ERROS QUE O PASTOR CIRO SANCHES DEVE EVITAR




Autor: THALYSSON DE MOURA

Este é o primeiro artigo da Série: Erros que o Pastor Ciro Sanches Deve Evitar.
Geralmente quem quer criticar alguém começa com um prólogo de elogios, fazendo jus ao provérbio “O homem que lisonjeia a seu próximo arma-lhe uma rede diante de seus passo” (Pv.29:5). Não tenho más intensões contra o pastor Ciro Sanches Zibordi, pois aprendi muito com ele, sou um grande admirador de algumas de suas obras apologéticas. Mas quero mostrar que mesmo um grande homem de Deus, inteligente e competente pode cometer erros grosseiros e até mentir descaradamente. Quero prevenir também a CIROLATRIA que está se alastrando no seio da Igreja, muitos estão crendo que o pastor Ciro é a bússola inerrante e creio que ele não se agradaria muito disso.
Quero deixar bem claro que o pastor Ciro teve um papel fundamental de purgação das pregações evangélicas brasileiras que se encontravam mergulhadas num terrível lodo de heresias. Deus abençoe o pastor Ciro Sanches e que ele continue servindo como instrumento nas Suas mãos, mas que também tenha humildade para dar opinião apenas sobre o que estudou.

1.     O APÓSTOLO PAULO FOI ARREBATADO AO TERCEIRO CÉU?
Ciro Sanches afirma, em seu livro Evangelhos que Paulo jamais pregaria, que o Apóstolo Paulo estivera no terceiro céu e não “recebera autorização do Senhor para falar do que havia visto e  ouvido no Paraíso” [E.Q.P.J.P., p. 16]. Fala também que Paulo esteve na Universidade do Terceiro Céu [E.Q.P.J.P., p. 20], “Deus o arrebatou ao Paraíso, no terceiro céu” [E.Q.P.J.P., p. 27].
Nos versículos (2Co.12:2-4), Paulo fala que conheceu um homem que foi arrebatado ao terceiro céu e não que esse homem era ele.
Muitos dizem que foi um ato de humildade de Paulo dizer que conheceu um homem e não que esse homem era ele mesmo. O próprio pastor Ciro diz que foi um ato de modéstia: “Muitos, não atentando para o fato de ter usado de modéstia, pensam que estava falando de outra pessoa” [E.Q.P.J.P., p.27].
Será mesmo que Paulo estava usando de modéstias, ou falou desse outro homem porque era realmente outro e não ele mesmo? Notaremos que esse argumento do pastor Ciro é muito inconsistente e que ele está seguindo a opinião da maioria dos teólogos e não a Verdade Bíblica. Peço que o pastor Ciro leia o título do capítulo 4 de seu livro Mais erros que pregadores devem evitar que diz: Não ultrapasseis o que está escrito (1Co.4:6). Se Paulo foi ao terceiro céu não sabemos, mas que ele tenha dito que foi, isso ele não disse jamais.
Paulo mostra algumas vezes que foi superior até aos próprios apóstolos que andaram com Cristo, mostrando sua autoridade, defendendo o seu apostolado (1Co.9), defende sua autoridade em (2Co.10-12). O Apóstolo fora criticado e defendeu-se, procurou defender sua autoridade diante de presunçosos falsos apóstolos (2Co.10-13). Paulo não se sentia inferior a tais falsos apóstolos, se considerando menos eloquente do que eles, mas não menos sábio (2Co.11:4-6). Continuaria sustentando, financeiramente, a si próprio para que os falsos apóstolos não se gloriassem dizendo serem iguais a ele (2Co.11:12-15). Vejam a eloquente justificativa de Paulo contra os falsos apóstolos hebreus em (2Co.11:22-33), mostrando sua superioridade em servir a Cristo: trabalhou pra Cristo muito mais, encarcerado mais vezes, açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes, cinco vezes recebeu dos judeus 39 açoites, três vezes golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofreu naufrágio, um dia e uma noite exposto à fúria do mar, enfrentou perigos das inúmeras viagens, de rios, assaltantes, perigo dos compatriotas, dos gentios, perigos na cidade, no deserto, no mar, enfrentou falsos irmãos. Trabalhou arduamente, muitas vezes sem dormir, passou fome e sede, frio, nudez. Sem falar nas pressões psicológicas no ministério se preocupando com todas as Igrejas. Paulo não usou de modéstia em (2Co.11:22-33). Por que no versículo subsequente mudaria tão abruptamente seu discurso? Não fazem sentidos os argumentos do pastor Ciro a esse respeito. Paulo fala que era um ministro ainda maior do que tais falsos apóstolos (2Co.11:23). Como pode o pastor Ciro falar que Paulo esta usando de modéstia? Será que ele pulou estes textos, se esqueceu, ou fez abstração deles?
Em (2Co.12:1-6), Paulo fala que continuaria se gloriando nas visões e revelações do Senhor. Continua falando que conheceu um homem que foi ao terceiro Céu e que se gloriaria nesse evento. Paulo se gloriou bastante da sua obra evangelística e das adversidades sofridas (2Co.11). Por que, se esse homem que foi arrebatado ao paraíso fosse ele, Paulo mudaria o discurso de autodefesa dizendo que esse home era outrem? Só se realmente esse homem fosse outrem. Paulo se gloriou em tão somente conhecer tal homem e não em sê-lo. Ele continua falando que para que não se ensoberbecesse com a grandeza das revelações foi-lhe dado um espinho na carne. Se o arrebatamento ao paraíso fosse realmente com Paulo ele o teria dito explicitamente. O texto não nos dá clareza suficiente para o argumento empregado pelo pastor Ciro Sanches. O argumento de que o Apóstolo falou que conhecia um homem por causa de sua humildade ou modéstia não condiz com o contexto imediatamente precedente em que Paulo explicitamente mostra a superioridade de seu ministério.

2.     O SENHOR PREDESTINOU TODA A HUMANIDADE PARA A SALVAÇÃO?

O Senhor conheceu – antes da fundação do mundo – todos os pecadores (Rm 5.8). E, como veremos, à luz das Escrituras, Ele predestinou, em Cristo, toda a humanidade para a salvação (Rm 11.32; 6.23; 2Pe 2.3). Deus não se vale de sua presciência para salvar ou condenar alguém. Jesus sabia que Judas era ‘um diabo’; mesmo assim, chamou-o para fazer parte dos doze apóstolos (Jo 6.70) [E.Q.P.J.P, p.105, grifo meu].

No excerto supracitado, o pastor Ciro incorre no erro de dizer que o Senhor predestinou toda a humanidade para a salvação. Se fosse assim, ninguém se perderia e todos seriam salvos. É um erro muito mais absurdo do que dizer que Deus predestinou uns para a salvação e outros para a condenação eternas. Imagino que o pastor Ciro não acredite no que escreveu, quero acreditar que foi apenas um escorregão muito grave que cometeu. Deus deseja que todos sejam salvos (1Tm.2:4), mas nem todos se salvarão .

3.     A ARMADILHA DA PRESCIÊNCIA
O pastor Ciro Sanches, por falta de conhecimento no assunto, cai na terrível rede da Presciência Divina. Para qualquer estudioso, Não Calvinista, que se aprofunde no assunto, é uma “pedra no sapato”, mas a solução desse intrincado problema é apresentada no artigo (TEORIA DAS RAMIFICAÇÕES CONTINGENTES: Resolvendo o Problema da Presciência Divina). Uma dica que deixarei para o pastor Ciro é que só opine em assuntos que domine. Se não cai em armadilhas teológicas como esta.

Deus sempre soube o fim antes do começo (Is 46.10). Contudo, isso não significa que Ele tenha condenado de antemão uns à salvação e outros à perdição. A predestinação está relacionada com o plano redentor idealizado por Deus, o qual se estende a todos os seres humanos que crerem no Senhor Jesus (Jo 3.16).
Por sua presciência, Deus conhece os que o rejeitarão. Mesmo assim, não interfere, uma vez que dotou o ser humano de livre-arbítrio; ele não viola esse princípio. Embora essa faculdade esteja grandemente prejudicada pelos efeitos do pecado, o homem tem, sim, como veremos, a capacidade de escolher entre o bem e o mal. Ele não é um ser autômato, um robô, um fantoche, mas um ser responsável por seus atos [E.Q.P.J.P., p.105].

Mais uma vez, como quase todos fazem, tentou articular a relação entre a presciência de Deus e o Livre-Arbítrio. Na verdade, o Problema da Presciência tem deixado os Arminianos esperneando feito cabritos. O Livre-Arbítrio Arminiano está errado, assim como a Doutrina da Predestinação. (Ler artigos: POR QUE NÃO ACREDITO NEM NA PREDESTINAÇÃO NEM NO LIVRE-ARBÍTRIO, LIVRE-ARBÍTRIO: OS ERROS DE ARMÍNIO e A INCONSISTÊNCIA DA PREDESTINAÇÃO CALVINISTA).
Dizer que Deus conhece os que o rejeitarão, mas não interfere, pois o ser humano tem o Livre-Arbítrio não resolve o problema de maneira nenhuma. Isso é apenas uma desconversa para não dizer que com a doutrina arminiana do livre-arbítrio a presciência é impossível.

4.     O QUE É A FILOSOFIA?

Diz o Ciro Sanches: “A filosofia é uma ciência” (p.117).
Erro bobo dizer que Filosofia é uma Ciência. Filosofia é uma coisa e Ciência é outra.
Ciro Sanches, fazendo jus aos “sábios” da época de Sócrates, na Grécia Antiga, não digeriu a máxima do Filósofo, “Conhece-te a ti mesmo” [3], que significa conhecer as limitações de suas habilidades. O pastor Ciro é um ótimo analista bíblico, mas pensa que é mais do que isso e fala do que não conhece, usa a popular Falácia do Espantalho, em que cria uma “filosofia” ao seu bel prazer e a analisa como se fosse a verdadeira e milenar Filosofia. É certo que a Filosofia tem suas glórias e seus infortúnios, mas o pastor Ciro não fala deles. Ele critica a figura de “filosofia” que esboçou em sua própria mente. Não dê passos maiores que as pernas, pastor, e medite na máxima de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.
Falácia do Espantalho (ou Falácia do Homem de Palha) é o argumento em que a pessoa distorce os argumentos de outrem, tornando-os mais facilmente refutáveis. É como criar um boneco de palha do adversário e lutar contra ele e fazer com que os espectadores pensem que está combatendo o adversário e não o seu boneco.

5.     É DA NATUREZA DA FILOSOFIA NÃO SE CONFORMAR COM VERDADES ÚNICAS, DEFINITIVAS, RÍGIDAS E ESTÁTICAS?

Sabemos que é da natureza da filosofia não se conformar com respostas únicas, definitivas, rígidas, estáticas, como: ‘Todos são pecadores’ ou ‘Jesus é o único caminho para a vida eterna’. É função da filosofia dizer o contrário, sempre, haja vista sua riqueza residir na pluralidade, na valorização do questionamento e na problematização [E.Q.P.J.P., p.118].

O que falaremos dos filósofos cristãos Patrísticos e Escolásticos? Homens de Deus que, à luz da razão, tomaram como base, principalmente, a filosofia "pagã" antiga de Platão e Aristóteles para dar uma base “apologética” ao Evangelho. Eles criam, verdadeiramente, nas Verdades Bíblicas que o pastor Ciro diz que um filósofo não crê, pois é contrário à função do seu espantalho de filosofia.
É um erro grosseiro dizer que a Filosofia não se conforma com respostas definitivas, rígidas e estáticas.
O filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, em suas aulas do Seminário de Filosofia [8], tece argumentos vorazes contra a dúvida metódica cartesiana, afirmando que qualquer dúvida que tivermos estará alicerçada numa montanha de certezas. Afirma ele que a dúvida metódica cartesiana é impossível. E o pastor Ciro está baseando sua ideia de Filosofia, talvez por observar os acadêmicos brasileiros que se intoxicam dessa “filosofia moderna” que macula a verdadeira Filosofia, que é o amor à Verdade, e em última instância, o amor ao próprio Cristo. O próprio Silogismo Aristotélico, símbolo da lógica, é uma análise racional ancorada num conhecimento que, de forma alguma, pode ser deduzido. Todo Silogismo tem que estar baseado na verdade das realidades existentes e, em sua obra, Aristóteles tece páginas e páginas sobre isso que chegam a se tornar até prolixas e maçantes. As duas premissas do silogismo, a primeira geral e a segunda particular, não podem ser deduzidas, mas percebidas através de seu confronto com a realidade. Ou seja, a verdade, na Filosofia e no seu campo mais racional, que é a Lógica, está ancorada em premissas não lógicas, mas reais.
A valorização do questionamento e da problematização de que fala o pastor Ciro, apesar de, na filosofia moderna, o que ele disse ter um fundo de verdade, é apenas um instrumento de apreensão da realidade, porém existem vários meios de a apreendermos que não precisam passar pelo crivo da razão. Um exemplo é o caso da simples apreensão e o conhecimento por presença [8].

6.      SÓCRATES COMETEU SUICÍDIO?

Falando sobre Sócrates, o pastor Ciro declara:
 “O humanismo foi o legado que deixou antes de se suicidar, em 399 a.C., em Atenas” [E.Q.P.J.P., p.119].
Pastor Ciro Sanches, leia o livro Fedon (de Platão), que documenta a morte do filósofo Sócrates, antes de escrever asneiras absurdas em seus livros!!!
Sócrates não se suicidou, ele foi condenado a beber cicuta (veneno proveniente de planta do mesmo nome) [4], recebeu pena de morte por falsas acusações que sofreu [3]. No tribunal ainda tentou defender-se, mas, no sufrágio, foi injustamente derrotado [3]. Nos seus últimos momentos de vida, pregou sobre a doutrina da imortalidade da alma e de um futuro bom para os justos, no Hades, e um futuro ruim para os corruptos [4]. Desejou ir par a outra vida assim como desejou também o Apóstolo Paulo, “Porquanto, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz frutos para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estrou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne” (Fl.1:21-24)., mas pregou veementemente, no último dia de vida, contra o suicídio [4]. Portanto, essa afirmação do pastor Ciro é completamente falsa, mentirosa e maldosa. Queres jogar a Igreja de Cristo contra a Filosofia através de mentiras, Ciro Sanches?
Logo no início do Fedon, ele argumenta: Sócrates, no dia de sua iminente morte, era um homem “feliz, tanto na maneira de comportar-se como na de conversar, tal era a tranquila nobreza que havia no seu fim. E isso, de tal modo que me dava a impressão, ele que devia encaminhar-se para as regiões do Hades, de para lá se dirigir auxiliado por um concurso divino, e de ir encontrar no além, uma vez chegado, uma felicidade tal como ninguém jamais conheceu!” [7, p.58,59]. Todos ficaram espantados com a certeza e convicção daquele homem sobre a imortalidade da alma. Ele estava muito feliz por ser condenado à morte pois, no Hades, se encontraria com grandes sábios, poetas, heróis e “deuses”. [3] [4].
Ele estava muito feliz na expectativa de encontrar uma vida melhor no outro mundo, assim como o Apóstolo Paulo também estava. Mas, mesmo querendo partir para o outro mundo, pregou contra o suicídio, em seus últimos momentos de vida a ponto de seu amigo Cebes perguntar-lhe:
“Como podes dizer, Sócrates, que não é permitido fazer violência contra si mesmo, e, por outro lado, que o filósofo não deseja nada melhor do que poder seguir aquele que morre?
[...] Dize-nos pois, Sócrates, por que motivo se pode certamente negar que seja coisa permitida o suicídio?” [7, p.62, grifo meu].
Todos estavam se questionando por que Sócrates falava que era melhor morrer e receber as bem-aventuranças do além-vida e não ser permitido o suicídio para o amante da sabedoria.
No livro Apologia de Sócrates (de Platão), está documentado o julgamento e a condenação de Sócrates à morte por causa de falsas acusações. E o livro Fédon (de Platão) relata seus últimos momentos antes de ser obrigado a beber veneno. Sócrates, preso, recebeu, do carrasco uma taça com o veneno. E ao bebê-lo, choraram-lhe os amigos, e Sócrates os repreendeu, começou a ficar frio e enrijecer-se até que morreu.
Portanto a afirmativa do pastor Ciro Sanches Zibordi sobre o suposto Suicídio de Sócrates é inteiramente FALSA.

7.      CIRO SANCHES NÃO SABE O QUE É UM SILOGISMO
Quero, de antemão, pedir desculpas e paciência aos leitores pela maçante definição de silogismo, algumas precauções aristotélicas e shopenhauerianas sobre a dedução e a dialética e a refutação pormenorizada que fizemos. Mas isso é necessário devido os gigantescos absurdos que cometeu o pastor Ciro aos escrever o capítulo 6 do livro Evangelhos que Paulo jamais pregaria: USE A CABEÇA, MAS NEM TANTO: Evangelho Filosófico.
No tópico “Não tem lógica confiar na lógica” [1, p.120, grifo meu], o pastor Ciro comete a terrível gafe de colocar baboseiras absurdas, dizendo serem silogismos. Ele nunca nem sequer tentou pesquisar o que é um Silogismo.
Vejamos o que diz Aristóteles, o Pai da Lógica, sobre Silogismo (do grego, σιλλογισμος) que significa dedução, no primeiro capítulo de seu livro Tópicos:
“O silogismo é demonstração quando procede de premissas verdadeira e primárias ou tais que tenhamos extraído o nosso conhecimento original delas através de premissas primárias e verdadeiras” [5, p. 347, 348]. Então, vemos que o Silogismo tem que estar sustentado em premissas verdadeiras, esta é a condição inicial. Aristóteles, tanto no Tópicos, quanto no Analíticos Antariores faz uma série de precauções contra a falsidade dos silogismos, coisa que o pastor Ciro nem sequer ouviu falar, quanto mais ler.
Aristóteles fala dos falsos silogismos, ainda no primeiro capítulo do Tópicos, que são aqueles baseados em suposições peculiares não verdadeiras[5].
Vejamos um exemplo de Silogismo:
Se todos os homens são mortais e todos os australianos são homens, então todos os australianos são mortais.” [6, p.370, grifo nosso].
De acordo com [6], para ser Silogismo, precisa haver o condicional “Se” e as duas primeiras proposições devem estar ligadas por um conectivo “e”. Se isso não ocorrer o argumento não é silogístico.
Vejamos, esquematicamente, a forma correta de Silogismo. Bem diferente dos supostos “silogismos” do pastor Ciro, que nunca, sequer, abriu o Google para pesquisar o que é um Silogismo e fala do que não sabe e nem entende.
Se todo o M é P
E todo o S é M
Então todo o S é P
Trata-se de uma forma silogística correta, mas moderna. A correspondente forma silogística usada por Aristóteles é:
Se A é predicado (é verdadeiro) de todo o B
E B é predicado (é verdadeiro) de todo o C
Então A é predicado (é verdadeiro) de todo o C [6, p. 370].

No livro 1, cap. 4 do Analíticos Antariores, Aristóteles descreve a estrutura de um silogismo: "se A é predicado de todo B e B é predicado de todo C, A terá necessariamente que ser predicado de todo C" [5, p. 116].

Vejamos algumas baboseiras que o pastor Ciro chama de Silogismo:

I
“Todos os homens são mortais.
Os gregos são homens.
Logo, os gregos são mortais” (E.Q.P.J.P., p.120).
No caso supracitado faltaram a condicional “Se” e o conectivo “e”. Portanto não se caracteriza um silogismo.

II
O dono de um banco é uma pessoa muito rica.
Conheço um mendigo que tem um banco.
Logo, tal mendigo é rico.

Qual é o problema desse último silogismo? As proposições estão corretas, mas o significado da palavra ‘banco’ é diferente. Na primeira premissa, faz alusão a uma instituição bancária; na segunda, a um assento. Como se vê, a lógica humana se mostra falha quando não se conhece o significado. (p.120,121).

Outro ponto a ser atentado é o fato do pastor Ciro colocar, num “silogismo”, termos Equivocos (ou Homônimos). É um cuidado que Aristóteles advertiu, fortemente, que atentássemos em praticamente todo o Órganon (Obra de Lógica de Aristóteles). Mas o pastor Ciro não sabe disso, coitado, e quer cuspir opiniões. E Arthur Schopenhauer adverte para termos cuidado com a Homonímia [7, p. 48-50] em deduções lógicas. Ou seja, se as proposições iniciais não forem verdadeiras o silogismo se torna inválido. Termos Homônimos têm o mesmo nome, mas são coisas completamente diferentes, como o caso supracitado pelo pastor Ciro sobre Banco. Um filósofo não é tão burro que caia em “cascas de banana” como estas. Mas o pastor Ciro acredita que os Filósofos são assim e combate essa sua ideia equivocada de Filosofia. Malícia ou não, eu não sei. Sei apenas que o pastor Ciro foi muito leviano ao falar de Filosofia e Lógica, coisas que não conhece e se não conhece fique calado e não deturpe a imagem alheia.

III

“Todos os gatos possuem quatro patas.
Meu cachorro possui quatro patas.
Logo, meu cachorro é um gato” (p.120).

Já vimos que este exemplo também não é silogismo de forma alguma, pois falta o condicional “Se” e o conectivo “e” e não obedece a forma, estrutura, de um silogismo corretamente.
Vemos, na primeira assertiva, que ele coloca um predicado geral para todos os sujeitos da espécie gato, que temos que verificar se realmente é verdadeiro. Faltou o “Se”.
Na segunda, o correto seria: “E se meu cahorro é um gato”, a conclusão seria: “então meu cachorro tem quatro patas”. O pastor Ciro inverte os termos da segunda assertiva, inocente ou maliciosamente. Isso não é Silogismo é uma falácia lógica.
No exemplo das patas, o pastor Ciro coloca dois sujeitos de espécies diferentes para um mesmo predicado, ter quatro patas, o que é absurdo e não se caracteriza silogismo de maneira alguma. E ainda diz que a conclusão é que os sujeitos de espécies diferentes são da mesma espécie. Tenhamos santa paciência com tanta burrice.

IV
Deus amou o mundo.
O mundo jaz no maligno.
Logo, Deus amou o maligno.
[...] Viu como é fácil torcer a mensagem contida na Palavra de Deus, quando confiamos em nosso limitado raciocínio? [E.Q.P.J.P., p. 121].

Vimos sim, pastor Ciro, vimos como o senhor não raciocina. Como já foi dito, Aristóteles argumentou fortemente para, antes de silogismos, analisarmos se os sujeitos apresentados não são Equívocos (Homônimos), e o filósofo Arthur Schopenhauer, em seu livro A Arte de ter Razão, argumenta veementemente contra o artifício erístico que chamou de Homonímia Sutil. O pastor Ciro, novamente, utiliza a Falácia do Espantalho, como não sabe Filosofia nem Lógica, cria um espantalho à luz da sua própria mente pueril e tenta combater tal Espantalho.
Outra coisa, o suposto “silogismo” supracitado não se caracteriza como silogismo de forma alguma. É mais uma salada maluca à luz da mente buliçosa do pastor Ciro Sanches.

8. OUTRAS BABOSEIRAS ACERCA DO SUPOSTO EVANGELHO FILOSÓFICO
O pastor Ciro Sanches, neste livro, se revelou o “Rei da Falácia do Espantalho”. Citou muito bem a crise sofrida pelo pastor Billy Graham [E.Q.P.J.P., p. 120,121] e atribuiu tal crise ao ceticismo que é produto de seu suposto espantalho do “Evangelho Filosófio”.
Pastor Ciro, Evangelho Filosófico foi o pregado por Agostinho e os Pais da Igreja e o de Tomás de Aquino e os Escolásticos. Esses seus paupérrimos argumentos contra “filosofia e lógica” fantásticas que só existem na sua cabeça são mentiras que o Demônio colocou na sua alma.
No tópico Pré, Pós, ou Amilenarismo? [E.Q.P.J.P, p. 124-125] ele defende a famosa e desmoralizada doutrina Dispensacionalista que já foi refutada várias vezes neste blog e em outros sites e livros.

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA SAGRADA

[1, E.Q.PJ.P.] ZIBORDI, Ciro Sanches. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. 6 ed., 2009.

[2] ZIBORDI, Ciro Sanches. Mais erros que pregadores devem evitar. 2010.

[3] PLATÃO. Apologia de Sócrates

[4] PLATÃO. Fédon

[5] ARISTÓTELES. ÓRGANON: Categoria, Da interpretação, Analíticos Anteriores, Analíticos posteriores, Tópicos, Refutações sofísticas. Tradução: Edson Bini. Bauru, SP, 2 ed., 2010.

[6] MORA, José Ferrater. Dicionário de filosofia. Tradução: Antônio José Massano e Manuel J. Palmeirim. 5 ed., 1982.

[7] PLATÃO. Diálogos: O banquete, Fédon, Sofista, Político. Tradução: José Cavalcante de Souza, Jorge Paleikat e João Cruz Costa. 2 ed., São Paulo: Abril Cultural, 1979.


[8] CARVALHO, Olavo de. Seminário de Filosofia. Disponível em: < http://www.seminariodefilosofia.org/aulas-001-a-100/>. 

Comentários