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Autor:
THALYSSON DE MOURA
Este é o primeiro
artigo da Série: Erros que o Pastor Ciro
Sanches Deve Evitar.
Geralmente
quem quer criticar alguém começa com um prólogo de elogios, fazendo jus ao
provérbio “O homem que lisonjeia a seu
próximo arma-lhe uma rede diante de seus passo” (Pv.29:5). Não tenho más
intensões contra o pastor Ciro Sanches
Zibordi, pois aprendi muito com ele, sou um grande admirador de algumas de suas
obras apologéticas. Mas quero mostrar que mesmo um grande homem de Deus,
inteligente e competente pode cometer erros grosseiros e até mentir
descaradamente. Quero prevenir também a CIROLATRIA que está se alastrando no seio da
Igreja, muitos estão crendo que o pastor Ciro é a bússola inerrante e creio que ele não se agradaria muito disso.
Quero deixar bem claro que o pastor Ciro
teve um papel fundamental de purgação das pregações evangélicas brasileiras que
se encontravam mergulhadas num terrível lodo de heresias. Deus abençoe o pastor
Ciro Sanches e que ele continue servindo como instrumento nas Suas mãos, mas
que também tenha humildade para dar opinião apenas sobre o que estudou.
1.
O
APÓSTOLO PAULO FOI ARREBATADO AO TERCEIRO CÉU?
Ciro Sanches afirma, em seu livro Evangelhos que Paulo jamais pregaria,
que o Apóstolo Paulo estivera no terceiro céu e não “recebera autorização do
Senhor para falar do que havia visto e
ouvido no Paraíso” [E.Q.P.J.P., p. 16]. Fala também que Paulo esteve na
Universidade do Terceiro Céu [E.Q.P.J.P., p. 20], “Deus o arrebatou ao Paraíso,
no terceiro céu” [E.Q.P.J.P., p. 27].
Nos versículos (2Co.12:2-4), Paulo fala que conheceu um homem que foi arrebatado ao terceiro céu e não que esse
homem era ele.
Muitos dizem que foi um ato de humildade
de Paulo dizer que conheceu um homem e não que esse homem era ele mesmo. O
próprio pastor Ciro diz que foi um ato de modéstia: “Muitos, não atentando para
o fato de ter usado de modéstia, pensam que estava falando de outra pessoa” [E.Q.P.J.P.,
p.27].
Será mesmo que Paulo estava usando de
modéstias, ou falou desse outro homem porque era realmente outro e não ele
mesmo? Notaremos que esse argumento do pastor Ciro é muito inconsistente e que
ele está seguindo a opinião da maioria dos teólogos e não a Verdade Bíblica.
Peço que o pastor Ciro leia o título do capítulo 4 de seu livro Mais erros que pregadores devem evitar que
diz: Não ultrapasseis o que está escrito
(1Co.4:6). Se Paulo foi ao terceiro céu não sabemos, mas que ele tenha dito que
foi, isso ele não disse jamais.
Paulo mostra algumas vezes que foi
superior até aos próprios apóstolos que andaram com Cristo, mostrando sua
autoridade, defendendo o seu apostolado (1Co.9), defende sua autoridade em
(2Co.10-12). O Apóstolo fora criticado e defendeu-se, procurou defender sua
autoridade diante de presunçosos falsos apóstolos (2Co.10-13). Paulo não se
sentia inferior a tais falsos apóstolos, se considerando menos eloquente do que
eles, mas não menos sábio (2Co.11:4-6). Continuaria sustentando,
financeiramente, a si próprio para que os falsos apóstolos não se gloriassem
dizendo serem iguais a ele (2Co.11:12-15). Vejam a eloquente justificativa de
Paulo contra os falsos apóstolos hebreus em (2Co.11:22-33), mostrando sua superioridade em servir a Cristo: trabalhou pra Cristo muito mais, encarcerado
mais vezes, açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes, cinco
vezes recebeu dos judeus 39 açoites, três vezes golpeado com varas, uma vez
apedrejado, três vezes sofreu naufrágio, um dia e uma noite exposto à fúria do
mar, enfrentou perigos das inúmeras viagens, de rios, assaltantes, perigo dos
compatriotas, dos gentios, perigos na cidade, no deserto, no mar, enfrentou
falsos irmãos. Trabalhou arduamente, muitas vezes sem dormir, passou fome e
sede, frio, nudez. Sem falar nas pressões psicológicas no ministério se
preocupando com todas as Igrejas. Paulo
não usou de modéstia em (2Co.11:22-33). Por que no versículo subsequente
mudaria tão abruptamente seu discurso? Não fazem sentidos os argumentos do
pastor Ciro a esse respeito. Paulo
fala que era um ministro ainda maior do que tais falsos apóstolos (2Co.11:23).
Como pode o pastor Ciro falar que Paulo esta usando de modéstia? Será que ele
pulou estes textos, se esqueceu, ou fez abstração deles?
Em (2Co.12:1-6), Paulo fala que
continuaria se gloriando nas visões e revelações do Senhor. Continua falando
que conheceu um homem que foi ao terceiro Céu e que se gloriaria nesse evento.
Paulo se gloriou bastante da sua obra evangelística e das adversidades sofridas
(2Co.11). Por que, se esse homem que foi arrebatado ao paraíso fosse ele, Paulo
mudaria o discurso de autodefesa dizendo que esse home era outrem? Só se
realmente esse homem fosse outrem. Paulo se gloriou em tão somente conhecer tal
homem e não em sê-lo. Ele continua falando que para que não se ensoberbecesse
com a grandeza das revelações foi-lhe dado um espinho na carne. Se o arrebatamento ao paraíso fosse realmente com
Paulo ele o teria dito explicitamente. O texto não nos dá clareza suficiente
para o argumento empregado pelo pastor Ciro Sanches. O argumento de que o
Apóstolo falou que conhecia um homem por causa de sua humildade ou modéstia não
condiz com o contexto imediatamente precedente em que Paulo explicitamente
mostra a superioridade de seu ministério.
2.
O
SENHOR PREDESTINOU TODA A HUMANIDADE PARA A SALVAÇÃO?
O Senhor conheceu – antes da fundação do
mundo – todos os pecadores (Rm 5.8). E, como veremos, à luz das Escrituras, Ele predestinou, em Cristo, toda a humanidade para a salvação (Rm 11.32;
6.23; 2Pe 2.3). Deus não se vale de sua presciência para salvar ou condenar
alguém. Jesus sabia que Judas era ‘um diabo’; mesmo assim, chamou-o para fazer
parte dos doze apóstolos (Jo 6.70) [E.Q.P.J.P, p.105, grifo meu].
No excerto supracitado, o pastor
Ciro incorre no erro de dizer que o
Senhor predestinou toda a humanidade para a salvação. Se fosse assim,
ninguém se perderia e todos seriam salvos. É um erro muito mais absurdo do que
dizer que Deus predestinou uns para a salvação e outros para a condenação
eternas. Imagino que o pastor Ciro não acredite no que escreveu, quero
acreditar que foi apenas um escorregão muito grave que cometeu. Deus deseja que
todos sejam salvos (1Tm.2:4), mas nem todos se salvarão .
3.
A
ARMADILHA DA PRESCIÊNCIA
O pastor Ciro Sanches, por falta de
conhecimento no assunto, cai na terrível rede da Presciência Divina. Para qualquer estudioso, Não Calvinista, que se
aprofunde no assunto, é uma “pedra no sapato”, mas a solução desse intrincado
problema é apresentada no artigo (TEORIA
DAS RAMIFICAÇÕES CONTINGENTES: Resolvendo o Problema da Presciência Divina).
Uma dica que deixarei para o pastor Ciro é que só opine em assuntos que domine. Se não cai em armadilhas
teológicas como esta.
Deus sempre soube o fim antes do começo
(Is 46.10). Contudo, isso não significa que Ele tenha condenado de antemão uns
à salvação e outros à perdição. A predestinação está relacionada com o plano
redentor idealizado por Deus, o qual se estende a todos os seres humanos que
crerem no Senhor Jesus (Jo 3.16).
Por sua presciência, Deus conhece os que
o rejeitarão. Mesmo assim, não interfere, uma vez que dotou o ser humano de
livre-arbítrio; ele não viola esse princípio. Embora essa faculdade esteja
grandemente prejudicada pelos efeitos do pecado, o homem tem, sim, como
veremos, a capacidade de escolher entre o bem e o mal. Ele não é um ser
autômato, um robô, um fantoche, mas um ser responsável por seus atos [E.Q.P.J.P.,
p.105].
Mais uma vez, como quase todos
fazem, tentou articular a relação entre a presciência de Deus e o
Livre-Arbítrio. Na verdade, o Problema da
Presciência tem deixado os Arminianos esperneando feito cabritos. O
Livre-Arbítrio Arminiano está errado, assim como a Doutrina da Predestinação.
(Ler artigos: POR QUE NÃO ACREDITO NEM NA PREDESTINAÇÃO NEM NO LIVRE-ARBÍTRIO, LIVRE-ARBÍTRIO: OS ERROS DE ARMÍNIO e A INCONSISTÊNCIA DA PREDESTINAÇÃO CALVINISTA).
Dizer que Deus conhece os que o
rejeitarão, mas não interfere, pois o ser humano tem o Livre-Arbítrio não
resolve o problema de maneira nenhuma. Isso é apenas uma desconversa para não
dizer que com a doutrina arminiana do livre-arbítrio a presciência é
impossível.
4.
O
QUE É A FILOSOFIA?
Diz o Ciro Sanches: “A filosofia é uma ciência” (p.117).
Erro bobo dizer que Filosofia é uma
Ciência. Filosofia é uma coisa e Ciência é outra.
Ciro Sanches, fazendo jus aos
“sábios” da época de Sócrates, na Grécia Antiga, não digeriu a máxima do
Filósofo, “Conhece-te a ti mesmo” [3],
que significa conhecer as limitações de suas habilidades. O pastor Ciro é um
ótimo analista bíblico, mas pensa que é mais do que isso e fala do que não
conhece, usa a popular Falácia do
Espantalho, em que cria uma “filosofia” ao seu bel prazer e a analisa como
se fosse a verdadeira e milenar Filosofia. É certo que a Filosofia tem suas
glórias e seus infortúnios, mas o pastor Ciro não fala deles. Ele critica a
figura de “filosofia” que esboçou em sua própria mente. Não dê passos maiores
que as pernas, pastor, e medite na máxima de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.
Falácia
do Espantalho (ou Falácia do Homem de Palha) é o argumento
em que a pessoa distorce os argumentos de outrem, tornando-os mais facilmente refutáveis.
É como criar um boneco de palha do adversário e lutar contra ele e fazer com
que os espectadores pensem que está combatendo o adversário e não o seu boneco.
5.
É
DA NATUREZA DA FILOSOFIA NÃO SE CONFORMAR COM VERDADES ÚNICAS, DEFINITIVAS,
RÍGIDAS E ESTÁTICAS?
Sabemos que é da natureza da filosofia
não se conformar com respostas únicas, definitivas, rígidas, estáticas, como:
‘Todos são pecadores’ ou ‘Jesus é o único caminho para a vida eterna’. É função
da filosofia dizer o contrário, sempre, haja vista sua riqueza residir na
pluralidade, na valorização do questionamento e na problematização [E.Q.P.J.P.,
p.118].
O que falaremos dos filósofos
cristãos Patrísticos e Escolásticos? Homens de Deus que, à luz da razão,
tomaram como base, principalmente, a filosofia "pagã" antiga de Platão e
Aristóteles para dar uma base “apologética” ao Evangelho. Eles criam,
verdadeiramente, nas Verdades Bíblicas que o pastor Ciro diz que um filósofo
não crê, pois é contrário à função do seu espantalho
de filosofia.
É um erro grosseiro dizer que a
Filosofia não se conforma com respostas definitivas, rígidas e estáticas.
O filósofo brasileiro Olavo de
Carvalho, em suas aulas do Seminário de Filosofia [8], tece argumentos vorazes
contra a dúvida metódica cartesiana,
afirmando que qualquer dúvida que tivermos estará alicerçada numa montanha de
certezas. Afirma ele que a dúvida
metódica cartesiana é impossível. E o pastor Ciro está baseando sua ideia
de Filosofia, talvez por observar os acadêmicos brasileiros que se intoxicam
dessa “filosofia moderna” que macula a verdadeira Filosofia, que é o amor à
Verdade, e em última instância, o amor ao próprio Cristo. O próprio Silogismo
Aristotélico, símbolo da lógica, é uma análise racional ancorada num
conhecimento que, de forma alguma, pode ser deduzido. Todo Silogismo tem que
estar baseado na verdade das realidades existentes e, em sua obra, Aristóteles
tece páginas e páginas sobre isso que chegam a se tornar até prolixas e
maçantes. As duas premissas do silogismo, a primeira geral e a segunda
particular, não podem ser deduzidas, mas percebidas através de seu confronto
com a realidade. Ou seja, a verdade, na Filosofia e no seu campo mais racional,
que é a Lógica, está ancorada em premissas não lógicas, mas reais.
A valorização do questionamento e
da problematização de que fala o pastor Ciro, apesar de, na filosofia moderna, o que ele disse ter um fundo de verdade, é apenas um instrumento de apreensão da realidade,
porém existem vários meios de a apreendermos que não precisam passar pelo crivo
da razão. Um exemplo é o caso da simples apreensão e o conhecimento por
presença [8].
6. SÓCRATES
COMETEU SUICÍDIO?
Falando sobre Sócrates, o pastor Ciro
declara:
“O humanismo foi o legado que deixou antes de se suicidar, em 399 a.C., em Atenas” [E.Q.P.J.P., p.119].
“O humanismo foi o legado que deixou antes de se suicidar, em 399 a.C., em Atenas” [E.Q.P.J.P., p.119].
Pastor Ciro Sanches, leia o livro Fedon (de Platão), que documenta a morte
do filósofo Sócrates, antes de escrever asneiras absurdas em seus livros!!!
Sócrates
não se suicidou, ele foi condenado a beber cicuta
(veneno proveniente de planta do mesmo nome) [4], recebeu pena de morte por
falsas acusações que sofreu [3]. No tribunal ainda tentou defender-se, mas, no
sufrágio, foi injustamente derrotado [3]. Nos seus últimos momentos de vida,
pregou sobre a doutrina da imortalidade
da alma e de um futuro bom para os justos, no Hades, e um futuro ruim para
os corruptos [4]. Desejou ir par a outra vida assim como desejou também o
Apóstolo Paulo, “Porquanto, para mim, o
viver é Cristo e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz frutos
para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado,
estrou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na
carne” (Fl.1:21-24)., mas pregou
veementemente, no último dia de vida, contra o suicídio [4]. Portanto, essa afirmação do pastor Ciro é
completamente falsa, mentirosa e maldosa. Queres jogar a Igreja de Cristo
contra a Filosofia através de mentiras, Ciro Sanches?
Logo no início do Fedon, ele argumenta: Sócrates, no dia de sua iminente morte, era
um homem “feliz, tanto na maneira de comportar-se como na de conversar, tal era
a tranquila nobreza que havia no seu fim. E isso, de tal modo que me dava a
impressão, ele que devia encaminhar-se para as regiões do Hades, de para lá se
dirigir auxiliado por um concurso divino, e de ir encontrar no além, uma vez
chegado, uma felicidade tal como ninguém jamais conheceu!” [7, p.58,59]. Todos ficaram
espantados com a certeza e convicção daquele homem sobre a
imortalidade da alma. Ele estava muito feliz por ser condenado à morte pois, no
Hades, se encontraria com grandes sábios, poetas, heróis e “deuses”. [3] [4].
Ele estava muito feliz na expectativa de
encontrar uma vida melhor no outro mundo, assim como o Apóstolo Paulo também
estava. Mas, mesmo querendo partir para o outro mundo, pregou contra o suicídio, em seus últimos momentos de vida a ponto
de seu amigo Cebes perguntar-lhe:
“Como podes dizer, Sócrates, que não é
permitido fazer violência contra si mesmo, e, por outro lado, que o filósofo
não deseja nada melhor do que poder seguir aquele que morre?
[...] Dize-nos pois, Sócrates, por que motivo se pode certamente negar que
seja coisa permitida o suicídio?” [7, p.62, grifo meu].
Todos estavam se questionando por que
Sócrates falava que era melhor morrer e receber as bem-aventuranças do
além-vida e não ser permitido o suicídio para o amante da sabedoria.
No livro Apologia de Sócrates (de Platão), está documentado o julgamento e a
condenação de Sócrates à morte por causa de falsas acusações. E o livro Fédon (de Platão) relata seus últimos
momentos antes de ser obrigado a beber veneno. Sócrates, preso, recebeu, do
carrasco uma taça com o veneno. E ao bebê-lo, choraram-lhe os amigos, e
Sócrates os repreendeu, começou a ficar frio e enrijecer-se até que morreu.
Portanto a afirmativa do pastor Ciro
Sanches Zibordi sobre o suposto Suicídio
de Sócrates é inteiramente FALSA.
7.
CIRO SANCHES NÃO SABE O QUE É UM SILOGISMO
Quero, de antemão, pedir desculpas e
paciência aos leitores pela maçante definição de silogismo, algumas precauções
aristotélicas e shopenhauerianas sobre a dedução e a dialética e a refutação
pormenorizada que fizemos. Mas isso é necessário devido os gigantescos absurdos
que cometeu o pastor Ciro aos escrever o capítulo 6 do livro Evangelhos que Paulo jamais pregaria: USE A
CABEÇA, MAS NEM TANTO: Evangelho Filosófico.
No tópico “Não tem lógica confiar na lógica” [1, p.120, grifo meu], o pastor Ciro comete a terrível gafe de
colocar baboseiras absurdas, dizendo serem silogismos. Ele nunca nem sequer
tentou pesquisar o que é um Silogismo.
Vejamos o que diz Aristóteles, o Pai da
Lógica, sobre Silogismo (do grego, σιλλογισμος) que significa dedução, no primeiro capítulo de seu
livro Tópicos:
“O silogismo é demonstração quando
procede de premissas verdadeira e primárias ou tais que tenhamos extraído o
nosso conhecimento original delas através de premissas primárias e verdadeiras”
[5, p. 347, 348]. Então, vemos que o Silogismo tem que estar sustentado em
premissas verdadeiras, esta é a condição inicial. Aristóteles, tanto no Tópicos, quanto no Analíticos Antariores faz uma série de precauções contra a falsidade
dos silogismos, coisa que o pastor Ciro nem sequer ouviu falar, quanto mais
ler.
Aristóteles fala dos falsos silogismos, ainda no primeiro
capítulo do Tópicos, que são aqueles
baseados em suposições peculiares não
verdadeiras[5].
Vejamos um exemplo de Silogismo:
“Se
todos os homens são mortais e todos
os australianos são homens, então
todos os australianos são mortais.” [6, p.370, grifo nosso].
De acordo com [6], para ser Silogismo,
precisa haver o condicional “Se” e
as duas primeiras proposições devem estar ligadas por um conectivo “e”. Se isso não ocorrer o argumento não
é silogístico.
Vejamos, esquematicamente, a forma
correta de Silogismo. Bem diferente dos supostos “silogismos” do pastor Ciro,
que nunca, sequer, abriu o Google para
pesquisar o que é um Silogismo e fala do que não sabe e nem entende.
Se
todo o M é P
E
todo o S é M
Então
todo o S é P
Trata-se
de uma forma silogística correta, mas moderna. A correspondente forma
silogística usada por Aristóteles é:
Se
A é predicado (é verdadeiro) de todo o B
E
B é predicado (é verdadeiro) de todo o C
Então
A é predicado (é verdadeiro) de todo o C [6, p. 370].
No livro 1, cap. 4 do Analíticos Antariores, Aristóteles descreve a estrutura de um silogismo: "se A é predicado de todo B e B é predicado de todo C, A terá necessariamente que ser predicado de todo C" [5, p. 116].
Vejamos algumas baboseiras que o pastor Ciro chama de Silogismo:
Vejamos algumas baboseiras que o pastor Ciro chama de Silogismo:
I
“Todos os homens são mortais.
Os gregos são homens.
Logo, os gregos são mortais” (E.Q.P.J.P.,
p.120).
No caso supracitado faltaram a
condicional “Se” e o conectivo “e”. Portanto não se caracteriza um
silogismo.
II
O dono de um
banco é uma pessoa muito rica.
Conheço um
mendigo que tem um banco.
Logo, tal
mendigo é rico.
Qual é o
problema desse último silogismo? As proposições estão corretas, mas o
significado da palavra ‘banco’ é diferente. Na primeira premissa, faz alusão a
uma instituição bancária; na segunda, a um assento. Como se vê, a lógica humana
se mostra falha quando não se conhece o significado. (p.120,121).
Outro ponto a ser atentado é o fato do
pastor Ciro colocar, num “silogismo”, termos Equivocos (ou Homônimos). É um cuidado que Aristóteles advertiu,
fortemente, que atentássemos em praticamente todo o Órganon (Obra de Lógica de Aristóteles). Mas o pastor Ciro não sabe
disso, coitado, e quer cuspir opiniões. E Arthur Schopenhauer adverte para
termos cuidado com a Homonímia [7, p.
48-50] em deduções lógicas. Ou seja, se as proposições iniciais não forem
verdadeiras o silogismo se torna inválido. Termos Homônimos têm o mesmo nome, mas são coisas completamente
diferentes, como o caso supracitado pelo pastor Ciro sobre Banco. Um filósofo não é tão burro que caia em “cascas de banana”
como estas. Mas o pastor Ciro acredita que os Filósofos são assim e combate
essa sua ideia equivocada de Filosofia. Malícia ou não, eu não sei. Sei apenas
que o pastor Ciro foi muito leviano ao falar de Filosofia e Lógica, coisas que
não conhece e se não conhece fique calado e não deturpe a imagem alheia.
III
“Todos os gatos possuem quatro patas.
Meu cachorro possui quatro patas.
Logo, meu cachorro é um gato” (p.120).
Já vimos que este exemplo também não é
silogismo de forma alguma, pois falta o condicional “Se” e o conectivo “e” e
não obedece a forma, estrutura, de um silogismo corretamente.
Vemos, na primeira assertiva, que ele
coloca um predicado geral para todos os sujeitos da espécie gato, que temos que
verificar se realmente é verdadeiro. Faltou o “Se”.
Na segunda, o correto seria: “E se meu cahorro é um gato”, a
conclusão seria: “então meu cachorro tem
quatro patas”. O pastor Ciro inverte os termos da segunda assertiva,
inocente ou maliciosamente. Isso não é Silogismo é uma falácia lógica.
No exemplo das patas, o pastor Ciro
coloca dois sujeitos de espécies diferentes para um mesmo predicado, ter quatro
patas, o que é absurdo e não se caracteriza silogismo de maneira alguma. E
ainda diz que a conclusão é que os sujeitos de espécies diferentes são da mesma
espécie. Tenhamos santa paciência com tanta burrice.
IV
Deus amou o
mundo.
O mundo jaz no
maligno.
Logo, Deus amou
o maligno.
[...] Viu como é
fácil torcer a mensagem contida na Palavra de Deus, quando confiamos em nosso
limitado raciocínio? [E.Q.P.J.P., p. 121].
Vimos sim, pastor Ciro, vimos como o
senhor não raciocina. Como já foi dito, Aristóteles argumentou fortemente para,
antes de silogismos, analisarmos se os sujeitos apresentados não são Equívocos (Homônimos), e o filósofo
Arthur Schopenhauer, em seu livro A Arte
de ter Razão, argumenta veementemente contra o artifício erístico que chamou de Homonímia Sutil. O pastor Ciro,
novamente, utiliza a Falácia do
Espantalho, como não sabe Filosofia nem Lógica, cria um espantalho à luz da
sua própria mente pueril e tenta combater tal Espantalho.
Outra coisa, o suposto “silogismo”
supracitado não se caracteriza como silogismo de forma alguma. É mais uma
salada maluca à luz da mente buliçosa do pastor Ciro Sanches.
8. OUTRAS
BABOSEIRAS ACERCA DO SUPOSTO EVANGELHO FILOSÓFICO
O pastor Ciro Sanches, neste livro, se
revelou o “Rei da Falácia do Espantalho”. Citou muito bem a crise sofrida pelo
pastor Billy Graham [E.Q.P.J.P., p. 120,121] e atribuiu tal crise ao ceticismo
que é produto de seu suposto espantalho do “Evangelho Filosófio”.
Pastor Ciro, Evangelho Filosófico foi o
pregado por Agostinho e os Pais da Igreja e o de Tomás de Aquino e os
Escolásticos. Esses seus paupérrimos argumentos contra “filosofia e lógica”
fantásticas que só existem na sua cabeça são mentiras que o Demônio colocou na
sua alma.
No tópico Pré, Pós, ou Amilenarismo? [E.Q.P.J.P, p. 124-125] ele defende a famosa e desmoralizada doutrina Dispensacionalista que já foi refutada várias vezes neste blog e em outros sites e livros.
No tópico Pré, Pós, ou Amilenarismo? [E.Q.P.J.P, p. 124-125] ele defende a famosa e desmoralizada doutrina Dispensacionalista que já foi refutada várias vezes neste blog e em outros sites e livros.
BIBLIOGRAFIA
BÍBLIA SAGRADA
[1,
E.Q.PJ.P.] ZIBORDI, Ciro Sanches. Evangelhos
que Paulo jamais pregaria. 6 ed., 2009.
[2]
ZIBORDI, Ciro Sanches. Mais erros que
pregadores devem evitar. 2010.
[3]
PLATÃO. Apologia de Sócrates
[4]
PLATÃO. Fédon
[5]
ARISTÓTELES. ÓRGANON: Categoria, Da
interpretação, Analíticos Anteriores, Analíticos posteriores, Tópicos,
Refutações sofísticas. Tradução: Edson Bini. Bauru, SP, 2 ed., 2010.
[6]
MORA, José Ferrater. Dicionário de
filosofia. Tradução: Antônio José Massano e Manuel J. Palmeirim. 5 ed.,
1982.
[7]
PLATÃO. Diálogos: O banquete, Fédon,
Sofista, Político. Tradução: José Cavalcante de Souza, Jorge Paleikat e
João Cruz Costa. 2 ed., São Paulo: Abril Cultural, 1979.
[8]
CARVALHO, Olavo de. Seminário de
Filosofia. Disponível em: < http://www.seminariodefilosofia.org/aulas-001-a-100/>.
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