Autor: JOSÉ PEREIRA FILHO
Teresina, PI, 29/02/2004
Teresina, PI, 29/02/2004
“Aquilo que adorais assim,
sem o conhecer, é o que eu vos venho anunciar” (Atos 17.23b)
Paulo achava-se sozinho em
Atenas, aguardando a chegada dos companheiros Silas e Timóteo. Enquanto os
esperava, tinha a alma conturbada por ser Atenas uma cidade cheia de ídolos. Em
vista disso, Paulo pregava na sinagoga aos judeus e aos adoradores de Deus, e,
a cada dia na praça pública, a toda a gente. Entre os que o ouviam havia até
filósofos epicureus e estóicos. Alguns conversavam com ele. Outros não o
entendiam e o chamavam de tagarela. E outros viam nele um pregador de
divindades estrangeiras.
Paulo, no entanto, anunciava
a Jesus e a Ressurreição e, por causa disso foi conduzido perante o Areópago, o
Supremo Tribunal de Atenas, onde lhe exigiram explicações sobre a nova doutrina
que pregava, pois, segundo aqueles que o ouviam, ele os atenazava os ouvidos
com afirmações estranhas para as quais não tinham explicações.
Chegando ao Areópago, Paulo,
de pé no meio dele, tomou a palavra e lhes disse: “Atenienses, eu vos
considero, sob todos os aspectos, homens quase religiosos demais. Com efeito,
quando percorro as vossas ruas, o meu olhar se dirige, muitas vezes, para os
vossos monumentos sagrados, e descobri, entre outros, um altar com esta
inscrição: ‘ao deus desconhecido’. Aquilo que adorais assim, sem o conhecer, é
o que vos venho anunciar. O Deus que criou o universo e tudo o que nele se
encontra, ele que é o Senhor do céu e da terra, não habita templo construído
pelas mãos dos homens e o seu serviço tampouco exige mãos humanas, como se ele
carecesse de alguma coisa, pois ele dá a todos a vida e a respiração e tudo o
mais” (Atos 17.22-25). Diante das palavras de Paulo todos os que se ali se
achavam ficaram boquiabertos, tanto os filósofos como a gente do povo.
Paulo prosseguiu o seu
discurso, dizendo: “Então, visto que somos da raça de Deus, não devemos pensar
que a divindade se pareça com ouro, prata, ou mármore, escultura de arte e da
imaginação do homem” (Atos 17.29). Paulo estava se referindo aos deuses
cultuados pelos atenienses porquanto desconheciam o Deus Vivo que ele
anunciava. Muitos, não resistindo, aderiram a ele e abraçaram a fé, como
Dionísio, o Areopagita, uma mulher chamada Dâmaris, e outros mais. Alguns
zombavam às palavras “ressurreição dos mortos” enquanto outros, com dúvida,
diziam: “Nós te ouviremos sobre isso noutra ocasião” (Atos 17.32). Porém, Paulo
teve que deixá-los, seguindo para Corinto em sua missão apostólica.
Ante o exposto, percebe-se
como era difícil naquele tempo, como ainda hoje o é, a missão dos que se
dispusessem anunciar a palavra de Deus. Muitos missionários pagaram um alto
preço por difundirem a Boa Nova. Paulo, e tantos outros missionários, por
exemplo, foram perseguidos, torturados, presos e mortos por causa do Evangelho,
por amor a Jesus Cristo. Não obstante a tudo isso, o Evangelho foi, é e será
anunciado em todo o mundo, para cumprimento da Palavra de Deus (Mt 28.19,20; Mc
16.15). Ainda há muitos altares ao ‘deus desconhecido’, nos dias de hoje.
Tal como Paulo, a nós também
pesa esta obrigação, qual seja, anunciar o Reino de Deus às pessoas (ou nações)
para que, conhecendo a Palavra de Deus, não se prostrem em adoração aos “ídolos
sem vida” fabricados pela mão humana, em ouro, prata, madeira, etc. Esse foi (e
continua sendo) o motivo maior que levou Jesus Cristo a ordenar-nos que
pregássemos o Evangelho a toda criatura, para que todo o que crer seja salvo
(Marcos 16.16). Infelizmente, em algumas partes do mundo o Evangelho ainda não
foi anunciado. Noutras, em que já foi anunciado, tal como em Atenas, muitos não
creram e ainda o rejeitaram, preferindo a condenação eterna (João 5.24).
Não devemos ter receio nem
vergonha da Palavra de Deus. Aceitá-la é doar-se a Jesus Cristo, Filho
unigênito do Deus Altíssimo, porque só Ele é o Caminho, e a Verdade, e a Vida e
ninguém vai ao Pai senão por intermédio dEle (João 14.6a). Certa vez disse
Jesus aos judeus que acreditaram nele: “Se permanecerdes em minha palavra,
sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará” (João 8.31,32).
Amados, não há o que temermos
pelos pecados cometidos no passado, se em Cristo Jesus somos novas criaturas, e
se no batismo todos os nossos pecados foram sepultados. Na conversão nossa vida
de ignorância é relevada por Deus, como frisou Paulo em seu discurso aos
atenienses: “E eis que Deus, sem levar em conta esses tempos de ignorância,
anuncia agora aos homens que todos, e em toda parte, têm de se converter” (Atos
17.30).
Reflita nisso, meu caro amigo
leitor. Saiba você que Deus é bom e paciente com aqueles que O amam, e sua
misericórdia dura de eternidade a eternidade. Diz o Salmo 84.5: “Feliz o homem
que encontra em Deus sua força, em cujo coração estão os caminhos aplanados”.
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