu]: Deus  sabe  muito  bem  o  que  uma  vez  determinou  fazer  conosco;  se determinou  salvar-nos,  quando  chegar  a  hora  nos  salvará;  e  se  decidiu condenar-nos, é inútil nos atormentarmos em vão para salvar-nos.” [2, p. 419, 420, grifo meu].
E isso é uma consequência nítida da Predestinação. Aristóteles já nos alertava para termos cuidado com o que afirmamos, pois toda afirmação carrega consigo uma gama de consequências.
Mas Calvino driblou tal objeção, dizendo que os Predestinados à Eleição seriam impelidos a ser fiéis, pois os eleitos foram eleitos com o fim de terem uma vida irrepreensível [2, p. 420]. Porém ele não atentou ao exemplo do ladrão da cruz, que não teve uma vida irrepreensível, mas converteu-se no último dia de vida, o ladrão teve uma vida de um predestinado à condenação, então o drible da réplica de Calvino é falho e a objeção “suína”, como afirmava ele, se mostra consistente e a sua réplica mostra-se falha. Levou ele um contragolpe. Como já vimos, Suína, na verdade, é a própria Doutrina da Predestinação Calvinista.
Para ele os eleitos serão naturalmente fiéis, e os condenados serão naturalmente profanos. Então, para mim, vejo que seria vão um trabalho de pregação do Evangelho se a Predestinação fosse verdadeira, pois se os eleitos, naturalmente, são irrepreensíveis e os condenados são réprobos, portanto é vã a pregação, pois não teria efeito benéfico nenhum aos Condenados.

9.     SOBRE A COMPLEXIDADE DO ASSUNTO E PROBLEMAS EM SUA TEORIA

Sempre, quando acuado, num canto, e encontrando-se sem saída, ele utiliza o velho argumento do Chicó: Não sei, só sei que foi assim. Apela para o argumento de que é insondável o pensamento de Deus, por isso é que existem as lacunas irrespondíveis de sua doutrina.

Pois em Paulo encontramos isto: “Quem és tu, ó homem, que discuta  com  Deus?  Porventura  o  objeto  moldado  dirá  àquele  que  o  moldou:  Por  que me  moldaste assim? Por acaso não tem o oleiro poder para fazer de uma só massa um vaso para honra, e outro para desonra?”  [Rm 9. 20, 21].
[...] o Apóstolo não  volveu  os  olhos  com  evasivas,  como se estivesse embaraçado; simplesmente mostrou que a justiça de Deus é demasiado profunda  e  sublime  para  poder  ser  determinada  com  medidas  humanas  e  ser  compreendida por algo tão tacanho como é o entendimento humano. De fato, o  Apóstolo  confessa  que  os  juízos  divinos  são  tão  secretos  [Rm  11.33],  por  cuja  profundeza seriam tragadas todas as mentes humanas, se aí  tentassem penetrar .
Mas,  também  ensina  quão  indigno  é  a  essa  lei  reduzir  as  obras  de  Deus  a  tal condição que no momento em que não entendamos a razão e causa  das mesmas nos atrevamos a condená-las. [2, p. 412].

10.     CONCLUSÃO

A conclusão que tiramos deste breve estudo e dos anteriores é que a doutrina da Predestinação calvinista é fruto de um joguinho de linguagem com os versículos da Bíblia que não teve a confrontação com a realidade dos fatos. Isso é um fato muito comum na teologia moderna.
Essa prisão nos jogos de linguagem levaram Calvino a elaborar uma teoria que limita a onisciência divina e a confecção de um deus limitado cuja veracidade tem que ser defendida a todo instante, pois não resiste a um confronto real com os fatos.
O que realmente acontece é que Deus elegeu os membros da Igreja (Corpo de Cristo), a Noiva do Cordeiro, e a predestinou para o Céu e seus membros para a Vida Eterna. A predestinação individual para a salvação não existe, é produto de uma péssima exegese.

BIBLIOGRAFIA

[1] BÍBLIA SAGRADA

[2] CALVINO, João (1509-1564). AS INSTITUTAS ou Tratado da Religião Cristã. Vo. 3.

[3] MOURA, Thalysson de. Por que não acredito nem na Predestinação nem no Livre-Arbítrio. Disponível em: https://biblialivrosecafe1.blogspot.com/2018/04/por-que-nao-acredito-nem-na.html.


[4] BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL

[5] PLATÃO. A República.

[4] St. AGOSTINHO. A cidade de Deus: (contra os pagãos) parte I. Tradução de: Oscar Paes Leme. Bragança Paulistana, SP: Editora Universitária São Francisco, 2012.




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