+ A INTERCESSÃO DOS SANTOS + 
Lucas Falango

"[...] Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de 
vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito." (I São Pedro 3,15).

A  intercessão  dos  santos  é  uma  prática  antiquíssima  que  remonta  aos  primórdios  do  cristianismo, e até do judaísmo antigo,  com inúmeras provas na documentação patrística e na  arqueologia. 
Infelizmente, muitos foram  expostos apenas a  uma  “argumentação”  caluniosa,  distorcida e de baixíssimo  nível,  provinda  de  milhares  de  seitas  que  lucram  muito  se  aproveitando  da  má formação intelectual do povo, alardeando inverdades históricas e bíblicas que passam longe da realidade.  Apresentaremos  aqui  esclarecimentos  e  refutações  às  objeções  mais  comuns  ao tema,  para informar  aos católicos  e  aos que se aproximam do tema com honestidade intelectual.

+  O que diz o Catecismo da Igreja Católica? +

O catecismo ensina que há uma comunhão entre a Igreja do céu e a da terra:
954. Os três estados da Igreja. «Até que o Senhor venha na sua majestade e todos os seus anjos com Ele e, vencida a morte, tudo Lhe seja submetido, dos seus discípulos uns peregrinam na terra, outros, passada esta vida, são purificados, e outros, finalmente, são glorificados e  contemplam "claramente Deus trino e uno, como Ele é"»
955.  «E  assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo: mas antes, segundo a constante fé da Igreja, essa união é reforçada pela comunhão dos bens espirituais»
956.  A  intercessão  dos  santos.  «Os  bem-aventurados,  estando  mais  intimamente  unidos  com Cristo, consolidam mais firmemente  a Igreja na santidade [...]. Eles não cessam de interceder a nosso  favor,  diante  do  Pai,  apresentando  os  méritos  que  na  terra  alcançaram,  graças  ao Mediador  único  entre  Deus  e  os  homens,  Jesus  Cristo  [...].  A  nossa  fraqueza  é  assim grandemente ajudada pela sua solicitude fraterna».

+ Perguntas Pertinentes +

➢  Por que os católicos oram aos santos?
R:  Bem,  primeiro,  não  são  apenas  católicos.  São  todos  os  grupos  históricos  de  cristãos  que remontam aos apóstolos (católicos, ortodoxos orientais, armênios, coptas,  etíopes,  etc.), exceto os protestantes.  Pedir  aos  santos  por  sua  intercessão  é  uma  parte  fundamental  de  todo  o cristianismo histórico, anular os santos então é uma novidade do protestantismo depois de XVI séculos  de história cristã. O  que  nos leva à resposta de por que  os cristãos  oram aos santos: 
Oramos aos santos a  fim de pedir-lhes que orem ao Senhor por nós, assim como pediríamos a nossa  família  para  orar  por  nós,  eles  não  podem  fazer  nada  por  si  mesmos,  todo  milagre  é concedido por Deus Todo-Poderoso. 

➢  Então os santos oram por vocês, mas por que vocês dizem que oram aos santos?
R:  Porque  o  verbo  “Orar”  significa  “Pedir”.  A  palavra  “orar”  originalmente  significava simplesmente “Pedir”  (Ora pro nobis-Pede por nós),  e assim quando alguém pedia a Deus algo, estava orando a Deus, e da mesma forma quando alguém pedia a outro para pedir  em seu nome, você estava orando a eles para orar por você.  Com o passar do tempo a nossa lingua acabou restringindo o verbo “orar”  como  algo que se faz  somente ao  divino, e o alcance semântico da palavra começou a encolher na maioria dos casos. 
No entanto, os católicos nunca abandonaram o termo no sentido  mais antigo  e amplo da palavra, enquanto os protestantes restringiram  seu significado, e assim os católicos ainda hoje falam de orar aos santos, significando simplesmente um pedido aos santos para que intercedam por nós junto a Deus.

➢  Não é a oração um ato de adoração?
R:  No uso religioso  dentro do  protestantismo, sim, mas como  vimos, esse não é o significado original  do termo  (e que foi mantido na Igreja Católica), e  esse certamente não é o  significado amplo do termo.
O  mesmo acontece  com outros conceitos também. Honrar a Deus, por exemplo, é um ato  de adoração,  mas  em  outros  contextos  honrar  uma  pessoa  não  é  de  forma  alguma  um  ato  de adoração. Por exemplo, o próprio Jesus nos lembrou do dever de “honrar a seu pai e a sua mãe” (Mc 7,10), mas ele certamente não estava nos mandando adorar nossos pais.
Orar a Deus certamente pode incluir atos de adoração (louvando-o e proclamando sua grandeza, por exemplo), mas também se poderia simplesmente  pedir a Deus por ajuda em uma oração.
Porém, quando usada em referência aos santos, a oração certamente não é um ato de adoração, mas simplesmente um pedido por sua intercessão.
São Tomás de Aquino, o maior teólogo da história da Igreja (e do mundo), aborda o tema na sua obra: Suma Teológica, e nos explica isso de forma clara e simples: 
“[...] A oração é oferecida a uma pessoa de duas maneiras: primeiro, a ser cumprida por ele, em segundo lugar, a ser obtida através dele. No primeiro sentido, oferecemos oração  somente  a  Deus, pois  todas  as  nossas  orações  devem  ser  dirigidas  para  a aquisição da graça e da glória, que só Deus nos dá, de acordo com o Salmo: "O Senhor dará graça e glória" (Sl 83,12). Mas, na segunda maneira,  oramos aos santos,  quer sejam  anjos  ou  homens,  não  para  que  Deus  possa  por  meio deles  conhecer  nossas petições,  mas  que  nossas  orações  possam  ser  eficazes  por  meio  de suas orações  e méritos. Por isso, está escrito (Ap 8,4) que "a fumaça do incenso", ou seja, "as orações dos santos  subiram  diante  de  Deus".  Isso  também  fica  claro  pelo  próprio  estilo empregado pela Igreja ao orar: já que pedimos à Santíssima Trindade: "Tenha piedade de nós", enquanto pedimos aos santos: "Rogai por nós". 
Somente  a  Deus  oferecemos  adoração  religiosa  quando  oramos,  de  quem  buscamos obter o que oramos, porque, ao fazê-lo, confessamos que Ele é o Autor de nossos bens. 
Mas, não, aos que pedimos como a intercessores nossos juntos de Deus.” 
Para qualquer um que deseje insistir que isso seja adoração, tudo o que podemos  dizer é que há algo muito diferente acontecendo no coração de um  católico, quando ele diz:  “Santos Apóstolos, Pedro e Paulo, Rogai por nós!”  e quando  ele  diz:  “Só Vós sois o  Santo, Só Vós sois o  Senhor, só Vós sois o Altíssimo, Jesus Cristo, Redentor do mundo, Tenha piedade de nós!”
Ninguém está qualificado para julgar o que está acontecendo no coração do outro para começo de  conversa,  mas  saibam  que  há  uma  diferença  marcante  entre  os  dois  tipos  de  oração.
Lembremos o que São Paulo nos ensinou:
“Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos.” (Filipenses 2,3).

+ Sono da Alma? +

É muito comum vermos os adeptos das seitas modernas dizerem que os  santos estão mortos, em  um  estado  de  "sono".  E  apesar  dessa  interpretação  ser  rejeitada  pelas  denominações protestantes  mais  tradicionais,  é  uma  visão  tida  quase  como  dogma  no  meio  protestante brasileiro e nas inúmeras seitas oriundas da reforma. 
O erro geralmente ocorre ao interpretarem textos de forma literal, sem levar em conta o gênero literário, as variações da crença judaica sobre a morte ao longo dos séculos , não concatenando as passagens com outras que tratam do mesmo assunto, e esquecendo que  a vinda de  Cristo mudou a realidade que vemos no Velho Testamento. 
Com  essa  interpretação  simplista,  algumas  denominações  negam  a  imortalidade  da  alma, alegam uma aparente impossibilidade da intercessão dos santos, ou tentam acusar o ato de ser necromancia,  querendo  desmerecer  ou  caluniar  a  Igreja  Católica.  Alguns  dos  textos frequentemente citados por essas denominações são: 
"Com efeito, os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos de nada  sabem. Para eles não há mais recompensa, porque sua lembrança jaz no esquecimento." (Eclesiastes 9,5) 
"Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio." (Salmos 115,17) 
Vejam que o primeiro texto diz claramente que "não há recompensa", exatamente o oposto do que Cristo ensinou: 
"Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus." (São Mateus 5,12)
O  autor  alega  desconhecer  o  destino  dos  mortos,  coloca  o  homem  e  os  animais  na  mesma posição, o próprio autor diz estar tratando do destino físico, da labuta dos homens (Ecl 1,13).
"Porque o destino dos filhos dos homens e o destino dos animais é o mesmo,  um mesmo fim os espera.  Tanto morre um como o  outro. A ambos foi dado o mesmo sopro. A vantagem do homem sobre o animal é nula, porque tudo é vão. Todos caminham para um mesmo lugar. Todos saem do pó e para o pó voltam. Quem sabe se o sopro de vida dos filhos dos homens se eleva para o alto e o sopro de vida dos animais desce para a terra?" (Eclesiastes 3,19-21)
O autor põe  em dúvida se realmente vamos para o céu ou se tudo acaba na sepultura, o livro é dúbio nessa questão, as vezes o autor parece ter também a esperança da vida eterna:
"E o pó volte à terra donde saiu, e o espírito volte para Deus que o deu." (Eclesiastes 12,7) 
O segundo texto (Salmo 115) diz que a alma desce ao silencio, dando a entender que o Xeol seja um local de inconsciência  total, porém outras passagens demonstram atividade e a  consciência dos que lá habitam,  alguns  aparentemente  dormem, por  não terem  outra opção nessa existência triste e enfadonha.
"Debaixo da terra se agita a morada dos mortos, para receber-te à tua chegada; despertam em tua honra as sombras dos grandes, e todos os senhores da terra, e levantam-se de seus tronos todos os reis das nações.  Todos tomam a palavra para dizer-te: Finalmente, eis-te fraco como nós, eis-te semelhante a nós. " (Isaias 14,9-10)
"Eles tombarão no meio dos que pereceram pela espada; toda a sua força desaparecerá. A elite dos heróis com seus aliados dirá ao faraó, do seio da região dos mortos..." (Ezequiel 32,20-21)
Fica claro o quão  incoerente  é levar  as passagens do Velho Testamento  de forma literal, como uma descrição infalível sobre o estado espiritual dos que se foram, sendo  algo que  o povo de Deus ainda não tinha conhecimento pleno. Precisamos ter a devida cautela na interpretação desse tipo de passagem, levando em conta o estilo literário do texto, e toda a nuance da crença judaica sobre a morte, concatenando com outros textos do mesmo assunto, sempre lembrando que o Velho Testamento não deve ser "régua" para o Novo, e sim o oposto. 
Através dos séculos, foi se afirmando na cultura hebraica, a crença de  que os homens, por serem pecadores  e  indignos,  eram  "condenados"  a  habitar  na  Morada  dos  Mortos  (ou  Xeol),  local melancólico, de esquecimento, e punição, mas que esse não seria o único destino dos falecidos. 
Se nota em outras passagens a crença de que Deus não deixava os justos no Xeol, e que alguns poucos justos habitariam na presença de Deus, ou em algum local separado dos ímpios no Xeol. 
"Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. Aparentemente estão  mortos  aos  olhos  dos  insensatos:  seu  desenlace  é  julgado como  uma desgraça.  E sua morte como  uma  destruição,  quando  na  verdade  estão  na  paz!  Se  aos  olhos  dos  homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade." (Sabedoria 3,1-4) (Excluído do cânon protestante) 
"O túmulo será sua eterna morada, sua perpétua habitação, ainda que tenha dado a regiões inteiras o seu nome, pois não permanecerá o homem que vive na opulência: ele é semelhante ao gado que se abate. Este é o destino dos que estultamente em si confiam, tal é o fim dos que só vivem em delícias.  Como um rebanho serão postos no lugar dos mortos; a morte é seu pastor e os justos dominarão sobre eles. Depressa desaparecerão suas figuras,  a região dos mortos será sua morada.  Deus,  porém, livrará minha alma da habitação dos mortos, tomando-me consigo." (Salmos 48,12-16) 
"O  sábio  escala  o  caminho  da  vida,  para  evitar  a  descida  à  morada  dos  mortos."(Provérbios 15,24) 
"Mesmo que desçam à morada dos mortos, minha mão os arrancará de lá; ainda que subam aos céus, eu os farei descer dali." (Amós 9,2)
"Se subir até os céus, ali estareis; se descer à  região dos mortos, lá vos encontrareis também." (Salmos 138,8) 
Conforme a vinda do Messias se aproximava, mais claro foi ficando o destino dos falecidos, até chegar ao que sabemos hoje; Que o homem mesmo sendo justo, não poderia ir para o Paraíso ver a Deus,  devido ao pecado original, e por isso aguardava a vinda do Messias na Morada dos Mortos, os justos em um lugar bom, e os ímpios em um lugar de castigo (Dt 32,22; Lc 16,19).
“Porem Tobias os repreendia:  Não faleis assim, porque nós  somos filhos dos santos (patriarcas) e esperamos aquela vida que Deus há-de dar aos que nunca deixam de confiar nele.”   (Tobias 2,17-18) (Excluído do cânon protestante)
“Senhor, trata-me segundo a tua vontade, mas manda que o meu espírito seja recebido em paz, porque é melhor para mim morrer do que viver.” (Tobias 3,6) (Excluído do cânon protestante)
Vemos que Tobias esperava uma vida após a morte, onde seu espirito seria recebido por Deus em algum lugar, uma vida nova com os santos patriarcas, e isso seria algo bom, ao contrário do terror da morte que  vemos  os hebreus  professarem no  início, quando as coisas não eram tão claras, agora faz sentido o que Jesus disse sobre Abraão, Isaac e Jacó viverem (Lc 20,36-38).
*Para  mais  aprofundamento  nas  diferentes  crenças  judaicas  sobre  a  Morada  dos  Mortos: https://accatolica.com/2017/08/20/o-xeol-ea-imortalidade-da-alma/

+ Deus dos Vivos, não dos Mortos + 

"Em  verdade,  em  verdade  vos  digo:  se  alguém  guardar  a  minha  palavra,  não  verá  jamais  a 
morte." (São João 8,51) 
Com  a  vinda  de  Cristo  ficou  claro  o  destino  dos  falecidos,  o  novo  testamento  é  repleto  de passagens  que  demonstra  que  os  justos  não  mais  habitam  na  Morada  dos  Mortos  e  sim  na presença de Deus, Cristo foi inclusive pregar aos mortos (I Pd  3,18-19; I Pd  4,6). Vemos isso no Credo  Apostólico,  aceito  até  pelas  igrejas  protestantes  tradicionais,  como  nessa  tradução Luterana: “foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao mundo dos mortos...”
Ele  "levou cativo o cativeiro"  (Ef 4,8), ou seja, levou os que esperavam na morada dos mortos para o céu, para que: "vivessem segundo Deus em espírito" (I Pd 4,6) no Paraíso (Lc 23,43). 
"Eles jamais poderão morrer, porque  são iguais  aos anjos  e são filhos de Deus,  visto serem filhos da ressurreição." (São Lucas 20,36) 
A ressurreição é do corpo, mas os anjos são puro espírito, consequentemente, a comparação com  os anjos  não  é  restrita  apenas  ao  estado  dos  justos  após  a  ressurreição,  mas  desde  o instante em que passam a viver espiritualmente com Deus aguardando o dia da ressurreição, no relato de Lucas isso é bem claro:  “SÃO  (<presente do indicativo...)  IGUAIS AOS ANJOS”,  e fica ainda mais evidente quando lemos o contexto todo.
"[...] Que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente, chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus  de Isaac, Deus de  Jacó. Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos; porque para ele, todos VIVEM  (presente do indicativo)."  (São Lucas 20,38) 
Abraão, Isaac e Jacó jamais morreram, "vivem segundo Deus em espírito", sendo então como os anjos no céu  (sendo os santos, assim  como os anjos no céu, podem interceder  assim como eles: (Jó 5,1; Jó 33,23; Zc 1,12). Aos nossos olhos mortais, parecem estar mortos, mas para Deus estão vivos em sua glória, não há morte para aqueles que estão em Cristo.  
"Pela fé Abel  ofereceu a Deus um sacrifício bem superior ao de Caim, e mereceu ser chamado justo, porque Deus aceitou as suas ofertas. Graças a ela é que,  apesar de sua morte, ele ainda fala."(Hebreus 11,4) 
Esses foram considerados justos,  são citados também Abraão, Isaac e Jacó (Hb 11,17.20.21) os mesmos que Jesus disse que vivem para Deus, sendo assim, são como Abel, que longe de estar inconsciente no pó da terra, foi considerado justo e “apesar de sua morte, ele ainda fala”, ou seja, vive para Deus, podendo clamar por justiça contra Caim.
"O Senhor disse-lhe: “Que fizeste! Eis que a voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a terra." (Gênesis 4,10) 
Vemos  isso  acontecendo  claramente  em  Apocalipse,  onde  vemos  os  santos  mártires  (já falecidos)  orando*,  clamando  para  que  Deus  intervenha  na  terra  com  justiça contra os  seus perseguidores, ou seja, sabem o que acontece aqui, pois sabem que seus perseguidores ainda vivem,seus companheiros ainda vivos são chamados de irmãos (Ap 6,11). 
"Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar  as almas  dos homens imolados por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo:  “Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?” (Apocalipse 6,9-10)
*Nota:  Alguns podem tentar  objetar dizendo  que isso não é  uma oração,  porém  isso é claramente uma oração, cujo nome é Oração Imprecatória (Ver: Jr 11,20-Jr 15,15-Jr 18,19 e Sl 35-Sl 59-Sl 70-Sl 79).
Estamos ligados a todos esses justos através do Corpo de Cristo, pelo Espírito Santo; A esse laço fraternal damos o nome de: Comunhão dos Santos*. 
*Nota:  Muitos fazem  a alegação sem pé nem cabeça,  de que  o termo  “santos” só pode se referir aos cristãos vivos. As vezes temos que explicar o óbvio: os santos  são todos os salvos,  porém, os que partem  deste mundo  não deixam de ser santos, continuam a ser santos no céu, pois estão com Deus, e “sem santidade ninguém verá a Deus”(Hb 12,14), quem está no céu é santo! (I Ts 3,13-II Ts 1,10-Jd 1,14).

+ Deus lhes preparou uma cidade celestial nessa Nova Aliança + 

Os  justos não mais habitam nas profundezas do Xeol e sim no céu, na Jerusalém  celestial, na presença de Deus.
"Mas a nossa  cidade  está nos  céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo."(Filipenses 3,20) 
"Mas não. Eles aspiravam a uma pátria melhor, isto é, à celestial. Por isso, Deus não se dedigna  de ser chamado o seu Deus; de fato, ele lhes preparou uma cidade." (Hebreus 11,16) 
"Vós,  ao  contrário,  vos  aproximastes  da  montanha  de  Sião,  da  cidade  do  Deus  vivo,  da Jerusalém celestial, das miríades de anjos, e da Igreja  dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e de Deus, juiz universal, e dos espíritos dos justos perfeitos, enfim, de Jesus, o mediador da Nova Aliança, e do sangue da aspersão, que fala com mais eloquência que o sangue de Abel." (Hebreus 12,22-24)  
Essa nova aliança é a nossa proximidade com a Jerusalém Celestial,  a  Comunhão com o céus  e com seus habitantes, a Igreja Celestial: miríades de anjos, e os espíritos dos justos perfeitos (os santos do céu), e uma relação íntima com Deus, que antes causava terror na antiga aliança (Hb 12,18), mas que agora, graças ao sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo: “se restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus” (Cl 1,20).

+ Os santos que julgarão o Mundo e o Juízo Particular + 

Muitos se perguntam: se os justos já estão no céu, por que existe o Juízo Final? A resposta é um tanto simples; O estado dos santos no céu é algo provisório, pois Deus criou  corpo e alma, e a presença dos santos no céu é incompleta, apesar de ser um estado muito melhor que o nosso, eles aguardam a ressurreição da carne, do corpo glorificado. 
No Catecismo:
1051.  Ao morrer: cada homem recebe, na sua alma imortal, a sua retribuição eterna, num juízo particular feito por Cristo, Juiz dos vivos e dos mortos.
1052.  «Nós cremos que as almas de todos os que morrem na graça de Cristo [...] constituem o povo de Deus no além da  morte, a qual  será definitivamente vencida  no dia da ressurreição, quando estas almas forem reunidas aos seus corpos».
1060.  No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Então, os justos reinarão com Cristo  para  sempre,  glorificados  em  corpo  e  alma;  o  próprio  universo  material  será transformado. Deus será, então, «tudo em todos» (I Cor 15,28), na vida eterna.
Explicando pela Bíblia:
"Não sabeis que os santos julgarão o mundo? E, se o mundo há de ser julgado por vós, seríeis indignos de  julgar os processos de mínima importância? Não sabeis que  julgaremos os anjos?
Quanto mais as pequenas questões desta vida!" (I Coríntios 6,2-3) 
"Que ele confirme os vossos corações, e os torne irrepreensíveis e santos na presença de Deus, nosso  Pai,  por  ocasião  da  vinda  de  nosso  Senhor  Jesus  com  todos  os  seus  santos!" (I Tessalonicenses 3,13) 
"Também  Enoque,  que  foi  o  oitavo  patriarca  depois  de  Adão,  profetizou  a  respeito  deles, dizendo: Eis que veio o Senhor entre milhares de seus santos." (São Judas 1,14) 
Como os santos poderão julgar até mesmo os anjos, se eles mesmos não forem previamente julgados dignos de tamanha responsabilidade? É esse julgamento que autor de Hebreus fala:
"Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo." (Hebreus 9,27) 
Ele não diz que após a morte vem um sono até a ressurreição dos mortos, ele diz que após a morte vem o juízo, esse é o que a Igreja chama de: Juízo particular. 
"Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo  para ir habitar  junto do Senhor [...]  Porque teremos de comparecer diante do tribunal  de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo." (II Coríntios 5,8.10) (O “habitar com o Senhor” é fora do corpo, ou seja, não é o juízo final)
Todos os que vierem para julgar os vivos e os mortos, já passaram por esse juízo individual logo após a morte e foram julgados dignos de estar com  Cristo, são  os santos que  já se encontram no  céu  (na  “cidade”  Fl  3,20; Hb 12,22).  É o que vemos  nas palavras de  Santo Estevão  durante seu martírio, e nas palavras de Cristo ao Bom Ladrão: 
"Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus: Eis que vejo  –  disse ele  –  os céus abertos  e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus.[...]  E  apedrejavam  Estêvão,  que  orava  e  dizia:  Senhor  Jesus,  recebe  o  meu  espírito." (Atos dos Apóstolos 7,55-56.59) 
"E  acrescentou:  Jesus,  lembra-te  de  mim,  quando  tiveres  entrado  no  teu  Reino!  Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso." (São Lucas 23,42-43)
Por isso  São  Paulo disse:  "desejaria desprender-me para estar com Cristo"  (Fl  1,23),  estar com Cristo é estar no céu, e é do céu que o  Senhor virá para julgar os vivos e os mortos, e todos os seus  santos  virão  com  Ele,  quem  estiver  vivo  no  dia,  será  transformado,  tendo  o  corpo glorificado.  Então  os  que  morrem  antes  desse  dia,  ficam  no  céu  espiritualmente,  alertas  e orantes, aguardando o momento de serem ressurretos no corpo que "dorme" no pó da terra. 
"Assim  também  é  a  ressurreição  dos  mortos.  Semeado  na  corrupção,  O  CORPO  ressuscita incorruptível." (I Coríntios 15,42) 
"Eis que vos revelo um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta (porque a trombeta soará). Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados."(I Coríntios 15,51-52) 
"Nós,  porém,  somos  cidadãos  dos  céus.  É  de  lá  que  ansiosamente  esperamos  o  Salvador, o 
Senhor Jesus Cristo,  que transformará nosso mísero  CORPO, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura." (Filipenses 3,21)
Vemos que os cristãos que se foram não vão dormir até o Juízo Final, a ideia de "sono da alma", provavelmente se originou de uma falta de hermenêutica que causou um mal entendimento  de expressões como "os que dormem/adormeceu" sem o conhecimento devido da linguagem e do contexto da época.  Os cristãos  provavelmente  usavam essa expressão pelo fato  de o  próprio Cristo ter prometido que crendo em sua palavra, eles jamais morreriam. 
"Disse-lhe  Jesus:  Teu  irmão  ressurgirá.  Respondeu-lhe  Marta:  Sei  que  há  de  ressurgir  na ressurreição no último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida.  Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisso?" (São João 11,25) 
Marta expressa a opinião de muitos protestantes, que apenas no último dia o irmão dela iria ressurgir, e Jesus corrige a crença de Marta. Muitos tentam fazer a objeção de que Jesus apenas disse  isso  pois  iria  ressuscitar  Lázaro  em  seguida.  Mas  vemos  pelo  contexto  que  isso  não  é verdade,  Jesus  diz  claramente  "Todo  aquele  que  vive  e  crê  em  mim,  jamais  morrerá",  ele aproveitou a ignorância de Marta para ensinar uma verdade teológica, de que a alma é imortal e quem crê nele, mesmo que tenha morrido, vive  para Deus, assim como ele disse sobre Abraão, Isaac e Jacó (Lc 20,38). 
Ou será que ele iria  ressuscitar  imediatamente  a todos esses que creem, assim como fez com Lázaro?  Obviamente  que  não!  Na  pratica  o  termo  "os  que  dormem"  significa  simplesmente "aqueles que morreram perseverando na fé". Não indicando o estado da alma imortal que vive no céu, e sim do corpo que vai para o pó da terra (“dorme”) até ser ressuscitado, grosso modo: O Cristão não morre! Ele “se desprende dessa morada para habitar com o Senhor” (Fl 1,23).

+ A nuvem de Testemunhas + 

Após o longo louvor  dedicado  aos heróis da antiga aliança no capítulo 11  de Hebreus,  o autor diz  que  estamos  cercados  “de  uma  tal  nuvem  de  testemunhas”,  ou  seja,  esses  justos  nos observam do alto como uma grande e ativa plateia.
"Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus." (Hebreus 12,1) 
A palavra grega para Testemunhas é μαρτύρων (martýron) essa é a origem da palavra "Mártir" usada no contexto cristão para os que morreram sob tortura sem renunciar a Jesus Cristo. 
"Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar  as almas  dos homens imolados por causa da Palavra de Deus  e por causa do TESTEMUNHO  de que eram depositários. E clamavam  em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?" (Apocalipse 6,9-10) 
Pelo  seu  testemunho  de  fé,  elas  se  tornaram  Mártires,  Testemunhas  de  Cristo  que  agora habitam  com  Ele  na  Jerusalém  Celestial  e  continuam  a  clamar  a  Deus  por  justiça;  Estamos sempre  cercados  por  esses  justos,  pois  agora  fazem  parte  da  Nuvem  (νέφος)  ou  Shekinah (הניכש), termo usado pelos Hebreus para descrever a manifestação da presença divina. "Enquanto Aarão falava a toda a assembleia dos israelitas, olharam para o deserto e eis que apareceu na nuvem a glória do Senhor!" (Êxodo 16,10)
"[...] Eis que me vou aproximar  de ti na obscuridade de uma nuvem, a fim de que o povo ouça quando eu te falar, e para que também confie em ti para sempre..." (Êxodo 19,9)
"Moisés subiu ao monte. A nuvem cobriu o monte e a glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai [...] no sétimo dia, o Senhor chamou Moisés do seio da nuvem." (Êxodo 24,15-16)
"E era impossível a Moisés entrar na tenda de reunião, porque a  nuvem  pairava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo." (Êxodo 40,35) 
"E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos." (Atos dos Apóstolos 1,9) 
"Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem  e encobriu-os (Moisés e Elias)  com a sua sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande pavor." (São Lucas 9,34) 
"Então, da nuvem saiu uma voz: Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!" (São Lucas 9,35) 
Vemos que essa Nuvem que levou Jesus, Moisés e Elias é a  Shekinah (הניכש), a presença de Deus, e além de seu Filho, também os justos habitam em sua presença, na glória, Deus fez deles uma Nuvem de Testemunhas (ἡμῖν νέφος μαρτύρων) ao nosso redor.   
"Quem poderá, nas nuvens, igualar-se a Deus? Quem é semelhante ao Senhor entre os filhos de Deus?" (Salmo 88,6) 

+ Atividade no Céu + 

"A cada um deles foi dada, então, uma veste branca e foi-lhes dito, também que repousassem por mais um pouco de tempo..." (Apocalipse 6,11)
Diante do  óbvio furo que Apocalipse 6,9  demonstra  na escatologia do “sono da alma”,  alguns vão tentar  alegar que o versículo acima significa que: “-As almas dormiam, mas acordaram um pouquinho,  clamaram,  e aí  eles dormiram  novamente!” Um absurdo, pois em  nenhum momento se diz que as almas  “acordaram” no céu depois de abrir o selo, e sim que elas passaram a clamar por justiça, é nítido que elas sempre estiveram conscientes e no mesmo local. Foi dito que elas repousassem, mas que repouso é esse? Seria o dito “sono da alma”? A resposta é: NÃO!
"Por  isso,  resta  um  repouso  sabático  para  o  povo  de  Deus.  E  quem  entrar  nesse  repouso descansará das suas obras, assim como descansou Deus das suas." (Hebreus 4,9-10) 
Ora, se é um descanso  "das suas obras,  assim como descansou Deus das  suas", fica claro que não é um estado inativo de sono, sabemos que Deus não está inconsciente, tampouco inativo, então os que entraram nesse repouso não estão nem inconscientes, nem inativos e sim em um repouso sabático,  pois o Sabá (ת ָּב ַׁש) é um dia reservado para  descanso,  oração e adoração. 
Por isso quando Deus diz aos santos que clamam por justiça: “que repousassem ainda um pouco de tempo” (Ap 6,11) Ele não estava mandando ninguém “voltar a dormir”, e sim que voltassem ao repouso sabático (de oração e adoração) até que chegasse a hora de executar o juízo divino.

+ Os Santos são oniscientes? + 

É muito comum a objeção de que apenas Deus é onisciente, então só ele poderia ouvir nosso clamor!  Com  esse  conceito  limitado  de  onisciência,  muitos  acusam  a  Igreja  de  idolatria,  por supostamente divinizar um ser criado. Na verdade, não é a Igreja que colocam o conhecimento dos  anjos  e  santos  em  um  patamar  divino,  e  sim  os  acusadores  que  rebaixam  e  limitam  a onisciência  de Deus, e o  próprio  conceito  da onisciência  em: "testemunhar  muitas  coisas  ao mesmo tempo", limitando o conhecimento divino ao conhecimento de um "mero" anjo. 
Os anjos são descritos na Bíblia como tendo um conhecimento sobrenatural, sabem tudo o que se passa na terra, mesmo não sendo oniscientes, pois contemplam o Pai  face a face, podendo então escutar nossos pedidos de oração e interceder por nós. 
"Foi para dar a esse assunto uma nova feição que Joab fez isso. Porém tu, ó rei, meu senhor, és tão sábio como um anjo de Deus, para saber tudo o que se passa na terra!" (II Samuel 14,20) 
"Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque  eu vos digo que  seus  anjos  no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus." (São Mateus 18,10) 
"A respeito, porém, daquele dia ou daquela hora,  ninguém o sabe, nem os anjos do céu  nem mesmo o Filho, mas somente o Pai." (São Marcos 13,32) 
"Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar  os  mortos  em  tua  casa  durante  o  dia,  para  sepultá-los  quando  viesse  a  noite,  eu apresentava as tuas orações ao Senhor." (Tobias 12,12) (Excluído do cânon protestante) 
O próprio São Paulo quando escreve a Timóteo, invoca o testemunho dos anjos do céu, estaria ele dando atributos divinos ao conhecimento de uma criatura? 
"Eu  te conjuro, diante  de Deus e de Cristo Jesus  e dos anjos  escolhidos, a que guardes essas regras sem prevenção, nada fazendo por espírito de parcialidade." (I Timóteo 5,21)
Como os anjos que estão no céu conhecem o sentimento de um único indivíduo na terra? Estaria a sagrada escritura dando o atributo da onisciência aos anjos?
"Assim vos digo que há alegria  diante dos anjos  de Deus  por um pecador  que se arrepende." (São Lucas 15,10)
"De Davi. Eu vos louvarei de todo o coração, Senhor, porque ouvistes as minhas palavras. Na presença dos anjos eu vos cantarei." (Salmo 137,1)
"Porque, ao que parece, Deus nos tem posto a nós, apóstolos, na última classe dos homens, por assim dizer sentenciados à morte, visto que fomos  entregues em espetáculo  ao mundo,  aos anjos e aos homens." (I Coríntios 4,9)
São Paulo  tinha  pleno conhecimento  de que era observado do céu por uma grande plateia de espectadores angelicais.  O mesmo que vemos  com a "Nuvem de Testemunhas", onde toda  a Igreja  no  céu  (Hb  12,23), santos e anjos,  formam  uma grande torcida  celestial  a nosso favor, mesmo sem possuírem onisciência.
Lembremos que Deus não está contido no universo, o universo está contido em Deus.  Estando face a face  com Deus,  os santos e anjos estão em um grau perfeito de existência, felicidade e conhecimento,  os que estão em sua presença, estão  fora do tempo e do espaço, e  não estão impedidos por nenhum limite físico ou temporal. A isso chamamos de visão beatífica, na qual Deus em sua infinita bondade eleva o homem a um fim sobrenatural, isto é, a participar da sua própria vida divina, por conseguinte: do seu conhecimento divino. 
"Pelo contrário, quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito." (I Coríntios 6,17) 
"Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia [...] Agora vemos por um espelho, confusamente, mas, depois, veremos face a face. Agora meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido." (I Coríntios 13,9 e 12) 
"O poder divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer aquele  que  nos  chamou  por  sua  glória e  sua  virtude.  Por elas,  temos  entrado  na  posse  das maiores  e  mais  preciosas  promessas,  a  fim  de  tornar-vos  por  esse  meio  participantes  da natureza divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo."(II São Pedro 1,3-4) 
"Caríssimos,  desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o  que havemos de ser. Sabemos que,  quando isso se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é." (I São João 3,2) 
É assim que nossos  irmãos no céu, os  espíritos dos justos perfeitos, que nos cercam como  uma nuvem  de  testemunhas,  podem  escutar  todos  os  que  recorrem  a  sua  intercessão.  Nessa comunhão com Deus, eles tomam conhecimento até mesmo dos eventos futuros (Lc 9,31). 
Vemos que  São João foi levado ao  céu em  espírito  diante do Trono de Deus  (Ap  4,2), e  nesse “local” ele consegue escutar o louvor de todas as criaturas da terra mesmo sem ser onisciente:
"E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há,  dizer:  Ao que está sentado sobre o trono e ao Cordeiro, louvor, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos." (Apocalipse 5,13)

+ Transfiguração = Necromancia? +

"Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes  de  brancura.  E  eis  que  apareceram  Moisés  e  Elias  conversando  com  ele." (São Mateus 17,2-3)
"[...] Eram Moisés e Elias, que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém." (São Lucas 9,31)  
Se  Jesus  deu  pleno  cumprimento  a  Lei  (Mt  5,17),  cumpriu  perfeitamente  Lei,  para  que pudéssemos ser  libertados dela  (Rm 7,6; Cl 2,14).  No  Monte Tabor  (Lc 9,29-Mc 9,3-Mt 17,2), teria ele quebrado a lei (Lv 19,31-Lv 20,27-Dt 18,11) ao “contatar santos mortos”? 
Se ele quebrou a Lei, ele traiu suas próprias palavras, se ele  o fez,  ele não pode ser o Messias, nem a  Verdade,  nem  o Verbo. Logo, apesar de Moisés ter morrido  na carne  (Dt 34,5) não  está morto, e a intercessão dos santos* no céu também não é contato com os mortos (além do que, não invocamos a presença de ninguém), dizer o contrário é blasfemar contra o próprio Cristo. 
Também sabemos que nada de impuro entrará no céu (Ap 21,27), ou seja, os santos que estão no céu não podem estar mortos, senão, seriam impuros (Lv 19,31-Lv  21,11-Nm  19,11) e não estariam lá para começo de conversa.  Por isso: vivem para Deus, pois ele é Deus dos vivos (Lc 20,38-Mt 22,32-Mc 12,27). Apesar de vulgarmente dizermos que eles morreram, o correto seria dizer que: se desprenderam dessa morada para habitar com Cristo (2 Cr 5,8-Fl 1,23-Jo 8,51). 
*Nota: Àqueles que ignoram as diferenças óbvias e irreconciliáveis entre catolicismo e espiritismo e tentam fazer relações e acusações mal-intencionadas e sem fundamento algum: A intercessão dos santos se dá num contexto de intercomunhão espiritual entre: Igreja Triunfante (santos e anjos) e Igreja militante (os cristãos nessa terra) que estão unidas sob a mesma cabeça: Jesus Cristo. Em Cristo, a oração dos salvos pode nos beneficiar. Mas essa intercomunhão não permite qualquer curiosidade ou pretensão de dons mediúnicos. Os santos não podem oferecer nada a nós que em Cristo já não se tenha conquistado. Além da óbvia diferença que ambas as religiões possuem sobre a questão da vida após a morte, a Igreja Católica rejeita a reencarnação e outros dogmas do espiritismo (aliás, como uma religião reencarnacionista teria santos no céu orando por nós?). Como está escrito: “os homens morrem uma só vez, vindo depois o juízo” (Hb 9,27).
Por Habitar na Shekinah (Lc 9,34 Hb 12,1), Moisés e Elias sabiam até mesmo de eventos futuros.
"[...]  mas por termos visto a sua majestade com nossos próprios olhos. Porque ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando  do seio da glória magnífica  lhe foi dirigida esta voz:  Este é o meu Filho muito amado, em quem tenho posto todo o meu afeto..." (I São Pedro 1,16-18)
"E eis que falavam com ele dois personagens:  eram Moisés e Elias, que apareceram  envoltos em glória [...]  viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua companhia." (São Lucas 9,30-32)
Sabendo que os justos vivem na Glória de Deus, podemos ver essa passagem com outros olhos:
"Disse-me, então, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel estivessem diante de mim, não teria piedade  desse  povo.  Expulsai-o  para  longe  de  minha  presença!  Que  se  afaste  de  mim!" (Jeremias 15,1) 
Mesmo que  Moisés e Samuel  já estivessem mortos aos olhos dos homens,  assim como Abel, eles ainda podiam clamar a Deus* por justiça e interceder pelo povo.
Nota: Alguns tentam argumentar que Deus estaria apenas colocando uma situação hipotética, mas isso não é verdade. O  hipotético implica que a ocorrência real também é possível. Se eu declarasse, por exemplo:
“mesmo se minha esposa estivesse diante de mim e implorasse, eu não limparia o chão”, isso implica que é impossível para ela o ato de implorar naquele momento? Claro que não.
Assim como faziam em vida, o povo de Deus sempre recorreu a intercessão dos homens santos, temiam e respeitavam sua autoridade,  alguém os acusaria de “não ir direto ao chefe”?  Ou de estar colocando um “reles homem” entre eles e Deus, ou até no lugar de Deus?
"(Aarão) disse  a Moisés:  Rogo-te, meu  senhor, que  não ponhas sobre nós este pecado, que nesciamente cometemos [...] E Moisés clamou ao Senhor, dizendo: Ó Deus, eu te rogo, sarai-a." (Números 12,11.13)
"O  povo  veio  a  Moisés  e  disse-lhe:  “Pecamos,  murmurando  contra  o  Senhor  e  contra  ti. 
Intercede junto  ao Senhor, para  que afaste de nós essas serpentes”.  Moisés intercedeu pelo povo..." (Números 21,7) 
“Pois eu invocarei o Senhor, e ele enviará trovões e chuvas [...] Samuel clamou ao Senhor, e o Senhor  enviou  naquele  dia  trovões  e  chuvas.  Todo  o  povo  temeu  sobremaneira  o  Senhor  e Samuel, e todo o povo disse a Samuel: Roga ao Senhor teu Deus pelos teus servos...”   (I Samuel 12,17-19)

+ A Grande Intercessão de Jeremias +

A passagem seguinte infelizmente se encontra apenas nas Bíblias Católicas e Ortodoxas, nela é explícita  a  intercessão  dos  santos;  O  guerreiro  Judas  Macabeus  recebe  uma  visão  em sonho (nenhum sonho descrito na bíblia é em vão, pelo contrário, são revelações de Deus. Ver: Gn 28,12-16-I  Reis  3,5-15-Mt  1,20-24),  neste  sonho,  lhe  é  revelado  que  o  sacerdote  Onias  e  o profeta Jeremias  (que  não estavam mais entre os vivos) permaneciam intercedendo pelo povo de Israel, glorificados, vivos para Deus. 
"Depois  disso  apareceu  também  outro  homem,  admirável  pela  idade  e  glória,  e  cercado  de grande  beleza  e  majestade:  Então,  tomando  a  palavra,  disse-lhe Onias:  Eis  o  amigo  de  seus irmãos,  aquele que reza muito pelo povo  e pela cidade santa,  Jeremias, o profeta de Deus.  E Jeremias, estendendo a mão, entregou a Judas uma espada de ouro, dizendo estas palavras ao entregá-la: Toma esta santa espada que Deus te concede e com a qual esmagarás os inimigos" (II Macabeus 15,13-16)
Jeremias era o grande intercessor do povo de Deus, fazia na glória o que fez em vida:
"O rei Sedecias enviou Jucal [...] ao profeta Jeremias, a fim de lhe dizer: Rogai por nós junto ao Senhor, nosso Deus." (Jeremias 37,3)
"E disseram ao profeta Jeremias: Ouve a nossa súplica, e intercede por nós, junto ao Senhor..."(Jeremias 42,2) 
O milagre concedido por Deus, pela intercessão de Jeremias, foi uma vitória grandiosa contra os Selêucidas,  que  possuíam  uma  força  de  combate  à  moda  dos  Helênicos,  abrangendo  desde infantaria  pesada  (as  famosas  falanges  macedônicas),  cavalaria  e  até  temíveis  elefantes  de guerra, um exército muito superior as precárias milícias de Israel. A vitória do povo de Deus foi esmagadora, exatamente como foi predito por Jeremias na visão de Judas Macabeus, tal feito só foi possível pela intervenção do Senhor dos Exércitos, o que confirma a veracidade da visão. 
A doutrina católica é  exatamente essa mostrada na escritura, os santos não possuem nenhum poder em si mesmos, não fazem milagre nenhum por si só.  Quem faz o milagre é Deus, em atenção as  orações e méritos de seus servos!  O que o  Profeta Jeremias fazia  em vida,  ele  e todos os santos continuam a fazer na glória, intercedendo por nós em atenção às súplicas da Igreja.
Estando  em  comunhão  com  o  corpo  de  Cristo,  nós  estamos  também  em  comunhão  com  a Jerusalém  celestial (Hb  12,22), a Igreja Triunfante; E com  as testemunhas  no céu (Hb  12,1), os anjos  e  justos  que  chegaram  à  perfeição  (Hb  12,23),  que  veem  a  Deus  face  a  face  pela eternidade.  Suplicar  a  intercessão  desses  vivos  que  habitam  o  céu  é  totalmente  distinto  de qualquer forma de  necromancia, se  contar com a ajuda dos servos de Deus  fosse idolatria, a súplica do povo a Jeremias, Moisés e Samuel também seria. 
Mesmo esse livro não sendo canônico para os protestantes, ele é uma prova contundente de que a intercessão dos santos é algo que vem da cultura hebraica e não de um sincretismo pagão romano, pois o livro foi escrito no século II a.C., e tido como canônico por alguns judeus até hoje. 
*7  livros  e   trechos  de  outros  foram  retirados  pelos  protestantes  na  "Reforma",  para  mais informações: https://accatolica.com/2017/08/17/em-defesa-da-versao-grega-i-e-ii-macabeus/ 

+ Sacerdócio Santo + 

Na antiga Israel,  havia  um único  Sumo Sacerdote, era  o único que podia entrar no santo dos Santos dos Santos (sem vir a óbito), para fazer a expiação com o sangue do cordeiro.
"Estes realizam um culto que é cópia e sombra das realidades celestes" (Hebreus 8,5)
Este, prefigurou a Jesus Cristo, perfeitíssimo sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedec (Hb 6,20), e  perfeitíssimo Cordeiro de Deus (Jo 1,29), o único  que pôde dar a si mesmo em  um sacrifício capaz de redimir todo gênero humano que havia caído pelo pecado de Adão. 
O templo de Jerusalém, sendo  cópia do  templo de Deus  (Hb 9,24),  possuía  apenas um SumoSacerdote para fazer a expiação  por todo o povo, sendo assim, no céu  Jesus é o  único Sumosacerdote (Hb 7,26), único Mediador da nova aliança (I Tm 2,5-Hb 9,15-Hb 12,22).
Porém o  Sumo-Sacerdote de Israel não trabalhava  sozinho.  Havia  muitos  sacerdotes sob o seu comando.  É claro que esses não podiam fazer a função única do Sumo-Sacerdote, mas tinham um importante papel no templo, orando pelo povo, e os abençoando.
Os  santos aqui neste mundo  já são sacerdotes  (I Pd 1,9), que oram  pelos outros, sob comando do Sumo-Sacerdote, é o corpo que está sob o comando da cabeça (Cl 1,18-Ef 1,10-Ef 5,23).
"vós  também  vos  tornais  [...]  um  sacerdócio  santo  para  oferecer  sacrifícios  espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo." (I Pedro 2,5)
"Eu  vos  exorto,  pois,  irmãos,  pelas  misericórdias  de  Deus,  a  oferecerdes  vossos  corpos  em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual." (Romanos 12,1)
Os antigos cristãos sabiam que esse sacerdócio não cessava, continuava no céu:
Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus. 
Eu ainda estou exposto ao perigo, mas o Pai é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa. (Inácio de Antioquia, Epístola aos Trálios 13,3 - 107 d.C.)  
Exatamente o que vemos no Apocalipse: 
"Por isso, estão diante do trono de Deus e o servem, dia e noite,  no seu templo. Aquele que está sentado no trono os abrigará em sua tenda." (Apocalipse 7,15) 
"Feliz e santo aquele que participa da primeira ressurreição! Sobre estes a segunda morte* não tem poder,  eles  serão  sacerdotes de Deus e de Cristo, e  com ele reinarão durante mil anos." (Apocalipse 20,6) 
*Nota:  A morte eterna, oposta à morte corporal  (Ap 2,10-11). Algumas seitas entendem  literalmente que haverá duas ressurreições. Mas a primeira ressurreição é o  batismo  (Rm 6,3-Cl 2,12-Ef 2,5-Mc 16,16), esses que morreram corporalmente (Ap 20,4 fala de almas!), mas já  haviam ressuscitado em Cristo no batismo, não morrem  (Jo  5,24-Jo 8,51-Jo  11,25), vivem no céu  como sacerdotes, enquanto aguardam  a segunda ressurreição (a da carne). O reino de mil anos é o tempo entre a morte de Cristo  e a parúsia. Mais informações: https://www.youtube.com/playlist?list=PLDcbjTlzmvB0Z_mx1APprmOhY8xBU_2C0
Muitos parecem querer costurar o véu rasgado (Mt 27,51), quando foi reconciliado a paz entre o céu e a terra e todos os seus seres (Cl  1,20-Ef 1,10),  como se  Jesus não tivesse vencido a  morte, e ela  ainda prevalecesse  para os que já ressuscitaram  em Cristo (Rm 6,4-11-Ef 2,8-Rm 8,38),  o que vai na contramão de  todas as  Igrejas  apostólicas, que  já haviam compreendido  essa nova realidade do Reino desde o princípio (Jo 11,25-Jo 8,51-Fl 1,23-Lc 23,43-Lc 17,20).  

+ Levitas Celestiais +

Apocalipse significa literalmente: Tirar o Véu (αποκάλυψις, apokálypsis).  Um "apocalipse", na terminologia  do  judaísmo  e  do  cristianismo,  é  a  revelação  divina  de  coisas  que  até  então permaneciam secretas, essa liturgia divina, antes velada, agora se desenvolve explicitamente.
"E, tendo aberto o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um cítaras  e taças de ouro  cheias de incenso,  que são AS ORAÇÕES DOS SANTOS." (Apocalipse 5,8) 
"E  cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és, Senhor, de receber o livro, e de desatar os seus selos; porque foste morto, e nos resgataste para Deus com o teu sangue, de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; e nos fizeste para o nosso Deus reis e sacerdotes; e reinaremos sobre a terra." (Apocalipse 5,9)
O  termo  usado  para os  anciãos  no  Apocalipse é  πρεσβύτεροι  (Presbyteroi),  de  onde  vem  o termo Presbítero. O termo é usado  para designar tanto os anciãos judeus (Mt 28,12-Mc 14,53-At 4,23-At 25,15) quanto para os anciãos cristãos (At 15,23-Tg 5,14-I Pd 5,1-I Tm 5,17). 
"Eis as classes dos filhos de Aarão [...] (que) exerceram as funções do sacerdócio. [...] dividiram os filhos de Aarão por classes, segundo o serviço deles.  [...]  foram assim distribuídos: para os filhos de Eleazar, dezesseis chefes  de família, e, para os filhos de Itamar, oito chefes de família [...] assim, foram eles classificados para seus serviços no Templo..." (I Crônicas 24,1-4.19)
"As  doze  taças  de  ouro  para  o  incenso  pesavam  cada  uma  dez  siclos,  segundo  o  siclo  do santuário; o peso total de ouro das taças era de cento e vinte siclos." (Números 7, 86)
"[...]  estavam  encarregados  do  canto  no  templo.  Tinham  címbalos,  cítaras  e  harpas  para  o serviço do templo, sob as ordens de Davi, de Asaf, de Iditun e de Emã." (I Crônicas 25,6)
No  templo  de Jerusalém,  os sacerdotes foram divididos em 24 classes, com seus respectivos representantes: 24 chefes; No  templo de Deus no  céu  vemos a figura de:  24  Anciões.  É  bem evidente  a intenção de referenciar o  antigo sacerdócio  (taças,  incenso,  cítaras,  cantos,  classes sacerdotais)  para  demonstrar a função daqueles que estão no céu.  Esses Anciões  sacerdotes, chefes das 24 classes  (12 Patriarcas e 12 Apóstolos  -  mais sobre isso adiante) cooperam com o Sumo Sacerdote, adorando a Deus e oferecendo: as orações dos santos!
Outro paralelo com o sacerdócio é na passagem onde Zacarias oferecia incenso com as orações:
"Ora, aconteceu que, ao desempenhar as funções sacerdotais diante de Deus, no turno de sua classe, coube-lhe por sorte, conforme o costume sacerdotal, entrar no Santuário do Senhor para oferecer o incenso. TODA A ASSEMBLEIA DO POVO ESTAVA FORA, EM ORAÇÃO, NA HORA DO INCENSO.  "Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do  altar do perfume.  Vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o. Mas o anjo disse-lhe: “Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração..." (São Lucas 1,8-13)
"Adiantou-se outro  anjo  e pôs-se junto  ao altar, com um  turíbulo de ouro  na mão. Deram-lhe grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as ORAÇÕES DE TODOS OS SANTOS, sobre o altar de ouro, que está adiante do trono" (Apocalipse 8,3) 
A  figura  do  Incenso  como  uma  representação  das  orações  é  algo  que  vem  desde  o  antigo testamento, é inegável que os Anciões estavam mediando as orações da Igreja.
"Suba  minha  oração  como  incenso  em  tua  presença,  minhas  mãos  erguidas  como  oferta vespertina!" (Salmos 141,2)
Assim como Zacarias  oferecia  o  incenso junto as orações  do povo, também os  Anciões  e os anjos exercem  esse sacerdócio  no céu,  apresentando  as orações (incenso) que  “sobem”  da assembleia dos  santos  (a Igreja na terra  e no céu),  oferecendo-as  no altar  do Cordeiro,  que é  ao mesmo tempo: Vítima e Sumo Sacerdote. 
A  liturgia  que acontecia no Templo  de Jerusalém  é  a  prefiguração da  que ocorre agora  no Templo de Deus,  tendo  Cristo como  Sumo-Sacerdote e Sacrifício Perfeito, e  os seus santos auxiliando como sacerdotes, levitas celestiais. A Igreja sempre está unida a essa liturgia divina, cercada de uma Nuvem de Testemunhas (santos no céu) que rezam junto a nós, mediando nossas orações, como bons sacerdotes,  em caridade plena,  é  a totalidade do corpo de Cristo que opera uníssono. 
"Se um membro sofre,  todos  os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos seus membros." (I Coríntios 12,26-27)
"[...]  pois  são  virgens.  São  eles  que  acompanham  o  Cordeiro  por  onde  quer  que  vá;  foram resgatados dentre os homens, como primícias oferecidas a Deus e ao Cordeiro. Em sua boca não se achou mentira, pois são irrepreensíveis" (Apocalipse 14,4-5) 
Recapitulando:  Estando  vivos  na  presença  de  Deus,  os  santos  alcançaram  a  plenitude  na caridade, os que  ainda militam nessa  terra não são esquecidos, na Igreja Triunfante eles dedicam sua  eternidade  para  adorar  a  Deus  e  interceder  pela  parte  do  corpo  que  ainda  sofre  nas tribulações, oferecendo "as orações dos santos" em uma liturgia celestial. 
São Paulo sabia bem sobre essas realidades do Reino dos Céus: 
"É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-lhe." (II Coríntios 5,9) 
"Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo – o que seria imensamente melhor." (Filipenses 1,20-24) 
"[...] recomendo que se façam  preces, orações, intercessões,  e ações  de  graças,  por todos os homens [...] Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador." (I Timóteo 2,1-3) 
"[...] para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo." (I Pedro 2,5)
"[...] oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo,  santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual." (Romanos 12,1)
"Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra." (Efésios 3,14-15) 
"[...] ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. ..." (Filipenses 2,10) 
A Bíblia diz que o culto espiritual (o que inclui  intercessão)  agrada muito a Deus.  Paulo diz que vivo ou morto vai continuar a agradar a Deus.  Paulo diz que quer se desprender deste corpo para estar com Cristo, sabemos que Cristo está no céu a direita do Pai (Fl  3,20), então Paulo não pretendia ir dormir na morada dos mortos, e sim ir para o céu, continuar a agradar a Deus. 
E no céu ele se mantém agradando e adorando a Deus, com sacrifícios espirituais, oferecendo preces, orações e intercessões pela Igreja, fazendo parte desse sacerdócio santo, dessa família no céu que dobra os joelhos em oração, assim como os que estão aqui na terra.

+ Figuras Apocalípticas + 

Os  24  Anciãos aludem  aos 24  chefes  das  famílias sacerdotais  (I Cr  24,4).  Mas agora os Anciãos são chefes do sacerdócio celestial de Cristo  (12 Patriarcas e 12 Apóstolos),  composto não mais pela genealogia, mas pelos santos que alcançaram a promessa, na antiga e na nova aliança.
"Respondeu Jesus: “Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória,  vós, que me haveis seguido,  estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel." (São Mateus 19,28)
"Ao vencedor concederei assentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono." (Apocalipse 3,21)  (Se ele já  se assentou, os que o seguiram  também)
"Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam." (São Tiago 1,12)
"[...] Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida." (Apocalipse 2,10)
"Venho em breve. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa." (Apocalipse 3,11)
"[...] algumas pessoas que não contaminaram suas vestes; andarão comigo vestidas de branco, porque o merecem. O vencedor será assim revestido de vestes brancas..." (Apocalipse 3,4-5)
Vemos no céu  justamente  os  Anciãos  coroados  (Ver: I Cor 9,25-I Pd 5,4-II Tm 4,8),  com  vestes brancas  e  sentados em  tronos  ao redor de Deus, são sem dúvida homens que alcançaram as promessas de Cristo, exercendo o sacerdócio celeste. 
"Imediatamente,  fui  arrebatado  em  espírito;  no  céu  havia  um  trono,  e  nesse  trono  estava sentado um Ser. [...]  Ao redor havia  vinte e quatro tronos, e neles, sentados,  vinte e quatro Anciãos vestidos de vestes brancas e com coroas de ouro na cabeça." (Apocalipse 4,2.4) 
Cantavam o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro, simbolizando a velha e a nova aliança. 
"Cantavam o cântico de Moisés, o servo de Deus,  e o cântico do Cordeiro, dizendo:  Grandes e admiráveis  são  as  tuas  obras,  Senhor  Deus  Dominador.  Justos  e  verdadeiros  são  os  teus caminhos, ó Rei das nações!" (Apocalipse 15,3) 
É descrito também uma Jerusalém no céu, onde os fundamentos são os Apóstolos do Cordeiro, e as portas são as Doze Tribos de Israel, novamente simbolizando a velha e a nova aliança. 
Levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus," (Apocalipse, 21,10) 
"Tinha grande e alta muralha com  doze portas, guardadas por  doze anjos. Nas portas estavam gravados os nomes das doze tribos dos filhos de Israel." (Apocalipse 21,12) 
"A muralha da cidade tinha doze fundamentos com os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.” (Apocalipse 21,14) 
Uma Jerusalém Celestial, onde habitam os Justos "guiados" pelos Doze Apóstolos do Cordeiro,e os "escolhidos" das  Doze Tribos de Israel,  além dos  Anjos, não é exatamente a descrição da Jerusalém Celestial que vemos em Hebreus 12? 
"Vós,  ao  contrário,  vos  aproximastes  da  montanha  de  Sião,  da  cidade  do  Deus  vivo,  da Jerusalém celestial  [Essa  nova Jerusalém irá  descer do céu no último dia, mas por enquanto a existência dela é  espiritual, junto de Deus],  das  miríades de  anjos  [guardada por  anjos, Jesus cita  doze  legiões  de  anjos  em  São  Mateus  26,53]  e  da  Igreja  dos  primogênitos,  que  estão inscritos  nos céus  [Os  salvos do antigo testamento, das  doze Tribos de Israel, a porta  da qual veio o Messias], e de Deus, juiz universal, e dos espíritos dos justos perfeitos, enfim, de Jesus, o mediador da  Nova Aliança  [Os membros da família de Deus, os  salvos do novo testamento, fundamentados  nos  doze apóstolos  -  (Ef  2,20)], e do sangue da aspersão, que fala com mais eloquência que o sangue de Abel." (Hebreus 12,22-24) 
Essa Nova Jerusalém que São João vê descer do céu para uma nova terra, é a mesma Jerusalém Celestial, já existente no céu,  relatada pelo escritor de Hebreus,  onde estão os anjos, e santos. 
Também vemos algo interessante acontecer em Apocalipse 18, onde  após a queda da Grande Cidade (Jerusalém), um homem clama aos habitantes do céu:
"Exultai sobre ela, ó céu, e vós, santos, apóstolos e profetas; porque Deus, julgando-a, vos fez justiça." (Apocalipse 18,20) 
Referência ao cântico de Moisés, onde a justiça divina recai contra os perseguidores do povo: 
"Exultai com ele, ó céu, e adorem-no todos os filhos de Deus! Nações, exultai com o seu povo, e  afirmem sua força todos os  anjos  de Deus! Porque  ele vinga o sangue dos seus servos..." (Deuteronômio 32,43)   
Mais interessante ainda, é que além dos anjos, vemos que agora estão no céu junto a Deus os "santos, apóstolos e profetas", e é bem claro que ele  não estava se dirigindo aos que estavam na terra, e sim aos que estavam no céu, pois tiveram as vidas ceifadas pela Babilônia.
"[...], mas  eis que sobreveio a tua ira e o tempo de julgar os mortos, de  dar a recompensa aos teus servos, aos  profetas, aos santos, aos que temem o teu nome, pequenos e grandes, e de exterminar os que corromperam a terra." (Apocalipse 11,18)
"Porque eles derramaram o sangue dos santos e dos profetas..." (Apocalipse 16,6) 
"Foi em ti que se encontrou o sangue dos profetas e dos santos, como também de todos os que foram imolados na terra." (Apocalipse 18,24) 
Como em uma grande  ópera  celestial, o céu exulta em resposta e um coro de santos e anjos clamam e adoram a Deus, eles claramente ouviram e reagiram quando se dirigiram a eles!
"Depois  disso,  ouvi  como  que  um  forte  rumor  de  numerosa  multidão  no  céu,  aclamando: 
Aleluia!  A  salvação,  a  glória  e  o  poder  são  do  nosso  Deus,  porque  seus  julgamentos  são verdadeiros  e  justos.  Sim!  Ele  julgou  a  grande  Prostituta  que  corrompeu  a  terra  com  sua prostituição e nela vingou o sangue dos seus servos!" (Apocalipse 19,1) 
"Então, os vinte e quatro Anciãos e os quatro Animais prostraram-se e adoraram a Deus que se assenta no trono, dizendo: Amém! Aleluia!" (Apocalipse 19,4) 
Os mesmos 24 Anciãos que entregam as “taças de ouro cheias de  perfume,  que são as orações dos  santos”  são  os  mesmos  que  correspondem  ao  clamor  de  quem  diz:  “Exultai,  Santos, Apóstolos e Profetas”. São de fato, os santos da velha e da nova aliança que oram por nós.

+ A parábola do Rico e Lázaro + 

Na parábola do Rico e Lázaro notamos elementos interessantes, o apelo a intercessão de um justo,  a realidade da vida após a morte;  Abraão mostrava conhecer não somente Lázaro, mas também o rico. Curiosamente é a única parábola onde Jesus chama alguém pelo nome (Lázaro), mais curioso ainda,  é que o Rico estando no fogo do Xeol (Dt 32,22), roga  a Abraão que Lázaro seja mandado dos mortos para seus irmãos,  mais tarde Jesus ressuscita exatamente um homem chamado: Lázaro! Mas sobre isso nós só podemos conjecturar. 
"Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão.  Morreu também o rico e foi sepultado. E, estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. Gritou, então: Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar  a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas. 
Abraão,  porém,  replicou:  Filho,  lembra-te  de  que  recebeste  teus  bens  em  vida,  mas  Lázaro, males; por isso, ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que os que querem passar daqui para vós não o podem, nem os de lá passar para cá. 
O rico disse: Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para lhes testemunhar que não aconteça virem  também eles parar neste lugar de tormentos.
Abraão respondeu: Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos!  
O rico replicou: Não, Pai Abraão; mas, se for a eles algum dos mortos, se arrependerão. Abraão respondeu-lhe: Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos." (São Lucas 16,19-31) 
Vemos que há um abismo de distância entre o Rico e Abraão:  "há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que os que querem passar daqui para vós não  o podem". Estão em duas realidades metafísicas bem distintas, pois o rico até mesmo  "levantou os olhos e viu, ao longe" o local onde Lázaro foi levado pelos anjos, assim como nós aqui em vida olhamos aos céus para contemplar a morada de Deus e dos anjos.  O  Rico então roga ao santo patriarca Abraão por ajuda, vemos que a amizade com os servos de Deus é algo ensinado pelo próprio Cristo. 
Outro detalhe interessante, as palavras: "Eles lá têm Moises e os profetas; ouçam-nos!",  indicam claramente  que Abrahão conhecia  o  que estava acontecendo  ao povo hebreu  depois de sua morte; ele sabe de Moisés e da Lei, dos profetas e seus escritos. A visão espiritual das almas dos justos, sem nenhuma dúvida, é maior do que era na terra. Existe a possibilidade  dessa passagem não ser uma parábola, e sim um relato (Jesus nunca dá nome aos personagens das parábolas).
Mesmo que seja uma Parábola, o que Jesus está ensinando a seus ouvintes não pode conter erros teológicos, e argumentos por analogias  (parábolas) não podem conter princípios falsos.
Jesus não ensinaria uma parábola com conteúdo  herético,  falso,  que não remetesse a crença dos  judeus,  para os judeus da época de Jesus os patriarcas intercediam por eles! A fé nesse modelo escatológico “protocristão” é histórico e comprovado pela literatura judaica do mundo antigo (IV Macabeus 13,17; Apocalipse de Sofonias 9,2 e 11,1-2; I Enoque 22,1-22; 38,5-11).

+ Este chama por Elias +

Os "espectadores" durante a crucificação de Jesus pensaram que Jesus estava chamando Elias para ajudá-lo. Isso mostra que eles acreditavam que a oração a um santo poderia ser ouvida.
"E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamma sabacthani? isto é: Deus meu,  Deus meu,  porque  me  abandonaste?  Alguns,  porém,  dos  que ali  estavam, e  que ouviram  isto,  diziam:  Este  chama  por  Elias.  E  logo,  correndo  um  deles,  tendo  tomado  uma esponja, ensopou-a em vinagre, e pôs sobre uma cana,  e lhe dava de beber.  Porém os outros diziam: Deixa; vejamos se Elias vem salvá-lo... " (São Mateus 27,46-50)
Os “espectadores” não são apresentados como escarnecedores de Jesus, uma vez que um deles deu-lhe de beber (Jo 19,28). A reação deles é curiosa: “vejamos se Elias vem salvá-lo”. Esse verso demostra uma crença comum na época, de que Elias viria em socorro dos justos em apuros.
Ainda hoje, em todo jantar de páscoa, os judeus servem um dos cálices para Elias, também é comum  nas  sinagogas  haver  uma  cadeira  desocupada  reservada  para o  profeta  Elias,  o  qual, segundo a tradição, está presente em todas as circuncisões e protege todas as crianças de algum mal ou perigo físico decorrente da cirurgia. A seguinte oração é feita:
“Este é o Assento de Elias, o Profeta, que ele seja  lembrado para sempre. Pela sua libertação, espero,  Ó  senhor. Eu esperei  Sua libertação, Senhor, e realizei Seus mandamentos. Elias, anjo da Aliança, aqui está o seu diante de você; Fique à minha direita e me apoie...” 
Essa  passagem,  assim  como  a  oração  do  homem  rico  a  Abraão,  nos  mostra  que  os  judeus aceitavam  tais  petições  como  apropriadas  e  permissíveis  (na  interpretação  mais  plausível, embora não absoluta) e não as via como motivo de escândalo. É um argumento especulativo, mas nos mostra que a Bíblia não condena tal pensamento como uma possibilidade teórica.

+ I Timóteo 2,5 - O Único Mediador + 

Uma  das  objeções  mais  comuns  dos  protestantes  à  intercessão  dos  santos  está  na  má interpretação do seguinte versículo: 
"Porque há um só Deus e há  um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo,  homem." (I Timóteo 2,5) 
O contexto todo dessa passagem (I Tm 2,1-15) é: As Orações devem ser oferecidas em favor dos reis  e  autoridades  pagãs?  Resposta  de  Paulo:  Sim!  Deus  quer  que  todos  eles  se  salvem  e cheguem  ao  conhecimento  da  verdade,  pelo  único  meio  de  salvação,  Jesus  Cristo,  que  era desconhecido para esses  pagãos que criam em muitos deuses  (e nem sabiam que precisavam de salvação), por isso Paulo diz:  “Que os homens orem sem ira...”, toda essa passagem trata de cristãos que estavam desconfortáveis em orar pelo bem dos seus algozes, o texto não trata em nenhum momento sobre quem podia mediar a oração dos cristãos a Deus, ao contrário,  o texto mesmo diz que os santos  devem mediar orações uns pelos outros, incluindo seus  inimigos. O contexto totalmente desconexo que  muitos protestantes criaram, de que os cristãos estariam aí “rezando para outra coisa” e Paulo estaria corrigindo-os, é uma verdadeira fantasia. 
Em momento nenhum a intercessão dos santos vai entrar em conflito com I Timóteo 2,5; basta nós lermos o versículo seguinte, dentro do contexto: 
"Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem. O qual se deu a si mesmo em preço de  REDENÇÃO  por todos, para servir de testemunho a seu tempo." (I Timóteo 2,5-6)
E comparar com outras passagens que tratam do mesmo assunto: 
"Ao nosso Sumo Sacerdote, entretanto, compete ministério tanto mais excelente quanto ele é mediador de uma aliança mais perfeita, selada por melhores promessas." (Hebreus 8,6) 
"Por isso, ele é mediador do novo testamento. Pela sua morte expiou os pecados cometidos no decorrer do primeiro testamento, para que os eleitos recebam a herança eterna que lhes foi prometida. Porque, onde há testamento,  é necessário que intervenha a morte do testador." (Hebreus 9,15-16) 
"[...] Jesus, o mediador da  Nova Aliança, e do sangue da aspersão, que fala com mais eloquência que o sangue de Abel." (Hebreus 12,22-24)
Fica claro que essa mediação única é a da salvação/redenção, por isso o foco no "Jesus Cristo, HOMEM", pois ele fala do sacrifício ("O qual  se deu a si mesmo...") que Jesus realizou na carne para  ser  nosso  Salvador.  Ele  é  o  único  mediador  no  sentido  de  ele  ser  mediador  do  Novo Testamento entre Deus e a humanidade! 
Sendo Jesus, perfeitamente Deus e perfeitamente Homem,  Ele está em Deus e Deus está n'Ele (Jo 17,22-23), para que Ele esteja em nós (Gl 2,20), e nós n'Ele  por meio do seu Corpo, a Igreja (Cl 1,24). Estando assim o homem e Deus reconciliados por Cristo Jesus! 
Ou  seja,  não  temos  outra salvação  senão  pelo  sacrifício  de  Jesus  Cristo,  participando  do  seu Corpo. Não há nenhuma outra forma de chegarmos ao  céu  (At 4,12),  nem pela antiga Lei de Moisés, nem por nenhuma outra forma! Apenas pelo sacrifício de Cristo que redimiu o pecado do homem; Perceba que ele  não está falando de  mediar  orações  em momento nenhum,  ele estaria se contradizendo com o que escreveu alguns versículos antes:  
"Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens [...] Porque isto é bom e agradável diante de Deus..." (I Timóteo 2,1.3) 
Assim  como  os  santos  no  céu,  somos  mediadores  de  orações  uns  pelos  outros,  e  não mediadores da salvação, vemos claramente que Deus se agrada  (e deseja)  que oremos uns  pelos outros,  a interpretação  que os protestantes  criaram de  "único mediador"  está tão distorcida e longe do que São Paulo estava tratando em sua carta, que para serem coerentes com a própria interpretação, eles não poderiam orar por ninguém e vice-versa. 
No entanto, vemos que São Paulo pede para que os cristãos orem uns pelos outros!  Mas por que pedir para terceiros orarem por nós se há um único Mediador?  Basta que cada um ore por si, uma só vez, “indo direto ao chefe” não é mesmo? Quanta incoerência!
Está  claro que a mediação de Cristo não é sobre uma função exclusiva de rogar ao Pai por nós, entendendo dessa forma, o próprio Cristo teria nos deixado sem mediador:
"Naquele dia pedireis em meu nome, e  eu  não  rogarei ao Pai por vós. Pois o mesmo Pai vos ama, porque vós me amastes e crestes que saí de Deus. Saí do Pai e vim ao mundo. Agora deixo o mundo e volto para junto do Pai." (São João 16,26-28) 
Jesus  é um com o Pai, Rogar a Ele é rogar ao Pai.  Jesus  permanece o único mediador  da nossa salvação,  os  discípulos,  sendo  um  com  ele  pela  fé  e  pelo  amor,  serão  amados  pelo  Pai  e  o verdadeiro sentido da mediação de Jesus terá atingido o seu efeito em plenitude.
Infelizmente, muitos tratam  Jesus  como  um "office boy" de orações diante do Pai.  Isso é um erro,  pois Ele é a segunda Pessoa Divina da Santíssima Trindade!  A nossa relação não deve ser: 
[Indivíduo>JESUS>PAI]. Ela deve ser:  [IGREJA>SANTÍSSIMA TRINDADE].  A  <Igreja> é o Corpo de Cristo, em que  um  Indivíduo  está incluso  entre  muitos  santos (do céu e da terra)  em um só espírito. A nossa relação é de uma família. 
"Pelo contrário, quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito." (I Coríntios 6,17)
"...Reunidos num só corpo pela virtude da cruz, aniquilando nela a inimizade. Veio para anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz também àqueles que estavam perto; porquanto é por ele que  ambos  temos acesso junto ao Pai num mesmo espírito. Consequentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos,  mas sois concidadãos dos santos  e  membros da família de Deus." (Efésios 2,16-19) 
Podemos ainda argumentar de outra forma:  Jesus é o único mediador,  mas  isto não significa que outros não sejam mediadores como partes da única mediação de Cristo. Por exemplo, Jesus diz que Ele é o único pastor (Jo 10,16); mas Ele confia a Pedro a tarefa de apascentar as suas ovelhas (Jo 21,15). A Bíblia ensina que há muitos pastores (Ef 4,11- At 20,28) apesar de Cristo  ser o únicoe grande pastor (Hb 13,20), e também ensina que há apenas um Juiz (Tg 4,12), porém os santos também  serão  juízes  (I  Cor  6,2).  O  ponto  aqui  é  que  todos  estes  outros  pastores  e  juízes trabalham através da instituição do único Pastor/Juiz, Jesus Cristo. 
Assim como Ele, sendo eternamente Sumo-Sacerdote  (Hb 6,20), não elimina os sacerdotes que trabalham sob seu ministério (Ap 7,15-Ap 20,6), como na antiga aliança, a diferença é que agora o tabernáculo se encontra no céu. Tudo se dá pela participação dos santos no corpo de Cristo. 

+ Mediações Diferentes, Intercessão + 

"Se perto dele se encontrar um anjo, um mediador entre mil, para ensinar-lhe o que deve fazer, ter piedade dele e dizer:  Poupai-o  de descer à cova, pois recebi o resgate de sua vida."  (Jó 33,23) 
Jó declara que os anjos são mediadores junto a Deus (ou intercessores em algumas traduções), e  que  há  milhares  deles  no  céu,  que  executam  uma  mediação  que  nada  tem  a  ver  com  a salvação, da qual Cristo é verdadeiramente o único mediador.  A função mediadora dos anjos é de interagir, auxiliar e proteger os homens. 
"E ouviu Deus a voz do menino, e bradou o anjo de Deus a Agar desde os céus, e disse-lhe: Que tens,  Agar?  Não  temas,  porque  Deus  ouviu  a  voz  do  menino  desde  o  lugar  onde  está ."(Gênesis 21,17)
"Porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos." (Salmos 90) 
"O anjo do Senhor acampa em redor dos que o temem e os salva." (Salmos 33,8) 
"Então o anjo do Senhor respondeu, e disse:  Ó Senhor dos Exércitos,  até quando não terás compaixão de Jerusalém, e  das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos?  E  respondeu  o  Senhor  ao  anjo,  que  falava  comigo,  com  palavras  boas,  palavras consoladoras." (Zacarias 1,12-13) 
O Anjo está claramente intercedendo a Deus pelo povo Hebreu, e a intercessão tem sucesso. 
"Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?" (Apocalipse 6,10) 
Vemos  que  os  santos  mártires  fazem  a  mesma  coisa  que  o  Anjo,  mas  ao  invés  de  pedirem compaixão, eles pedem que Deus intervenha na terra com justiça.   O próprio Cristo nos contou sobre um homem condenado no Xeol que pede a intercessão do Patriarca Abraão.
"O rico disse: Rogo-te então, pai (Abraão), que mandes Lázaro..." (São Lucas, 16,27) 
Nos Salmos, vemos o Santo Rei David invocar os anjos para que louvassem o Senhor junto com ele, se dirigir aos habitantes do céu não é algo inédito ou proibido:
"Bendizei  o Senhor todos os seus anjos, valentes heróis que cumpris suas ordens, sempre dóceis à sua palavra." (Salmos 102,20) 
"Louvai-o, todos os seus anjos. Louvai-o, todos os seus exércitos." (Salmos 148,2) 
"Chama para ver se te respondem! A qual dos santos te dirigirás?" (Jó 5,1)
"Anjos  do  Senhor,  bendizei  o  Senhor,  louvai-o  e  exaltai-o  eternamente!"  (Daniel  3,58)(Excluído do cânon protestante) 
"Espíritos  e  almas  dos  justos,  bendizei  o  Senhor,  louvai-o  e  exaltai-o  eternamente!" (Daniel 3,86) (Excluído do cânon protestante)   
"Exultai  sobre ela, ó céu; e vós,  santos,  apóstolos  e  profetas, porque Deus julgou contra ela a vossa causa." (Apocalipse 18,20)  
Bendizei, Louvai e Exultai, são todas palavras no modo imperativo, ou seja, o  texto demonstra claramente  o  homem  falando  aos  habitantes  do  céu  com  naturalidade,  sem  isso  denotar nenhum tipo de idolatria. Assim como fez o Patriarca Jacó: 
"Que o anjo ( ך ָא ְל ַמ ַה) que me guardou de todo o mal, abençoe estes meninos!" (Gênesis 48,16) (O termo hebraico usado é o mesmo que se usa para o anjo intercessor em Zacarias 1,12.) 
Esse  anjo  que  o  guardou  de  todo  o  mal  é  provavelmente  o  mesmo  que  ele  anteriormente combateu e pediu a benção  em Genesis  32,25  (talvez o seu anjo da guarda).  Ao contrário do que alguns absurdamente alegam, esse anjo não é o próprio Deus. Os que o viam, diziam ter visto a Deus (Gn 32,31-Jz 13,22), mas é claro que ninguém nunca viu a face de Deus (Ex 33,20-Jo 1,18). 
"[...] lutou com Deus. Lutou com um anjo e prevaleceu, chorou e lhe suplicou." (Oséias 12,4-5) 
Essa passagem deixa claro  Genesis 32,25. Jacó “lutou com Deus”, porque lutou contra um anjo, emissário  de  Deus!  E  não  contra  Deus  diretamente!  No  mundo  antigo,  um  emissário representava a autoridade do seu superior como se fosse o representado em pessoa. O próprio Jesus demonstra isso quando envia seus discípulos:  “Quem vos ouve  a mim ouve; e quem vos rejeita a mim rejeita” (Lc  10,16), por isso é dito que Jacó:  lutou com Deus e prevaleceu,  ou que ele: viu Deus face a face, mesmo que ele não tenha visto, ou lutado com Deus em pessoa. 
“Deus  enviou [Moisés] como chefe e redentor, com a assistência do anjo que lhe  apareceu na sarça. Foi ele quem os fez sair, operando prodígios e sinais na terra do Egito, no mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos. Foi ele, Moisés, quem disse aos filhos de Israel: 'Deus vos suscitará, dentre vossos irmãos, um profeta como eu'. Foi ele quem, na assembleia do deserto, esteve com  o  anjo  que  lhe  falava  no monte  Sinai  e  também  com  nossos  pais;  foi  ele  quem recebeu palavras de vida para nos transmitir.” (Atos 7,35-38) 
Em nenhum momento Estevão diz que o anjo era Jesus, pelo contrário, Estevão parece reforçar que era um “mero” anjo, e faz forte distinção entre o passado quando Deus usou os seus anjos para dar a Lei  (At 7,51), e agora que Deus mandou o próprio Filho. Ele ainda diz que  o Anjo que ia  adiante  do  povo  (Ex  23,20)  era  o  mesmo  que  Deus  usou  para  falar  na  Sarça  (segundo  a Septuaginta e a citação no Novo Testamento). São Paulo faz o mesmo:
"Muitas  vezes  e  de  diversos  modos  outrora  falou  Deus  aos  nossos  pais  pelos  profetas.
Ultimamente nos falou por seu Filho,  [...]  tão superior aos anjos quanto  excede o deles o nome que herdou." (Hebreus 1,1-4)
No passado, Deus falou de diversos modos, mas só agora Deus falou por meio do Filho, ou seja, ele não falou por meio do Filho no passado.  Toda essa passagem mostra a superioridade do Filho e da nova aliança, sobre a velha aliança e os anjos que apareceram no passado (At 7,53; Hb 2,2), tudo demonstra que no passado o Filho ainda estava oculto, o Anjo do Senhor era de fato o que o nome diz, um Anjo. 
“Em outros lugares da Bíblia, quando um profeta fala, é dito que é o  próprio  Senhor que fala, não porque o profeta seja o Senhor, mas porque o Senhor está no profeta; e assim, da mesma maneira quando o Senhor condescende em falar  através da  boca de um profeta ou anjo,  é o mesmo que quando ele fala por um profeta ou apóstolo,  o anjo é corretamente denominado “anjo” se o considerarmos por si mesmo, mas de maneira igualmente correta ele é chamado de "O Senhor", porque Deus habita nele [...] O nome é de quem habita o templo, e não do temploem si.” (Santo Agostinho, Sermones Ad Populum, Classis I, De Scripturis, Sermo VII, § 5)
O  Anjo do Senhor  não era uma Teofania ou Cristofania, e sim  um  dos  Anjos  de Deus,  espíritos criados, que serviam como mensageiros, e até de receptáculos (um tipo de “avatar”) para Deus falar quando necessário  (como no caso da Sarça), porém vemos que são criaturas  distintas  de Deus (Gn 24,7-Nm  20,16-II Sm  24,16-Zc 1,12-Zc 3,1). No Novo Testamento isso é mais claro ainda(Jo 5,4-Mt 1,20-Lc 1,11).
Apesar do  Anjo do Senhor não  ser  Jesus Cristo,  ele  estava ali no velho testamento como uma representação do Filho que um dia viria, uma prefiguração de Deus que se daria a conhecer. 
Mesmo  sendo  criaturas,  os  anjos  resplandecem  a  glória  (Jz  6,22-Tb  12,15)  e  exercem  a autoridade de Deus, tendo o temor e a veneração dos homens (Gn 19,1; Js 5,15).
"Eu enviarei o meu anjo, que vá adiante de ti, te guarde pelo caminho e te introduza no lugar que preparei. Respeita-o, ouve a sua voz e vê que não o desprezes, porque ele não te perdoará se pecares, pois o meu nome está nele." (Êxodo 23,20-21)
São protetores  (Sl 33,8-Sl  90-Dn 3,49-Dn 6,22-Is 63,9) e intercessores (Zc  1,12-Jó  33,23)  que Deus criou para auxiliar o homem, podendo ser chamados desde os céus (Gn 48,16-Jó 5,1-Sl 102,20).
Apesar do anjo não estar diante de Jacó, ele pede a benção, pois sabia que seria ouvido no céu (E mesmo que alguém teimosamente insista que era Jesus pé-encarnado, Jacó não sabia, e não teria como saber  disso).  As  palavras  de Genesis 48,16  são usadas até hoje pelos judeus como uma oração angelical (Hamalach Hagoel-  ך ַאל ַמה   ל ֵאֹּג ַה ).
Também é comum a oração pela benção dos anjos  ministradores ( יכאלמ   תרשה )  no começo da liturgia judaica (Shalom Aleikhem- םכילע םולֹ ָּש) e até mesmo uma oração pela proteção (B'sheim Hashem-  ם ֵש ְב   ם ֵש ַה )  dos  Arcanjos:  Miguel  (לאכימ),  Rafael  (לאפר),  Gabriel  (לאירבג)  e  Uriel
(לאירוא). Alguém acha mesmo que os judeus desconhecem as escrituras e idolatram os anjos?
Sabendo que os anjos claramente intercedem em nosso favor,  e que a palavra é dirigida aos habitantes  do  céu  até mesmo  de  forma  imperativa ("Bendizei,  Louvai  e  Exultai"),  em  que  se baseiam  os  que acusam  que  a  intercessão  ("Rogai")  seja  idolatria?  Nossos  anjos  no  céu  não contemplam a face de Deus (Mt 18,10)? Não são eles espíritos que servem em nosso benefício? 
"Porventura,  não  são  todos  eles  (os  anjos)  espíritos  servidores,  enviados  para  servir  em benefício dos que devem herdar a salvação?" (Hebreus 1,14) 
Por  que  os  "espíritos  dos  justos  perfeitos"  (Hb  12,23),  que  nos  testemunham  do  céu  e contemplam a face de Deus, estariam impedidos de interceder por nós em orações a Deus?   

+ Por que não pedir "direto" a Deus? + 

Nós  devemos  sempre  orar  a  Deus  diretamente,  foi  por  isso  que  Jesus  nos  ensinou  a  Oração Dominical, o Pai Nosso. Pedir a intercessão dos santos não significa que deixemos de pedir a Deus diretamente, e sim que além de nossas preces ao Pai, pedimos que os justos no céu orem por  nós,  assim  como  pediríamos  a  qualquer  membro  da  Igreja,  como  disse  Santo  Tomás:
“oramos aos santos, [...] não para que Deus possa por meio deles conhecer nossas petições, mas que nossas orações possam ser eficazes por meio de suas orações e méritos.”  
Essa relação de caridade entre os membros da Igreja é amplamente incentivada na escritura:
"O Senhor está longe dos maus, mas atende à oração dos justos." (Provérbios 15,29) 
"Confessai os vossos pecados uns aos outros, e  orai uns pelos outros  para serdes curados.  A oração do justo tem grande eficácia." (São Tiago 5,16) 
"Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo e em nome da caridade que é dada pelo Espírito, combatei comigo, dirigindo vossas orações a Deus por mim," (Romanos 15,30) 
"Por fim, irmãos,  orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja estimada, tal como acontece entre vós." (II Tessalonicenses 3,1) 
"Orai por nós. Estamos persuadidos de ter a consciência em paz..." (Hebreus 13,18) 
"Irmãos, orai também por nós." (I Tessalonicenses 5,25) 
"Com  orações e súplicas  de toda a sorte,  orai  em  todo o tempo, no  Espírito  e para isso vigiai com toda perseverança e súplica por todos os santos. Orai também por mim."  (Efésios 6,18-19)
"Ele nos livrou e nos livrará de tamanhos perigos de morte. Sim, esperamos que ainda nos livrará se nos ajudardes também  vós com orações em nossa intenção. Assim essa graça,  obtida pela intercessão  de  muitas  pessoas,  lhes  será  ocasião  de  agradecer  a  Deus  a  nosso  respeito." (II Coríntios 1,10-11) 
Se a oração dos nossos irmãos que ainda caminham pela fé tem tanto valor, imagine então  o que pode ser obtido pela nossa oração unida à  de um justo  no céu, ou  de uma multidão deles, pela intervenção de muitas pessoas que chegaram à perfeição e estão eternamente na presença de Deus, em pleno conhecimento e caridade.  Isso  é algo lógico  que não fere em nada a escritura:
"Porque, como  o corpo é um todo com muitos membros, e  todos os membros  do corpo, embora muitos,  formam  um  só  corpo,  assim  também  é  Cristo  [...]  Se  um  membro  sofre,  todos  os membros  padecem  com  ele;  e  se  um  membro  é  tratado  com  carinho,  todos  os  outros  se congratulam por ele." (I Coríntios 12,12.26)
"Assim  nós, embora sejamos  muitos,  formamos um só corpo em Cristo, e  cada um de nós é membro um do outro." (Romanos 12,4-5)
"Pelo contrário, quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito." (I Coríntios 6,17)
"Pois estou persuadido de que nem a morte [...] nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." (Romanos 8,38.39)
Somos um só corpo, que nem a morte separa, unidos em um só espirito. 
"Consequentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus." (Efésios 2,19)
"Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra." (Efésios 3,14-15) 
"para  que  ao  nome  de  Jesus  se  dobre  todo  joelho  no  céu,  na  terra  e  nos  infernos..."
(Filipenses 2,10) 
Somos membros de uma só família, na terra e no céu.
"Os fariseus perguntaram um dia a Jesus  quando viria o Reino  de Deus. Respondeu-lhes: “O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós”." (São Lucas 17,20)
"E  acrescentou:  “Jesus,  lembra-te  de  mim,  quando  tiveres  entrado  no  teu  Reino!”.  Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”." (São Lucas 23,43)
O Bom Ladrão já está no Reino, o Reino já está no meio de nós, logo, ele está “entre” nós.
"Eu  vos  digo  que  do  mesmo  modo  haverá  mais  alegria  no  céu  por  um  só  pecador  que  se arrepende..." (São Lucas 15,7)
"Se  um  membro sofre, todos  os membros padecem com ele; e  se um  membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele." (I Coríntios 12,26)
No Reino dos céus eles não são alheios a nossa tribulação, torcem para nosso sucesso.
"Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas..." (Hebreus 12,1)
"Vós, ao contrário, vos aproximastes [...] dos espíritos dos justos perfeitos... (Hebreus 12,24) 
Os  justos  que  estão perfeitos no Reino dos céus, nos cercam e nos testemunham,  e como “a oração do justo tem grande eficácia”, a oração deles é um grande auxílio aos cristãos.
Recapitulando:  A escritura  diz que  somos membros de  um só corpo,  uma só família,  no céu e na terra,  vivendo em comunhão,  nem a morte separa esse vínculo  de caridade,  o céu  está  atento a cada um de nós, como se estivessem entre nós. A escritura também diz para as comunidades da Igreja orarem  umas pelas outras.  Logo,  pedimos que ore por nós não só os santos  da  Igreja militante  (a  família  na  terra),  mas  também  os  que  já  estão  perfeitos,  os  santos  da  Igreja triunfante (a família no céu). Porque somos todos um só corpo, um só espírito em Cristo Jesus!
"Ele nos manifestou o misterioso desígnio de sua vontade, [...] desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra." (Efésios 1,9-10)
"Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o primogênito dentre os mortos e por isso tem  o  primeiro  lugar  em  todas  as  coisas.  Porque  aprouve  a  Deus  fazer  habitar  nele  toda  a plenitude  e por seu intermédio  reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus." (Colossenses 1,16-20)
Se na escritura vemos: “Exultai sobre ela, ó céu, e vós, santos, apóstolos e profetas”.
Nós, tranquilamente dizemos: “Rogai por nós, ó céu, e vós, santos, apóstolos e profetas”.

+ Culto devido aos Santos, Louvor e Imitação +

“A Cristo, nós O adoramos, porque Ele é o Filho de Deus; quanto aos mártires, nós os amamos como a discípulos e imitadores do Senhor: e isso é justo, por causa da sua devoção incomparável para  com  o  seu  Rei  e  Mestre.  Assim  nós  possamos  também  ser  seus  companheiros  e condiscípulos!” (Martírio de Policarpo 17,3 - 155 d.C.)
Os cristãos sempre souberam dar valor aos seus heróis, sem que  isso tirasse qualquer coisa da Glória de Cristo, pelo contrário, essa pratica engrandece ao Senhor. Mesmo assim, muitos usam versículos como o seguinte para acusar a Igreja de Idolatria, ou de tirar o “foco” de Cristo:
"Eu sou o Senhor, esse é meu nome, a  ninguém cederei minha glória, nem a ídolos minha honra." (Isaías 42,8)
Porém esquecem de que o texto fala de falsos deuses, demônios que queriam roubar a glória do nosso Deus. Vemos em outras situações que o Senhor deu sim a sua glória a outros.
"Porque o Senhor Deus é nosso sol e nosso escudo, o Senhor dá  a graça e a glória. Ele não recusa os seus bens àqueles que caminham na inocência. " (Salmo 83,12)
"Porque ele é tido por digno de  tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou." (Hebreus 3,3)
Jesus é digno de MAIOR GLÓRIA, ou seja, os santos também são dignos de Glória!
"Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado." (São João 17,10)
"Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um." (São João 17,22)
"Para que seja glorificado o nome de nosso Senhor Jesus em vós, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo." (II Tessalonicenses 1,12)
E na glória dos seus servos Ele é glorificado, tudo vem  d'Ele:  “Porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Ele mesmo "realiza em nós o querer e o executar" (Fl 2,13).
"[...]  Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim..."(Gálatas, 2,19-20)
Louvamos os santos porque Cristo viveu (e vive) neles, veneramos  Cristo em seus membros,  eles são exemplos de conduta cristã, heróis da fé, que deram a vida por Deus. Quando alguém elogia a obra, está elogiando também o autor dela, os santos são obras de Deus, e toda obra dos santos vem de Deus (Jo 15,5). Não existe concorrência entre um e outro.
Para alguns irmãos separados isso é abominável, é “colocar o homem no centro”, e até idolatria.
Mas vemos que esse conceito é sim bíblico, as criaturas de Deus podem e devem ser louvadas. 
"Judá, teus irmãos te louvarão. Pegarás pela nuca os inimigos; os filhos de teu pai se prostrarão em tua presença" (Gênesis 49,8)
"Façamos elogio dos homens ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem.  O  Senhor deu-lhes  uma  GLÓRIA  abundante,  desde  o  princípio  do  mundo,  por  um  efeito  de  sua magnificência" (Eclesiástico 44,1-2) (Excluído do cânon protestante) 
"Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situa-da sobre uma  montanha, nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire,  mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa.  Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus"  (São Mateus 5,14-15)
Os santos são verdadeiros faróis para o mundo que jaz no maligno. A luz da lua vem do Sol, sem o Sol a lua não é nada. Nós reconhecemos nos  santos a Glória de Deus, isso não ofusca a sua glória, isso à magnifica, a razão de ser dos santos é o Senhor.
"E Maria disse: “Minha alma magnífica o Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,  porque  olhou  para  sua  pobre  serva.  Por  isso,  desde  agora,  todas  as  gerações  me proclamarão bem-aventurada.  porque  realizou em mim maravilhas  aquele que é poderoso e cujo nome é Santo." (São Lucas 1,46-48)
Todas as gerações  (de verdadeiros cristãos)  proclamarão  as  glórias  de  Maria  (que foram dadas por  Deus),  ao  louvarmos  sua  bem-aventurança  e  as  maravilhas  que  Deus  realizou  nela,  nós louvamos, magnificamos e glorificamos o próprio Deus. 
A catequese paulina é explicita nesse  quesito,  imitar aos que imitam/imitaram  o Senhor, ter eles como exemplo de vida e conduta.
"E vós vos fizestes  imitadores nossos  e do Senhor, ao receberdes a palavra, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo" (I Tessalonicenses 1,6)
"Irmãos, sede meus imitadores, e olhai atentamente para os que vivem segundo o exemplo que nós vos damos." (Filipenses 3,17)
"Por isso, vos conjuro a que sejais meus imitadores." (I Coríntios 4,16)
"Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo." (I Coríntios 11,1)
"e que, longe de vos tornardes negligentes,  sejais imitadores daqueles que pela fé e paciência se tornam herdeiros das promessas." (Hebreus 6,12)
"Lembrai-vos de vossos guias que vos pregaram a Palavra de Deus. Considerai como  souberam encerrar a carreira. E imitai-lhes a fé." (Hebreus 13,7)
Imitai a fé dos que “encerraram  a carreira”, ou seja: se lembrem e imitem o exemplo dos santos que já se foram, e que pela fé alcançaram  a promessa  do céu  , assim como foi (e  ainda é)   louvado a memória dos falecidos heróis do velho testamento (Eclo 44,1-II Sm 1,17-II Cr 35,25-II Cr 16,14-II Cr 32,33-Jr 34,5-II Reis 23,17-Mt 23,29-Lc 11,47-Hb 11,1-40).
O  autor  de  Hebreus  passa  todo  um  capítulo  louvando  os  santos  que:  “pela  fé  alcançaram  a promessa”, e mais de uma vez na epistola nós somos chamados a imita -los, e para imita-los, precisamos conhecê-los, falar deles não é “tirar o foco” de Deus, é cumprir sua palavra. 

+ Conclusão + 

Vemos  que  os  que  se  foram  estão  na  presença  de  Deus,  não  estão  mortos  como  na  crença veterotestamentária, eles estão mais vivos do que nós, na presença de Deus, em eterna adoração e louvor. Ele é o “Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos; porque para ele, todos vivem”.  E se eles estão vivos para Deus, estão  vivos para nós  através  d'Ele como membros  de  Seu  único  corpo.  Eles  podem  e  devem  ser  lembrados e louvados  como  grandes  exemplos  de  Fé,  Esperança  e  Caridade;  Homens  e  mulheres  que seguiram a Cristo mesmo que isso custasse a própria vida, Nosso Senhor vive neles, e eles vivem eternamente em Cristo.
A intercessão dos santos não coloca ninguém entre nós e Deus, certamente não rezamos aos santos  em  vez  de  rezar  a  Deus.  Rezamos  por  meio  dos  santos  a  Deus  em  Cristo.  Em  última análise, não são os santos que respondem às nossas preces; o que eles fazem é ecoá-las com mais profundidade, clarividência e amor. 
"Miríade de anjos do Senhor e justos que chegaram à perfeição, rogai por nós, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém!" 

+ Viva Cristo Rei + 

Bibliografia:

Bíblia Vulgata, traduzida e anotada para o português pelo Padre Matos Soares (9ª edição).

Bíblia de Jerusalém, traduzida diretamente dos originais pela ‘École biblique de Jérusalem’ (1ª edição).

Bíblia Ave Maria (versão online https://www.bibliacatolica.com.br/ ) 

Catecismo da Igreja Católica, Parágrafos: 954, 955, 956.

Introdução: Adaptação do texto: http://jimmyakin.com/praying-to-the-saints

São Tomás de Aquino, Suma Teológica II-II Questão 83, Artigo 4 e 11.

Scott Hahn, Santos e Anjos: Um guia bíblico para a amizade com os que estão junto de Deus.

Scott Hahn, O Banquete do Cordeiro: A Missa segundo um convertido.

Youtube, Canal: Bíblia, Livros e Café

Artigos: Blog ACCATÓLICA: https://accatolica.com/

Cultura Judaica: 
https://www.chabad.org/library/article_cdo/aid/144123/jewish/The-Chair-of-Elijah-andWelcoming-the-Baby.htm

https://www.chabad.org/holidays/passover/pesach_cdo/aid/504495/jewish/Why-Is-Elijah-theProphet-Invited-to-the-Seder.htm 

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